Nota 08: Nós Somos Amigos

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Após todos aqueles acontecimentos da noite anterior, Fabrício resolve faltar dois dias na escola para tentar repensar nas ações que ele poderia fazer, e seus pais aceitaram essa decisão sem muitos questionamentos, por conta de toda aquela situação que estava acontecendo.

Ler aquele arquivo PDF realmente havia feito ele ficar em um estado ainda pior. Seus pensamentos eram consumidos exclusivamente pela sombra daquela criatura misteriosa que parecia estar caçando-o implacavelmente.

Ele tinha consciência de que precisava de ajuda, mas hesitava em compartilhar o arquivo com qualquer outra pessoa. Sabia que, se alguém mais visse aquele conteúdo, estaria assinando sua própria sentença de condenação. Não estava disposto a arriscar a vida de seus amigos da escola, não importando o quão próxima fosse a amizade.

Embora Fabrício desejasse ardentemente resolver a situação por conta própria, sabia que a tarefa era quase impossível. A sensação de impotência o atormentava.

Enquanto isso, em sua casa, seus pais, Eliza e Jader, afundavam-se em um ciclo de culpa e brigas intermináveis. A busca incessante por um culpado pelo desaparecimento de Michelini estava corroendo a família.

Fabrício tentou compartilhar com eles a existência de ARAJA, mas seus pais rejeitaram veementemente a ideia. Para eles, aquilo não passava de lendas urbanas, e negavam qualquer possibilidade de realidade nesse conto sombrio.

O fato de que não havia menção da criatura nas redes sociais contribuía para a descrença deles. As pesquisas nos mecanismos de busca não revelavam qualquer vestígio do que Fabrício testemunhara. Até mesmo o link que ele vira no dia anterior havia desaparecido da internet, como se nunca tivesse existido.

A ausência de provas nas mídias sociais levou seus pais a duvidar da sanidade de Fabrício, rotulando-o como paranoico e delirante.

Diante desse cenário, o garoto desistiu de tentar convencê-los e assim ele deposita sua esperança na polícia, uma vez que havia imagens das câmeras de segurança da farmácia. No entanto, a tentativa de obter respostas dos vídeos que Marque havia capturado em seu celular fracassou. Os vídeos haviam desaparecido de forma inexplicável, tornando-se um conjunto inexistente de evidências.

A falta de cooperação da polícia, combinada com o fato de que as câmeras de segurança na farmácia haviam misteriosamente desaparecido, levou Fabrício a crer que algo estava sendo ocultado. Uma sombra mais profunda e sinistra pairava sobre os acontecimentos.

Toda essa situação estava levando o jovem à beira da insanidade e da depressão. Desde o primeiro dia, ele tinha feito inúmeras tentativas desesperadas para convencer seus pais, e havia feito ainda mais tentativas nesses dois dias que ele faltava a escola, mas todas foram em vão. Hoje, ao fazer sua última tentativa, mais uma vez se deparou com a descrença deles. A cada negativa, ele se sentia enfraquecido, mergulhado em uma tristeza profunda. 

Cada busca por respostas parecia deixá-lo mais perdido, como se estivesse cavando um abismo sem fim. O peso de não conseguir encontrar uma saída para seus problemas, somado ao fato de as pessoas mais importantes em sua vida não conseguirem acreditar nele, o fazia sentir-se completamente isolado e tratado como um louco, tornando sua jornada ainda mais angustiante.

Diante de toda aquela situação, por ter faltado dois dias na escola, Fabrício conseguiu deixar seus amigos extremamente preocupados, já que ele não estava respondendo nenhuma mensagem em seu celular.

Assim, após aqueles dois dias, finalmente voltando a escola, Bia, Vitinho, Marque e Mari estavam extremamente preocupados com seu amigo, ele estava se deteriorando muito.

Até mesmo na sala de aula, ele escolheu um lugar distante deles, evitando qualquer contato.

Desesperados para compreender o que acontecia, eles bombardearam Fabrício com mensagens em seus celulares durante a aula, mas ele as ignorou por completo.

Na hora do recreio, Fabrício deixou a sala por último. Quando passou pela mesa dos quatro, eles o chamaram, preocupados com sua condição.

Marque - Fabrício, está tudo bem contigo?

Bia - Ei, Fabrício, fala alguma coisa!

Vitinho - Mano, o que diabos aconteceu com você?

Mari - Por favor, fala com a gente!

Fabrício simplesmente continuou andando, ignorando todas as tentativas de seus amigos de se comunicar com ele. No entanto, estava claro que algo não estava certo. Seu corpo exibia sinais de medo e pavor extremos.

Ele mal conseguia andar direito, e, quanto mais tentava esconder, mais óbvio ficava o terror que o assolava.

Depois que Fabrício saiu da sala, seus amigos começaram a discutir o que fazer a seguir.

Bia - Pessoal, isso é muito estranho. Ele ficou assim depois de ele ter ido na última terça-feira com vocês na farmácia, aconteceu alguma coisa além de vocês terem visto aqueles vídeos?

Marque - Ele disse que tinha visto o monstro perto do carro, mas quando a gente olhou para a mesma direção dele, nós não vimos nada. Acho que ele está sendo extremamente atormentado por aquela coisa.

Vitinho - Tens razão Marque, nós temos que fazer alguma coisa para falar com esse bicho

Mari - Realmente, ele não parece bem. Suas expressões, sua maneira de andar... ele está escondendo algo.

Vitinho - O pior de todo esse bagulho é que os vídeos desapareceram, e eu estou tendo um pressentimento ruim sobre tudo isso.

Bia - Que tipo de pressentimento?

Vitinho - Eu vou explicar tudo, mas primeiro, precisamos conversar com ele, AGORA!

Após esse encontro breve, os quatro amigos saíram da sala de aula e vasculharam a escola em busca de Fabrício, mas não o encontraram em lugar algum. Quando o sinal tocou, anunciando o retorno à sala de aula, eles voltaram e notaram que Fabrício havia chegado um pouco atrasado.

A pontualidade era uma característica de Fabrício, o que indicava que ele provavelmente estava fora da escola, escondido em algum lugar distante para evitar ser encontrado.

Horas se passaram, e a hora de ir embora se aproximou. Com apenas cinco minutos faltando para o sinal, todos guardaram seus materiais e planejaram ficar de olho em Fabrício para quando ele sair da sala, todos os seus amigos cercassem ele, mas ele já havia deixado a sala.

Ele havia saído mais cedo, sem que ninguém percebesse, e Bia, Mari, Vitinho e Marque também saíram apressadamente, sem serem notados, já que a maioria dos alunos estava distraída pelas conversas paralelas.

Fabrício, nesse momento, já estava sentado em seu ônibus, olhando pela janela e refletindo sobre tudo o que estava acontecendo em sua vida.

No entanto, após alguns minutos, seus amigos surgiram ao lado da janela com um pequeno caderno, no qual estava escrita a seguinte mensagem a caneta:

"Nós Somos Amigos, nós somos seus amigos! Você não está sozinho, converse conosco"

Fabrício ficou sem palavras com a cena e profundamente emocionado. Ele não esperava por esse gesto. No entanto, o tempo estava contra eles, e, após alguns segundos de terem mostrado o caderno, o ônibus começou a se mover para levar os passageiros embora.

Os quatro amigos começaram a se questionar...

Bia - Será que ele conseguiu ler?

Mari - Espero que sim, eu demorei para escrever esse textinho bonitinho na sala.

Vitinho - Fiquem de boas, tenho certeza de que ele conseguiu ler. Certo, Marque?

Marque - Sim, percebi que ele ficou sem jeito depois de ver a gente. Espero que agora ele responda as nossas mensagens e explique o que aconteceu com ele.


continua...

ARAJA - O Que Se Esconde Por Trás Das Sombras? (LIVRO 01 - Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora