Definitivamente devia ser um sinal do destino, certo? Sobre eu ter visto a sabotagem que o Igor havia causado na escola eu quero dizer. Eu tinha pensado nisso durante todo o dia anterior e eu tinha tido uma ideia genial. Sério, é a melhor ideia que eu já tive.
Então, eu não conseguia entender porque a Mari reagiu como se eu tivesse dito que planejava saltar de paraquedas do alto da Torre Eiffel.
Bem, na verdade, eu até conseguia entender, sim. Talvez fosse um plano um pouco mirabolante, mas, ok, tinha muitas chances de funcionar, na minha opinião. E, certo, eu tenho que admitir, o fato de eu ter contado para a Mari e não para o Lukas, que é a pessoa mais sensata do planeta, devia significar alguma coisa. Tipo, eu sei que ele provavelmente me daria um sermão.
— Deixa eu ver se entendi corretamente — a Mari exclamou, enquanto chegávamos a escola. Às vezes nós íamos juntas, já que morávamos perto. — Então você sabe que quem causou o blackout na escola ontem foi o Igor?
— Sim. Eu vi.
— E você pretende chantageá-lo?
— Bem... basicamente, sim... — concordei, sem-graça. Eu não tinha pensado dessa forma.
— Liza, chantagem é crime, sabia?
Céus, ela estava falando igual ao Lukas no final das contas.
— Qual é, Mari! Eu ainda estou no ensino médio. Tenho certeza que nenhum adolescente jamais foi preso por chantagear um colega de classe!
Ela estreitou os olhos na minha direção, acusadora.
— Mas é errado.
— Ei, eu não vou causar problemas de verdade para ele, você sabe disso. Eu só quero que ele preste um pouquinho de atenção em mim. Ele vai perceber rapidamente que eu sou a pessoa certa para ele — expliquei, segura.
Ou pelo menos eu esperava que parecesse. Segura, eu quero dizer. Ela me olhou com dúvida, mas não argumentou. Em vez disso ela apontou, agitada:
— Ah, olha o Lukas vindo ali. Aposto que ele vai concordar comigo! — Ela agitou os braços para chamar a atenção dele.
Virei a cabeça mais rápido que o Flash para ver o Lukas, que estava chegando com o Caio, o vizinho dele. Era difícil escolher qual dos dois era mais nerd. Provavelmente, eles estavam conversando sobre futebol europeu, como sempre. Obviamente ele viu o aceno da Mari — assim como metade dos alunos no pátio — e se despediu do Caio, vindo na nossa direção.
— Ele não vai concordar, não — sibilei para a Mari —, porque ele nem vai ficar sabendo. Você não pode contar pra ele. Não pode contar pra ninguém! — Ela arregalou os olhos para mim.
— Oi — o Lukas cumprimentou quando se aproximou o suficiente de nós. — O que houve? Onde é o incêndio?
É claro que ele estava se referindo ao alarde que a Mari tinha feito para chama-lo. Ele parou ao meu lado e me apressei em responder:
— Nada! Não está acontecendo nada. — Ele ergueu uma sobrancelha, intrigado. — É só que... a eletricidade voltou.
Apontei para uma das janelas do prédio, onde dava para ver que tinha luzes acesas no interior da sala. Ele deu uma olhada rápida para a janela, voltando os olhos para mim outra vez:
— É... eu tinha percebido... — Ele parecia genuinamente confuso.
Felizmente o sinal tocou para que nos dirigíssemos às salas de aula. Eu só precisava de uma oportunidade para colocar meu plano em ação.
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Você Já Deveria Saber
Teen FictionSer a garota excluída que se apaixona pelo cara popular. Liza estava ciente de que isso era um tremendo clichê. Mas chantagear o cara popular para que ele fingisse ser seu namorado não devia ser tão comum assim. E descobrir que os populares não são...