Capítulo 5 - Doméstico

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Acordando de novo com Kiyoomi deitado por completo em cima de suas costas, Atsumu bufou e concluiu que precisavam de uma DR urgente sobre o tema, antes que um deles acabasse com uma lesão por causa daquele jeito completamente bizarro de dormir juntos. Parecia uma versão masoquista onde ele era colocado à força como a conchinha menor.

Por sorte, o despertador do celular começou a tocar e dessa vez Kiyoomi acordou, se arrastando para o outro lado da cama e espreguiçando os braços com um estalo alto. Atsumu não sabia se achava engraçado ou fofo o quanto o outro parecia perdido assim que acordava. O rosto sereno, olhos imensos e caretas involuntárias, pouco a pouco retomando a consciência e convertendo seu rosto no semblante meio mau humorado de sempre.

"Bom dia, Omi-Omi, teve bons sonhos?"

"Bom dia, Tsumu." Disse com um bocejo enorme e as sobrancelhas franzidas como se estivesse repreendendo a si mesmo por ser assim tão amigável. Ainda meio confuso, ele começou a coçar os olhos resmungando. "Meu corpo inteiro dói."

Atsumu o olhou incrédulo. "Não me diga! Será que é porque você resolveu deitar em cima das minhas costas de novo?"

Grandes olhos negros transbordando inocencia se viraram para ele. "Desculpe."

Com a boca aberta e os olhos arregalados, Atsumu percebeu que Kiyoomi, pelo menos naquele dia, havia acordado indefeso e bondoso. Ele não perderia essa chance. Poderia ser um evento único como esses alinhamentos planetários que acontecem a cada mil anos.

"Ahh Omi-Omi, não se preocupe com isso, eu perdoo você!" Atsumu disse em sua voz mais doce, se aproximando e abraçando Kiyoomi, que se aninhou ao peito dele e simplesmente suspirou fechando os olhos.

Se gravasse aquilo, Atsumu teria material de chantagem por pelo menos uns dez anos. Ele queria continuar com esses pensamentos e dizer alguma coisa que provocasse Kiyoomi a ponto de que voltasse a ser ele mesmo mas... não conseguiu. Ele parecia tão relaxado e a sensação de tê-lo assim em seus braços era apenas tão... certa. Atsumu decidiu fechar os olhos também, afundando o rosto nos cachos negros e inspirando seu novo perfume favorito.

*

Alguns dias depois, Atsumu despertava em sua cama já acostumado ao peso de Kiyoomi sobre ele todas as manhãs. Ele até tentou pegar no sono de lado ou de peito pra cima, mas só dormia bem de bruços e pelo visto, Kiyoomi só dormia se fosse em cima dele. Era algum tipo de penitência que durava a noite e se encerrava com o ritual de apenas se abraçarem aninhados um ao outro por pelo menos cinco minutos logo que despertavam.

Atsumu estava distraído enrolando os cachos negros dele entre seus dedos, quando o celular de Kiyoomi começou a tocar. Ele aos poucos voltou à realidade, se afastando apenas o suficiente para estender o braço e pegar o aparelho. Era Aina, então ele atendeu no viva voz.

"Sakusa-san, bom dia! Te acordei?"

"Bom dia, Aina-san, já estava acordado. Como posso ajudar?"

Até a voz dele era doce e educada pela manhã. Atsumu tomou nota disso antes de se focar novamente na voz de Aina.

"Tenho boas notícias! Mandei a proposta de agenda para os próximos 15 dias no seu e-mail, mas a marca de ternos quer uma sessão de fotos hoje. Avalie se é possível e me retorne, ok? Vou ligar para o Miya-san em seguida."

"Estou aqui, Aina-san, já já te respondemos."

Silêncio completo. Atsumu engasgou, Kiyoomi voltou completamente a si desejando estrangular ele, e Aina soltou um longo porém polido 'hhhmmm' seguido de um pigarro antes de encontrar as palavras. "Okay... espero a resposta de vocês então, até mais."

[SakuAtsu] Conflito de InteressesOnde histórias criam vida. Descubra agora