[SakuAtsu] Conflito de Interesses

Capítulo 11 - Eu. Sou. Patético.

A rotina de preparação para as eliminatórias começou e o foco absoluto de todo o time era se manter na linha e dedicar cada minuto a entregar a melhor performance. Com a agenda completamente dedicada ao vôlei naquela semana, Kiyoomi olhou seu calendário no celular e ponderou como lidar com o único compromisso fora do tema principal: a assinatura do maldito contrato pré-nupcial.

Ele não tinha estômago para sequer ouvir a voz de Hideki e simplesmente faltar também geraria desgaste. Acostumado a lidar com seus problemas quase sempre sozinho, ele fazia uma careta para o próprio celular todo dia de manhã. Por sorte, Atsumu não era assim tão distraído.

"Qual o problema?"

"Não sei do que está falando." Kiyoomi devolveu virando a tela do celular para baixo e voltando a atenção para seu café.

"Estou falando dessa cara azeda que você acabou de fazer, como se seu celular fosse o chá da minha mãe." Ele foi direto ao ponto.

"É um problema meu." Ele não queria ser duro mas seu tom não foi o mais amigável.

"Sakusa Kiyoomi." Chamá-lo assim tinha mesmo algum efeito. Kiyoomi arregalou os olhos para ele com uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas. "Não existe mais problema seu." Atsumu terminou a frase com um pequeno sorriso, apenas para deixar claro que não era nenhum tipo de bronca, apenas um fato.

Apoiando os cotovelos na mesa para segurar a própria cabeça, Kiyoomi puxou os cabelos para trás e dividiu o motivo de suas preocupações. "Hideki. Ele quer a assinatura daquele contrato ridículo essa semana." Um sorriso sarcástico. "Ele disse que fez ajustes. Como se de alguma maneira eu pudesse concordar com qualquer coisa ali. Ele realmente acha que eu sou um completo incompetente, que tudo que eu faço vai dar errado e precisa de supervisão e restrições."

Aquilo soava como uma completa loucura mas depois de ver como o pai de Kiyoomi se comportou no jantar e o teor da primeira versão do contrato, Atsumu entendia o quanto era sério. O que ele não entendia era porque Kiyoomi era tão cobrado e tratado como se fosse um delinquente quando sempre foi um exemplo de disciplina dentro e fora de quadra. "Omi... porque?"

Esse porque carregava milhares de dúvidas. Kiyoomi entendia as perguntas mas não sabia nenhuma das respostas. "Eu não sei. Ele me odeia, desde sempre." Apoiando o queixo em uma das mãos, ele olhou para o vazio. "Talvez por eu não ser o que ele queria do seu único filho homem. Ou por eu não me parecer com ele em nada. Ou pelo que eu sou e ele finge aceitar. Talvez tudo isso junto."

Era difícil. Difícil de ouvir, de entender, de digerir. Atsumu só podia imaginar quanta dor Kiyoomi carregava por viver com um fardo que nunca escolheu carregar e sequer sabia porque estava sobre seus ombros. "Eu... sinto muito por tudo isso." Ele esperou que Kiyoomi focasse os olhos nele. "E a isso, me refiro ao fato de ele não enxergar quem você é e perder a chance de te conhecer de verdade."

Kiyoomi estreitou os olhos para ele, o canto de seus lábios se curvaram levemente. Seria ótimo se o resto do mundo o visse da mesma maneira que Atsumu. "Você está apaixonado. Seus argumentos não são confiáveis. Nem você."

Atsumu sorriu. Agora que o clima estava menos pesado, ele poderia tentar voltar ao grande problema em questão. "É, eu sei que não pareço ser e isso nos leva a um ponto importante: nem tudo é sobre você." Kiyoomi revirou os olhos, Atsumu foi ao ponto. "O que você quer fazer sobre isso? Podemos ir até lá, eu não me importo."

Mas Kiyoomi se importava, aquilo era exaustivo e desnecessário. Depois de mais alguns argumentos ele conseguiu convencer Atsumu de que iria resolver essa situação sozinho, não porque fosse um problema só dele, mas porque precisava fazer isso.