Capítulo 7 - Eu faria tudo por você

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Eles tentaram o melhor que puderam para se ignorar nos dias seguintes. A calmaria, enfim, começava a se estabelecer depois dos amistosos dando lugar a uma pausa na temporada antes do início das eliminatórias nacionais.

Naquele sábado, eles não tinham nenhum compromisso agendado além do treino. O orgulho ainda estava no caminho quando trocaram um bom dia polido no vestiário e cumpriram suas obrigações, fingindo estar perfeitamente bem e esperando que o outro tomasse a iniciativa.

No final do treino, Atsumu concluiu que já não aguentava mais aqueles joguinhos e se encostou no armário fechado ao lado de Kiyoomi. "Preciso lavar roupa, lavar o banheiro e visitar o Samu."

Satisfeito por não ter que ser ele a dar o primeiro passo, Kiyoomi aliviou sua carranca. "Eu tenho que fazer faxina também." Depois disso, um silêncio constrangedor se estabeleceu entre eles. Certo, era justo ele se esforçar um pouco também.

"Jantar por minha conta hoje?" Kiyoomi achou apropriado adicionar uma desculpa esfarrapada. "Afinal, eu perdi aquela aposta e não quero ficar em dívida com você."

Após vasculhar sua memória, o rosto de Atsumu se encheu de compreensão. Ele tinha quase esquecido que Kiyoomi o devia algo desde o dia em que havia bisbilhotado suas fotos. "Claro, pode ser. Vou de tarde no Samu, então estarei livre a noite. E onde o imponente e refinado Sakusa Kiyoomi vai me levar para jantar?"

Kiyoomi queria responder que o levaria para comer qualquer coisa perigosa e potencialmente envenenada em um uma das tendas do mercado municipal, mas na verdade eles estavam tentando fazer as pazes e ele não tinha ideia de onde ir. "Você vai saber na hora certa." Misterioso, parecia bom e convincente. Atsumu assobiou alto e disse que já estava ansioso.

Eles saíram do vestiário lado a lado aliviados por aparentemente estarem resolvidos, entretanto, Atsumu ainda se sentia culpado. Ele alcançou a mão de Kiyoomi, entrelaçando seus dedos aos dele e o assistiu virar o rosto para o outro lado, provavelmente para esconder um sorriso, como sempre fazia. Ele diminuiu o passo até que ambos parassem por completo, se colocando agora na frente dele. "Me desculpe por aquela noite. Você não teve culpa por eu estar exausto. Foi infantil ir deitar no sofá."

Isso era saboroso e único. Atsumu estava com uma expressão consternada e suplicante. Kiyoomi bebeu sua recompensa por alguns instantes antes de responder. "Tudo bem. Fui infantil também indo embora."

Concordando que estavam bem e que fariam o possível para não agir mais daquela maneira, eles caminharam de mãos dadas até o estacionamento, onde se separaram para que cada um seguisse rumo a suas tarefas.

Assim que entrou em casa, Kiyoomi mandou uma mensagem de texto perguntando se podia ligar para o único em que confiava o suficiente para pedir ajuda. A resposta veio quase na mesma hora, na forma de seu celular vibrando com o contato de Komori na tela.

"Minha ajuda tem um preço, Kiyo..."

Kiyoomi bufou. Aquilo não era exatamente inesperado. Eles se conheciam bem e a chantagem corria no sangue da família pelos dois lados. "Faça sua proposta."

"Primeiro seu pedido, com base nele vou estabelecer o lance."

Colocando o celular no viva voz para começar sua rotina de faxina, Kiyoomi buscou palavras adequadas que não o condenassem tanto. "Vamos supor que eu queira levar alguém pra jantar hoje e não tenho muita certeza de onde ir. Tudo que eu gosto me parece formal demais e a pessoa em questão é mais... descontraída."

"Você quer levar o Miya pra jantar e causar uma boa impressão. Peculiar vindo de você mas não nesse cenário."

E era exatamente por isso que Kiyoomi não abria o bico sobre sua vida para mais ninguém. "Ok, é, dane-se tudo, eu cheguei a esse ponto."

[SakuAtsu] Conflito de InteressesOnde histórias criam vida. Descubra agora