IX - OS TRAIDORES

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Era tanta coisa para digerir que eu me sentia debilitada. Sebastian era mesmo um vampiro extremamente vingativo. Ele matou a própria mãe e a única irmã, sangue do seu sangue. A sua vingança teria chegado ao fim? Eu esperava que sim, enquanto me sentia culpada por não ter feito nada para proteger Leonor. Infelizmente, troquei de lado, em parte desejando a sua morte, e a traí. No entanto, suspeitava que não fosse a única traidora nessa história.

Na verdade, por mais informações que Sebastian tivesse me dado, acreditava que não sabia de tudo. Eu estava dividida. Um lado queria descobrir todos os detalhes de uma vez por todas, o outro tinha medo de estar caindo em um buraco sem fundo e sem volta. Afinal, por maior que fosse meu afeto por Sebastian, o quanto poderia confiar nele? Parecia ainda haver uma parede entre nós.

— Você está bem? – perguntou Sebastian, fazendo-me um cafuné enquanto eu pousava a cabeça sobre o seu colo.

— Eu não sei. Sinto como se uma bomba tivesse explodido sobre a minha cabeça. Não há nada que eu possa fazer sobre isso. Quero apenas seguir em frente.

— Compreendo.

Respirei fundo. Estávamos no Condomínio Nature, na casa em que eu vinha morando nas últimas semanas. Thomas bateu na porta do meu quarto, entrou e andou em nossa direção trazendo duas bolsas de sangue. Liza caminhava atrás dele, como se estivesse se protegendo de Sebastian – pelo menos era o que eu pensava. Após deixarem o sangue, saíram. Àquela altura, Thomas e Liza já sabiam sobre a morte de Leonor e que eu estava ao lado de Sebastian. Para a minha surpresa, Thomas não esboçou nenhuma reação quando me viu chegar naquela casa com Sebastian. Liza, ao contrário, entrou em pânico e desabou.

— Você pode me contar mais sobre a minha mãe? – indaguei de repente, sentando ao lado de Sebastian e o encarando.

— Realmente quer saber? Mesmo tendo acabado de dizer que queria seguir em frente? – ele arqueou uma sobrancelha e se agasalhou sobre o colchão, desviando o olhar. Parecia desconfortável.

— Como posso seguir em frente com uma mancha como essa nas costas? Se eu fui transformada por causa da semelhança física, gostaria de saber que não me pareço em mais coisas com alguém que arruinou famílias, inclusive a própria.

— É verdade. Fisicamente vocês são muito parecidas. Às vezes é desgostoso olhar para você e pensar na sua mãe.

— Espero que eu não seja como ela. – eu realmente temia que a semelhança fosse maior do que a aparência.

— Se você fosse como ela, teria que te matar. – ele disse em tom de deboche e riu.

— Não fuja do assunto e diga o que eu quero saber.

— O que exatamente você quer saber?

Bebi um pouco de sangue da bolsa de plástico. Sebastian fez o mesmo. Então, ele se levantou e caminhou até a janela, olhando para a paisagem. Vendo-o de perfil, Sebastian parecia muito soturno e solitário. Eu acreditava que ele não tinha amigos nem mesmo entre os vampiros. Provavelmente as únicas pessoas com quem podia contar eram aqueles que se intimidavam e se aliavam pelo medo. Pensar isso apenas confirmava a minha ideia de que ele usava as pessoas de acordo com seus interesses.

— Eu quero saber tudo, Sebastian. – suspirei – Que tipo de pessoa ela era, como era a sua relação com os vampiros, como isso começou, ela te tratava de que forma...

— Consuelo era uma mulher desagradável que gostava de seduzir com joguinhos. Era devassa, tinhosa e dissimulada. Você não é tão parecida com a sua mãe.

— Com licença! – disse Olavo abrindo a porta repentinamente, exibindo um sorriso convencido. Aquela expressão era hereditária entre os homens da família Navarro? Gostaria de perguntar-lhes.

[EM REVISÃO] - Uma História Sombria de Amor (Trilogia Entre Vampiros - LIVRO I)Onde histórias criam vida. Descubra agora