Dezoito

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Três dias depois do meu encontro com Heitor, quase duas de uma madrugada fria, recebo a ligação de Caterina aos prantos, então eu soube que o câncer tinha vencido de vez

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Três dias depois do meu encontro com Heitor, quase duas de uma madrugada fria, recebo a ligação de Caterina aos prantos, então eu soube que o câncer tinha vencido de vez.

Ao chegar no hospital, toda a família de Heitor está presente, mas eu não reparo em ninguém, além da mulher encolhida no canto chorando.

— Sinto muito- Trago seu corpo para mim.

Depois da conversa que tive com Heitor, achei realmente que ele teria mais tempo, mas vejo o porquê de ele querer tanto falar comigo, já estava sentindo que seria a sua hora.

Meu coração está apertado, ainda tenho raiva por como tudo se sucedeu, mas nunca desejei um fim assim para ele.

— Eu te amo, Caterina, e nunca mais vou soltar sua mão- Sussurro para ela.

Não conversamos sobre nós, não dissemos nada desde que eu soube de tudo, porém eu não posso mais deixá-la longe de mim, amo-a e não posso viver negando.

Tudo que ela faz é chorar mais e entendo sua dor, foi seu amigo de anos que morreu.

Deixo ela chorar mais e mais, sei que não posso aplacar sua dor, então chorar vai ajudá-la a pôr para fora tudo que está sentindo.

Eu nunca mais vou deixá-la!

Eu nunca mais vou deixá-la!

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Ele se foi.

Depois de inúmeras idas ao hospital, de lutarmos tanto contra, enfim o câncer venceu e o levou de mim.

Tivemos tempo de conversar, nos perdoar, mas Heitor não teve tempo para viver, e isso me dói tanto.

Fomos amigos todos esses anos, fui parte da sua família, mas hoje ele se foi, deixando o pedaço do meu coração que sempre foi dele, vazio.

Reunidos na capela do cemitério, velando o corpo de Heitor, mãe Cíntia fala:

— O meu filho foi um homem que me orgulhou desde berço, eu via nele muito mais propósito do que ele mesmo, só nunca pensei que o perderia tão cedo- Ela está ao lado do caixão observando o filho— A dor de hoje é sem tamanho, perdi meu bem mais valioso, vou enterrar o meu bem mais valioso- Suas lágrimas caem copiosamente— E talvez eu nunca me conforme.

Seguro sua mão com força. Se meu coração dói, nem imagino que tipo de dor essa mãe deva está passando, hoje é o dia mais difícil de toda a minha vida.

— Eu era só uma garotinha quando conheci Heitor, eu estava andando pelas ruas com fome atrás da minha mãe e ele me levou para casa de mãe Cíntia, dizendo que tinha encontrando uma nova irmã- Limpo uma lágrima que nubla meus olhos— Desde então eu passei a ser filha de Cíntia e irmã de Heitor e Rebeca, amei meu amigo e confidente todos esses anos, nunca um dia menos que o outro, e ontem...- Minha garganta embarga—...ontem antes de falecer ele me disse: 'eu vou ficar em paz, Cat, tô cansado de lutar em vão, você não precisa se preocupar comigo'.

Tomo uma respiração mirando os olhos escuros de Hugo, ao lado do meu irmão.

— A dor da perca é enorme, mas saber que estive do seu lado todo o tempo, que fui sua amiga todos esses anos, torna tudo mais compreensível- Digo— Vou te amar para sempre, Heitor.

Abraço mãe Cíntia em lágrimas, junto com Beca que está inconsolável, amava muito o irmão.

No enterro eu fico ao lado de Hugo, que me segura pelos ombros com uma mão e com a outra segura a mão de Ravi, que está terrivelmente calado.

Eu não deixei ele ir para o hospital, pedi para uma das vizinhas do prédio ficar com ele, porém não consegui evitar o enterro, ele quis vir e não pude dizer não, pois meu irmão, assim como eu, amava muito Heitor.

Enquanto o caixão é colocado no jazigo da família, me despeço daquele que agora só terei em lembranças.

Adeus, meu amigo, e talvez um dia nos encontremos.

Foi o capítulo mais difícil de ser escrito, não foi proposital a morte do Heitor, mas assim que o enredo foi se delineando, eu vi como tudo se findaria

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Foi o capítulo mais difícil de ser escrito, não foi proposital a morte do Heitor, mas assim que o enredo foi se delineando, eu vi como tudo se findaria

A história do Heitor é triste, mas marcante, odeio matar personagem, mas juro que as vezes a gente cria que nem sente, o enredo cria vida própria.

Até a próxima ♥️

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