Disfarça!

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Aproveitamos o passeio juntas o dia todo, no meio da tarde, paramos em praças, comemos comidas que não sabíamos nem pronunciar o nome, uns doces mais gostosos do que outros, queríamos aprender tudo, experimentar tudo, era um sonho estar ali, para cada uma de nós.

Voltamos para a agência de noite. Pedimos dois Ubers novamente para voltarmos para o nosso apartamento, quando chegamos, fomos arrumar nossas coisas, trouxemos o restante da comida que não tínhamos terminado de comer no passeio, para encher nossas barrigas antes de dormir, e começamos a arrumar os colchões.

Quando acendemos a luz de um dos quarto para pegar algumas coisas, ouvimos um barulho.

"O que é isso?"

"Shhhhhhiiiiu Rayra! Se forem ladrões vão saber que estamos aqui!" Karina diz cochichando.

"O barulho está muito baixo para ser ladrão!"

"Ah não bia! Não vai dizer que é... Não é bicho não né?"

E como se Keissi tivesse adivinhado, um grande bicho peludo sai de baixo de uma das madeiras da cama, correndo pelo quarto, todas gritávamos, pulávamos, exceto uma pessoa, que não estava acreditando em toda a agitação que acontecia ali.

Wanis sai do quarto calmamente, pega a vassoura, que estava próxima do banheiro, e com muita precisão, mata o bicho em uma batida só.

"Pronto!"

Todas paramos para observar a nossa salvadora, ainda estávamos sem fôlego, com a garganta doendo de tanto gritar, e começamos a bater palmas para Wanis.

Ouvimos batidas na porta, assustamos de novo:

"Aiii, o que é agora?" Nanda diz, ainda respirando rápido.

Desço da madeira da cama para ver quem era. As batidas continuavam, e quando abro a porta vejo Joe segurando outra vassoura, perguntando com seu sotaque "engolidor de batata" se estava tudo bem.

"Yeah Joe, it's fine, was a big..." Como se fala bicho? Tentava explicar para Joe o que tinha acontecido mas esqueço a palavra.

Alguém escuta minha dificuldade em falar bicho, e gritam para mim do outro lado do apartamento. Joe finalmente entende que estávamos bem, e vai embora.

Nos acalmamos, resolvemos a questão do "grande" bicho do tamanho de um elefante, que havia invadido nosso espaço britânico, arrumamos a bagunça que ficou depois do nosso desespero, e finalmente conseguimos dormir naquele dia.


DIA 7

Estávamos na metade da viagem já tínhamos passado por tantas coisas, coisas incríveis. Conhecemos lugares, pessoas, estar ali realmente era um sonho e não queríamos que acabasse.

Rayra e Wanis faziam nosso almoço naquele dia, as duas mandam muito bem na cozinha, que bom que temos elas para nos alimentar, estávamos esperando a comida ficar pronta quando Nanda grita:

"Gente! Eles estão jogando futebol!"

"O que?"

"Sim! Os M-Boys, estão em algum campo treinando com o time deles!"

"Será que conseguimos ir?"

"Vocês têm certeza que querem aparecer para eles mais uma vez? Depois de tudo o que aconteceu?"

"Ah podemos tentar, Bia! A gente pode ficar assistindo eles de longe..."

"Sim! Podemos tentar!"

Almoçamos, nos arrumamos, e como se estivéssemos indo para o shopping, fomos assistir ao jogo de futebol dos meninos.


Para achar o campo foi fácil, seguimos os M-Boys no Instagram, e tem muitas fotos com marcações deles, e em uma delas, havia o local onde geralmente treinam. Colocamos no Google, não era não longe, dava uns vinte minutos caminhando do prédio em que estávamos.

Quando chegamos lá, já haviam muitos meninos jogando e outros sentados.

"Agora, é achar o Hero."

"Lembrem-se, não deixem perceber que estamos aqui." Escondíamos nossos rostos, algumas estavam com óculos.

Quando ouvimos um grito.

"Look, the Brazilian Girls!"

"Droga, nos acharam!"

Fomos descobertas, mais uma vez, agora, na arquibancada, quase agachadas no chão, nenhuma se mexia, mas depois do grito, não tinha mais como nos esconder. Sentimos uma pessoa atrás de nós, e quando nos viramos para olhar os bancos de trás, Félix estava lá, atrás da gente, sorrindo, como se estivéssemos brincando de esconde-esconde, e ele nos encontrara.

Ele pergunta o que queríamos ali, e o que estávamos fazendo?

Dissemos que estávamos andando pelo lugar, e decidimos parar para assistir o jogo. Mentira. Até comentei que o Brasil é o país do futebol, mas Félix não parecia acreditar.

"He is not here." Disse que Hero não estava lá.

Começamos a explicar, todas, até as que não falavam inglês direito, dizíamos que não estávamos lá por causa do Hero, mas Félix, agora de braços cruzados, ainda não acreditava. Enquanto tentávamos palavras novas em inglês, eu, Nanda e Karina ainda tentávamos falar algo que o amigo de Hero acreditasse, quando Rayra, Keissi e Wanis se viram chocadas para o outro lado e gritam.

"Gente, ele está aqui!"

Hero aparecem e fica encarando cada uma de nós. E pela primeira vez no dia não tínhamos reação nenhuma. Nos controlamos, para que ele não corresse da gente, mais uma vez. Ele se aproxima e pergunta o que a gente queria e o que ele podia fazer para nós, todas balançamos a cabeça negando e eu disse "nothing", nada, e tento explicar, ou mentir, de novo sobre encontrarmos o campo "sem querer".

Ele sorri e chama Félix, os dois vão embora, sem foto dessa vez, sem vídeo, sem conversa, um simples sorriso e saíram.

Nos sentamos para ver o jogo, arrependidas por mais uma vez parecermos loucas, estávamos cansadas e chateadas por perceber que o afastamos, outra vez. 

Loucas por ELEOnde histórias criam vida. Descubra agora