Última festa

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Jack chegou com alguns dos M-Boys, os de sempre, Félix, Gabriel, já estavam com seus copos nas mãos quando começamos a dançar. Fiquei com Jack o tempo todo, olhava para as minhas amigas, que estavam próximas de nós e sabia que aquela noite seria inesquecível só por sentir a felicidade daquele momento.

Cada segundo ali era aproveitado, a música, a bebida, as pessoas, não queríamos que acabasse nunca.

Hero não estava lá, devia estar em algum trabalho, filme, desfile, quem sabe, mas só o fato de termos viajado para Londres, em exatos quinze dias, e realizar tantos desejos, tantas vontades, faz tudo ter valido a pena, todos os dias mal dormidos, todas as saídas com os amigos canceladas, cada centavo guardado para essa viagem.

Dançamos em mesas, com gringos, experimentamos diferentes bebidas, ensinamos o funk brasileiro, dançando em músicas aleatórias, beijamos, abraçamos, rimos, sem perceber que as horas passavam, sem pensar em mais nada além de aproveitar o que estávamos vivendo ali.

Como todas as boas coisas da vida... A noite acabou, o pub já estava esvaziando, sentamos nas mesas quando as luzes se acenderam, vimos os rostos cansados e borrados de todo mundo, maquiagem derretida, vestidos amassados, pessoas suando e bêbadas. Também estávamos acabadas, suadas, maquiagem borrada, roupas molhadas, mas felizes. Os meninos iam trabalhar no dia seguinte, ou melhor, horas depois dali, era uma quarta-feira, viraram a noite com a gente, mas já haviam avisado que iriam descansar depois que fossemos embora. Nos despedimos mais uma vez deles, dessa vez seria realmente a última saída que teríamos juntos, pelo menos nessa viagem...

Abracei Jack pensando nisso, a última vez que talvez estaria com ele, não ia chorar, o conheci há alguns dias apenas, não posso ser tão sentimental, mas gostei de ficar com ele e passar esses momentos juntos.

Já Karina chorava, ela sempre gostou e seguiu Félix em suas redes sociais, para ela estava sendo um sonho estar ali com ele, o mesmo para Wanis, que trocava Instagram e números com Gabriel, Keissi e Rayra falavam, ou melhor, tentavam falar com gringos aleatórios do club, também fazendo seus contatos, mesmo que bêbadas e sem saber muito o inglês.

Voltamos para casa felizes mas cientes que o dia seguinte seria o último aqui, o dia número 14. O décimo quinto dia seria dentro do avião, um dia quase perdido saindo de Londres pela manhã e chegando de noite no Brasil. Sabíamos que seria assim, mas é difícil ir embora quando está tudo tão perfeito, é difícil dizer adeus.


DIA 14

O clima era de despedida, como chegamos de madrugada, arrumamos nossas "camas", algumas tomaram banho, outras já pularam no meio dos colchões e desmaiaram.


Acordamos tarde, quase três horas, estávamos exaustas, todos esses dias aproveitando cada segundo, sugou um pouco da nossa energia, mas o combinado era descansar só no Brasil.

Almoçamos, juntas, apesar de três em três, as outras três que não comiam, ficavam na cozinha nos fazendo companhia, conversando sobre tudo.

"O melhor da noite foi a Bia puxando a gente para a bancada, nunca imaginei que ia subir na mesa e dançar!"

"E o povo gritava muito pra você Nanda!"

"Gritavam para a Rayra isso sim! Estava trilouca com várias garrafas na mão!"

"Não podem me dar bebida gente, eu fico doidinha." 

Rayra diz e a gente ria da nossa amiga, que sofria os efeitos do dia anterior com uma forte enxaqueca, as outras três foram comer enquanto ainda lembrávamos da noite anterior.

"Ainda tem boca aí Bia?"

Olhei confusa para Keissi.

"Como assim?"

"O tanto que beijou o Jack, achei que a sua boca tinha ido embora com ele."

Todas rimos.

"Tinha que aproveitar né! Não é todo dia que fico com um gringo daquele! Mas não vem com graça não que eu vi todo mundo beijando ontem!"

Aproveitamos muito a noite. Assim que guardamos as louças, decidimos:

"É... Hora de arrumar tudo..."

Olhamos para as camas improvisadas, nossas coisas jogadas pelo apartamento, tudo tão bom... E estava acabando.

Reviramos nossas coisas, prestando muita atenção em tudo o que a gente guardava para não esquecer nada. Limpamos o apartamento, para assegurar que nada ia ficar para trás. Quando estava tudo arrumado, já estava quase anoitecendo. Caímos no grande sofá, Keissi se jogou em cima da gente com seu celular e tiramos muitas selfies.

"Gente!" Karina grita. "Está anoitecendo! Vamos ver o pôr do sol!"

Olhamos uma para a outra e como se nos entendêssemos apenas com o olhar, corremos para a porta, descemos todas as escadas do apartamento, gritamos o nosso "Hi, Joe" de sempre, e ele como todas as outras vezes, sem entender nada que estávamos fazendo, dizia Hi e sorria.

Atravessamos a rua , ainda correndo muito para não perder o sol indo embora. Fomos em uma parte do parque sem árvores, onde era possível ver o céu e uma paisagem distante, o verde da grama se juntava com a cor do céu que agora estava mesclada, o laranja do pôr do sol escurecia e a noite caía, estávamos vendo uma imagem incrível, nós seis, sentadas ali, juntas:

"Foi perfeito, desde o início."

"Acho que não poderia ter sido melhor."

"Tudo o que vivemos, vou levar para o resto da minha vida!"

"Amo vocês meninas!"

"Ahhhhh!"

Já não conseguíamos conter as lágrimas, nos abraçamos e ficamos ali até às luzes do parque se acenderem por conta da escuridão que fazia.

"Vamos?"

Nos olhamos e decidimos voltar para o apartamento.

Vivemos tudo de novo nesse pequeno espaço de tempo admirando o entardecer, nosso plano de encontrar o Hero, e não encontramos só ele, fizemos amizades com os M-Boys, seus amigos, e não apenas isso, como também ficamos com alguns, falamos com eles por mensagens, fomos em festas com eles, na praia com as amigas dele, conhecemos os lugares de Londres que mais queríamos visitar, vimos paisagens incríveis, dançamos com os gringos, nos divertimos no boliche, na patinação, nos decepcionamos com algumas coisas mas logo resolvemos, hoje amamos o apartamento que ficamos hospedadas, mesmo todo caído do lado de fora e sem elevador, nos acostumamos a comer de três em três, e dormir na sala cheia de colchões e fronhas, com o sol na cara ao acordar. Tudo foi memorável, tudo será inesquecível e mágico!

Loucas por ELEOnde histórias criam vida. Descubra agora