A deslumbrante arquiteta Helena Rurikhievna, alcançou sucesso na carreira a poucos anos, depois de ganhar um importante prêmio de arquitetura. O prêmio Pritzker concedido anualmente aos arquitetos. Mulher independente, sempre priorizou a carreira, mas após ficar viúva do homem escolhido por seu pai Ivan Rurik, e com o qual se casou ainda muito jovem, se envolveu com Marko Cortez, e se casou meses depois, abandonando a carreira de sucesso e tornando-se uma socialite, sempre ao lado do marido em diversos eventos, até desaparecer dos holofotes alguns anos depois.
Havia perdido tudo ao se envolver com Marko, a familia, amigos, carreira e sua liberdade. Mas a pior perda, aquela que realmente a destruiu, foi a de sua filha! Seu casamento com Alexei Rurikhiev, havia sido para agradar ao pai e conseguir ter a liberdade de estudar e ter uma carreira de sucesso, em troca deveria dar a familia, um filho. Seu marido era um homem tranquilo e previsivel e o casamento não foi um sacrificio, mas também não trouxe emoção ou paixão a sua vida. Quando a primogenita nasceu, Alexei ficou extremamente feliz e se tornou um pai atencioso e amoroso para a pequena Katerina e seu avó tinha verdadeira adoração pela neta. Contrariando as proprias expectativas Helena também se apaixonou por sua filha, desde o momento em que a segurou nos braços pela primeira vez, era protetora e dedicada a filha. Planejavam ter outros filhos então, não mais para cumprir um acordo, mais porque realmente se tornaram bons pais e o casamento ia bem. Mas seu marido morreu de repente e os planos de ter uma familia maior foram frustrados. Nos anos seguintes ela se dedicou a carreira e a filha, se tornando uma arquiteta de sucesso, mesmo contra o desejo do pai de ve-la casada novamente.
Conheceu Marko durante a premiação por um projeto seu, conversaram e ele se mostrou doce e gentil, além de absolutamente fascinado por seus projetos e carreira. Ele a contratou então para realizar o projeto de sua casa e deu carta branca para que fizesse tudo de acordo com seu gosto. Ela se empenhou intensamente em tornar aquele um projeto único e o resultado foi absolutamente perfeito. Era a casa dos sonhos de qualquer pessoa, ela em particular. Durante todo o andamento da obra, mantiveram contato e logo começaram a sair. E quando Marko a presenteou com a escritura da casa, pedindo-a em casamento foi impossivel dizer não. Já estava apaixonada e o gesto doce a tocou profundamente, além disso, Marko tratava sua filha como uma princesinha. Não havia motivos para negar o pedido, exceto por uma pessoa... seu pai.
Sabia que o pai se negaria a aceitar sua escolha, mas estava apaixonada e não levou suas ameaças a sério. Imaginava que após levar a ele o fato confirmado ao invés de esperar sua autorização, o faria mudar de idéia. Ledo engano, o pai cortou relações com ela e foi proibida de voltar para casa paterna, enquanto decidiam sua punição. Poucos meses depois Yuri tomou o poder e a expulsou da familia, o pai morreu sem que tivessem feito as pazes e a mãe e os irmãos nunca a perdoaram. Perdeu todos a quem amava em questão de meses e com isso se voltou totalmente para o marido e a filha. Mas as coisas mudaram muito rapidamente entre o marido e ela, e o seu pior pesadelo teve inicio. Marko fez questão de deixar claro que o unico motivo de ter se casado com ela foi causar uma guerra entre as organizações, da qual ela não sairia viva e como bônus, ficaria com a guarda de sua filha, já que ninguém a queria!
_ Uma doce, doce garotinha. disse em um tom que lhe causou arrepios
Ao se dar conta dos planos do marido, começou a prestar atenção em suas atitudes com Kat e se deu conta de que ele a olhava de maneira doentia, passou a vigia-la de perto e nunca a deixava a sós com ele. Já fazia algum tempo que a relação fisica entre os dois deixou de existir, mas ao perceber sua intenção, Marko se voltou para ela com fúria e passou a praticar todo tipo de abuso fisico e psicologico, usando ameaças para mante-la calada. Sempre que tentava mante-lo a distância ele usava o nome de Katerina, para faze-la ceder e suas atitudes se tornavam mais e mais sádicas e doentias com o passar do tempo. Sem qualquer tipo de apoio e desesperada, Helena passou a beber mais e mais, o que para Marko, era o ideal, já que em algum momento iria se descuidar e deixar Kat desprotegida. Depois de uma das piores noites com ele, desistiu de reagir e se tornou uma boneca de trapos em suas mãos. Fizesse o que fizesse não obtinha qualquer reação, além do alcool, havia tomado alguns comprimidos, que levavam sua mente para longe das atrocidades que ele praticava. Então o desgraçado, se voltou para a pequena, que estava com 8 anos na época e passou a ameaçar trazer a criança para assistir suas sessões de tortura com a mãe, deixando Helena aterrorizada. Sabia que cedo ou tarde sua filha iria sofrer nas mãos daquele monstro.
Quase dois anos depois, tomou coragem de procurar a última pessoa no mundo, a qual pensaria em recorrer. Mas seu ódio por Yuri, não era maior que o amor por sua filha, e sabia que se existia alguém capaz de ajudá-la a proteger Katerina, esse alguém era ele. Helena o considerava diretamente responsável pela perda do pai, além de ser aquele que causou sua ruína ao expulsá-la da família. Mas conhecia bem o caráter de Yuri e seu código de honra inabalável. Cresceram juntos, as famílias se conheceram a vida inteira e mesmo após tomar o lugar do mentor, que o considerava quase como um filho, sua família o respeitava e se manteve do lado dele naquela ocasião e agora. Não se enganou ao procurá-lo e logo a filha estava a salvo em um internato, longe das mãos de Marko, embora ela não. As agressões diminuiriam, mas ainda aconteciam vez ou outra, mas embotada pelo álcool e remédios, sem Kat por perto para usar como arma, ele perdeu o interesse e a deixava em paz.
Onze anos haviam se passado e Helena estava longe de ser á bela mulher, independente e alegre que um dia foi. Anos de abuso físico e mental, aliado ao consumo excessivo de álcool e remedios, a transformaram no fantasma triste e patético. Seu maior desejo era se divorciar de Marko, mas isso era algo que ele jamais permitiria. Ela só sairia daquele casamento quando estivesse morta! A única coisa que a consolava era pensar que a filha estava segura. Então naquela noite, ao sair de carro em alta velocidade, só tinha uma coisa em mente... se livrar daquela maldita prisão de uma vez!