A filha do meu inimigo

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Encontrar a filha do seu inimigo ou melhor, sua enteada, não estava sendo tão simples como esperava. Ele achou que por se tratar de uma jovem protegida e mimada, mantida fora do alcance de todos e praticamente reclusa, seria facil encontra-la e traze-la em segurança para a familia. Mas contrariando suas expectativas, a garota deixou o internato assim que completou vinte e um anos e desapareceu.

_ Como assim não conseguem localiza-la?

_ Ninguém sabe onde ela está... é como se nem existisse!

_  Ne lgi mne, yyebat! rosnou

_ Não estou enrolando, Yuri. A garota é um fantasma!

_ Snaruzhi!

Decidiu tomar a tarefa em suas mãos e por um ponto final naquele assunto. Iria encontrar o tal fantasma, disse a si mesmo.

Assim que soube do acidente sofrido por Helena e que estava internada em estado crítico no hospital, pusera seus homens atrás da garota. Havia um homem da Kaos infiltrado nos negocios de Cortez, que passava informações sobre todos os passos dele fora da mansão. Incluindo a sua busca por Katerinna a jovem filha de Helena, que havia deixado o internato a alguns meses e desaparecido. Precisava chegar a ela primeiro!

Quando Helena o procurou anos atrás e pediu proteção a sua pequena filha, ele deu sua palavra de que cuidaria dela e assim o fez. Embora o que acontecia por trás dos muros altos da fortaleza, onde Cortez a mantinha, fosse uma incógnita, podia imaginar o tipo particular de inferno que Helena criou para si mesma ao se casar com ele. Mesmo tanto tempo atrás, quando o procurou, já era perceptível o quanto ela havia mudado, não restando quase nenhum vestígio da garota vibrante e cheia de vida com quem um dia o amigo se envolveu. Gostaria de ter feito mais para ajudá-las então, mas, com as coisas ainda muito instáveis com a troca súbita de poder, em ambas as famílias, não poderia arriscar uma guerra entre as organizações. Não por uma mulher e muito menos pela mulher de um outro Kapo. Isso seria suicidio, pois iria de encontro a uma das regras inquebráveis das famílias, manter os olhos longe das esposas dos integrantes, fosse quem fosse.

Embora sua intenção de ajudá-la estivesse longe de ser romântica, como poderia justificar uma tal intromissão no relacionamento dela? Não poderia. Mas poderia ajudar a pobre garotinha e assim o fez. 

Ninguém, além de Helena, teve acesso a garota enquanto esteve no internato, havia um generoso fundo para cobrir os custos de sua educação, bem como sua proteção. A qual ela teria livre acesso assim que completasse a maioridade e deixasse o colégio. Para todos, corria o boato de que a garotinha morrera. Mas na verdade, se quisesse, poderia viver bem apenas com o dinheiro do fundo, já que era muito bem gerenciado, sem precisar fazer absolutamente nada ou ir para universidade, viajar, comprar o que desejasse. Yuri se mantinha atento aos gastos e se fosse necessário, injetaria mais dinheiro a conta, mas isso nunca aconteceu. Seus gastos eram mínimos e assim que saiu do colégio, retirou uma pequena quantia e depois parou de efetuar qualquer movimentação, tornando quase impossível localiza-la 

Aparentemente o acidente de Helena não havia sido obra do marido, mas por precaução, designou uma equipe de segurança para Helena e colocou a equipe médica de sua confiança a seus cuidados. Mesmo sendo o responsável legal por ela, Cortez não tentaria nada contra ela no hospital, sabendo que estava sendo vigiado. Embora não pudesse confronta-lo abertamente, já que ela não fazia mais parte de sua família desde o casamento, Yuri não a deixaria desprotegida e fez questão de deixar isso bem claro.

Sua liderança dentro da família era incontestável e se decidisse acolher Helena e a filha, ninguém se oporia. Desde que agissem dentro das regras!
Ofender outro kapi, poderia desencadear uma guerra entre as famílias. E nesse caso seria ideal contar com o apoio delas. Não que fosse indispensável, pois a Khaos era muito superior a maioria e principalmente a Bratskaya, desde que Cortez tomou o poder. Ao contrário de Yuri Tchekcov, o homem que transformou a Khaos no que era hoje, o outro perdia mais e mais o controle sobre a própria família, perdendo força e deixando os negócios nas mãos de incompetentes.

Yuri estava sempre um passo à frente, com isso a Khaos absorvia pouco a pouco a Bratskaya, sem que o outro se desse conta. Atolado em dívidas Cortez, se voltou cada vez mais aos inimigos, cedendo terreno e despertando a atenção de famílias rivais que só estavam esperando o momento certo para atacar.
Sem saber que a Khaos já estava em franca vantagem. Por isso Yuri precisava agir com cautela, sem despertar atenção indesejada.

Fez algumas visitas e pressionou algumas pessoas e em pouco tempo ficou ciente do retorno de Katerina, o que  o deixou possesso.

_ Como é possivel que vocês não a tenham encontrado? Como puderam deixa-la voltar pra cá, bem debaixo dos nossos olhos, yyebat'? 

_ Cortez a tem. informou Ivanov

_ Maldição do inferno! vociferou socando a mesa

_ Acalme-se Yuri, qual a importância dessa garota?

_ Dei a minha palavra, Danika. Está dizendo que minha palavra não tem importância?

O outro empalideceu e deu um passo para trás.

_ Sinto muito. Eu vou consertar isso!

_ É bom que o faça.

Saindo do escritório depressa Danika Ivanov , chamou alguns de seus melhores homens e deu ordens expressas para que a garota fosse encontrada.

_ Sem erros dessa vez!

Estaria encrencado se falhasse novamente. Embora Tchekcov fosse seu primo, lidar um Yuri zangado, era a última coisa que ele queria. Todos ali nutriam um respeito bastante saudável por ele e amor à própria vida. Não queria estar na pele do pobre idiota que deu o serviço para ele, mas precisava concordar que seus métodos eram bastante eficazes. A noticia sobre o interesse do Sádico já havia se espalhado, depois disso foi fácil obter o paradeiro da garota.

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