Estava sentada no sofá copiando um texto pra aula do professor Clyde sem prestar atenção nas palavras, a TV estava ligada mas eu só conseguia ouvir meus pensamentos fervorosos. Revivia tudo o que aconteceu ontem à noite mas quanto mais pensava, pior ficava. Para alguém que tinha uma enorme compulsão em solucionar mistérios, eu já estava agoniada. Afinal, eu era uma pessoa que afirmava que para tudo havia uma razão, sempre achei histórias místicas idiotas e o que aconteceu ontem ia contra tudo que eu acreditava. Fui tirada dos meus devaneios quando alguém tocou a campainha, imaginei ser Cher, ela havia me ligado mais cedo me chamando para sair, mas disse-lhe que tinha muito o que estudar – o que não deixava de ser verdade. Mas eu realmente não tinha cabeça pra nada. Quando abri a porta fiquei absurdamente surpresa para o que estava vendo, que acabou transparecendo em meu rosto. Com sua voz grave e seus olhos verdes me fitando, Nolan disse:
- Oi – houve uma pausa – Posso entrar?
Balancei a cabeça e dei espaço a ele, Nolan entrou apreensivo. Fechei a porta e um silêncio pesado instalou-se sobre nós. Ele dava pequenos passos no mesmo lugar observando atentamente cada canto do meu apartamento, creio que ele não sabia o que dizer, igual a mim por sinal. Depois de algum tempo, Nolan caminhou até minha varanda, eu o segui. Ele contemplava aquela vista, que era realmente bonita, dali dava pra avistar o Jardim Central, que era uma espécie de Central Park, o Sol estava claro dando um toque ainda mais especial à paisagem. Estávamos lado a lado em silêncio quando ele finalmente disse virando levemente o rosto e fechando um pouco os olhos devido à claridade que destacavam ainda mais seus olhos verdes:
- Você está com medo?
- Não – respondi fitando seus olhos para que ele pudesse ver que eu não estava mentindo – Só ... curiosa.
- Você quer ouvir toda a verdade? – Depois daquelas horas sem dormir direito, desejava tanto a verdade que chega a ser agonizante. Então ele suspirou fundo e se sentou no chão, ele continuou observando o horizonte através da estrutura de vidro resistente da varanda, decidi me sentar também. Então ouvi sua voz grave dizendo:
- Pra você entender minha história, preciso ir até o começo, na Idade Média, onde várias mulheres eram caçadas até a morte acusadas de praticar bruxaria. Havia uma cidadezinha comandada por uma nobre família, os Artchald's. Os homens dessa família fizeram um grupo para caçar as bruxas, apesar de que nunca houve indícios que elas fizeram mal à alguém, mas bruxaria era algo maligno. Elas nunca revidaram, mesmo com tanto sofrimento, só que a paciência delas acabaram quando houve um massacre, os Artchald's conseguiram reunir um número enorme do grupo delas e as mataram, não só as mataram, mas as mataram cruelmente. E aquelas que sobraram decidiram se vingar, lançando uma maldição sobre a família – então sua voz ficou séria, como se estivesse lendo algo – "Aquele que nas veias o sangue Artchald correr, a luz da lua deverá temer". Ou seja, quando chega a noite, os Artchald's se transformam em animais ferozes sem nenhum pudor e essa maldição foi passando de geração para geração, chegando em mim por exemplo.
Ele se calou, eu estava estupidamente surpresa mas ainda assim precisava fazer algumas perguntas.
- Mas existem muitos ... Artchald's?
- Eu não sei, mas acho que não, afinal, muitos se mataram, não procriaram ou foram mortos
- Mortos?
- Depois que as bruxas viram o grande número de vítimas que eles faziam, elas encantaram outro grupo de pessoas, a vida deles baseava-se em caçar a nossa espécie, e assim como nós, o encantamento foi passando por gerações e hoje ainda existem caçadores buscando exterminar do mundo as bestas, são como eles nos chamam mas prefiro dizer feras. – ele deu um esboço de um sorriso. As bruxas também encantaram um livro, uma espécie de lista negra para os caçadores, nós chamamos de norblack, ele contém o nome de toda fera quando é despertada – geralmente na adolescência, seu nome só sai da lista quando morre. Todos as feras existentes estão no norblack, é assim que eles tem uma noção. Um truque que nós usamos é trocar constantemente de nome no meio humano, porque assim fica mais difícil deles nos acharem

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Green Eyes
FantasyO mistério é intrigante e a paixão é arrebatadora. Kristel Lavinne que sente atração por investigações mergulha no universo sombrio de Nolan Orsen. A pergunta que fica é se Kristel será capaz de explorar o enorme universo daqueles olhos verdes.