Capítulo 24 • Traumas

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⚠️ALERTA⚠️
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este capítulo pode conter alguns gatilhos, como: violência, incesto, pensamentos suicidas, homofobia e estupro.
se não se sente confortável, não leia.

este realmente é um capítulo forte🔞
(estejam avisados).
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Allan começou a sentir seu corpo novamente. Sentia a dor descomunal por todo o seu corpo.

Lágrimas escorriam de seu rosto. Sengue o sufocava, preso em sua garganta, fazendo com que não conseguisse respirar direito.

Algo estava diferente.

O que está diferente? Que sensação é essa?

Silêncio. Essa era a diferença. Um silêncio incomum.

Tinha conseguido abrir os olhos, e logo notou que não estava mais no chão de sua cozinha. A poça de sangue também não estava mais ali. Estava do lado de fora de sua casa. No quintal.

Estava ao lado da casinha onde guardavam ferramentas. No chão de concreto, frio e sujo de terra, estava deitado de barriga para cima.
Conseguia ver a janela do quarto de seus pais dalí.

E então, deu um gemido de dor ao ser virado de bruços.

— Você gosta de sair oferecendo esse rabo, não é? Sua putinha de marmanjo. Você gosta de ser uma vadia no cio, então é isso que você vai ser. — ele então ouviu a voz de seu pai. — Eu vou te mostrar o que é ser um homem.

Sentiu sua calça ser puxada para baixo com brutalidade.

Um peso em cima de suas costas. Dor, muita dor. Sua cabeça parecia que explodiria a qualquer instante, suas costas tinham sido espancadas pra estarem recebendo tanta pressão e peso daquele jeito, sua barriga também, sentia que a qualquer momento poderia cuspir suas entranhas.

Mas acima de tudo, não estava acreditando naquilo. Seu próprio pai estava fazendo aquilo.
Sempre que via aquelas reportagens de pais que violentavam seus filhos, nunca tinha imaginado que poderia passar por uma situação dessas.
Sabia que seu pai tinha um lado obscuro, mas não pensou que fosse chegar nesse nível.
Muito menos que sua mãe apoiaria. Estava também preocupado com sua irmã, não sabia o que sua mãe podia ter feito à essa altura.

Foi puxado de volta para a realidade depois de sentir seu rosto sendo pressionado com força contra o concreto.

Sentiu então algo o encostar, algo gelado, compacto... grosso. O cano de metal.

— Você gosta de ser uma puta, né? Ta todo roxo, cheio de marcas. Você gosta de levar nesse cu então, né? — ele falou e então empurrou o cano com força no ânus do garoto.

Allan gritou de dor. Se contorceu no chão, tentou se arrastar para longe dalí, tentou afastar as mãos de seu pai, se levantar, mas era em vão. Quanto mais tentava se mexer, mais sentia dor. Gritava. Agonia, medo, pânico, pavor, nojo. Esses sentimentos tomaram conta da mente de Allan.

— Você é viado, você gosta disso. — ele falava e enfiava ainda mais fundo o objeto de metal.
Enfiava e depois tirava. Enfiava novamente e depois tirava. Outra vez, e então outra. E outra e mais outra. Allan desistiu de tentar contar. Também já tinha desistido de tentar gritar por socorro, ninguém aparecia.

Talvez, se morresse ali, seria melhor. Seria melhor do que ter que comparecer a algum julgamento e ver sua família na cadeia, se é q fosse ter um.

Se eu morresse aqui, estaria fazendo um favor. Um favor pra mim mesmo. Faria também um favor pro Julio, assim ele não teria que ouvir eu contar sobre isso.
Talvez eu devesse morrer, por um ponto final nessa coisa. Se eu partisse agora, pouparia esforços meu pai. Ele não encostaria no cadáver do próprio filho... não é? Talvez eu devesse fazer esse favor. Algumas pessoas na internet já me disseram pra fazer isso também. Talvez eu devesse tentar.
Acho que eu não devia adiar o inevitável. Meu pai provavelmente vai acabar me matando mesmo. Talvez eu devesse sugerir uma corda pra ele colocar no meu pescoço. Eu não faço ideia do que o Julio vai pensar, não sei se ele vai ficar bravo comigo ou com meu pai, não sei se vai ter nojo de mim. Eu queria ser merecedor do amor dele. Nunca vou conseguir falar sobre essa humilhação com ele, com ninguém.

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