⁰⁶: Sister

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Os recentes acontecimentos trazem à minha mente uma lembrança de uma pessoa muito especial há tempos esquecida. Sinto meu coração aquecer com a memória.

Lembro-me como se fosse hoje o dia em que a vi pela primeira vez, era tão frágil e assustada.

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Passado
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(Obs: colocar a música partir daqui)

Londres - 1778

Eu estava em um dos meus muitos passeios noturnos pelo pequeno vilarejo em que estou vivendo. A noite estava mais fria e escura que o habitual. A lua no céu quase não servia para fornecer iluminação alguma. Um cenário um pouco aterrorizante, mas que não me transmitia medo algum.

Alguns passos a minha frente enxerguei o que parecia ser restos de uma grande fogueira.

Certamente o Tribunal da Inquisição condenou a morte mais uma inocente, penso com pesar. Outra vítima do "Famoso Caça as bruxas".

Frequentemente mulheres e jovens eram acusadas de feitiçaria ou de fazerem pactos com o diabo, em uma espécie de ritual de magia negra. Particularmente, abomino os moralmente certos justamente por isso.

Não demorou muito ali, seguindo minha caminhada. As árvores frondosas lançam ainda mais sombras à minha volta, mas isso não me incomoda, é na verdade estranhamente acolhedor. Quando o silêncio do local é quebrado por pequenos soluços que pareciam vir de perto, apuro minha audição e visão, buscando a origem do som.

Logo, avisto uma garotinha que aparentava ter aproximadamente uns 10 anos. Ela estava sentada no chão próximo às cinzas e aos restos de uma outra fogueira, com as mãos ela abraçava as pernas e chorava baixinho, mas era um choro dolorido.

Devagar, me aproximo dela até que ela grita assustada:

- Você é uma daquelas pessoas que queimaram a minha mãe? - Questiona, cheia de raiva. As lágrimas que transbordam de seus olhos são como gotas de chuva. - Por favor, não me machuque.

Algo nessas palavras mexe comigo.

- Não vou te machucar, confie em mim. - Peço, mesmo sabendo que é um pedido grande demais. - Eu só quero te ajudar. Qual o seu nome?

Ainda com lágrimas nos olhos ela fala:

- Eu me chamo Thaylane e minha mãe era Katherine, ela trabalhava com algumas ervas e por isso foi acusada de bruxaria. Homens usando capas pretas amarraram ela e a trouxeram até aqui onde a queimaram. - Começa o relato, parecendo ir se acalmando aos poucos. - Eu consegui me esconder e fui seguindo eles até aqui, vi todo o sofrimento da minha mãe. As chamas tomaram conta de seu corpo rapidamente os gritos de dor ecoavam, e as pessoas gritavam e aplaudiam dizendo: "Queimem essa bruxa". - Conclui, debulhando-se em lágrimas.

Por impulso eu a abraço forte, ela retribui o gesto de carinho.

Tudo o que eu queria saber naquele exato momento era se ela tinha alguém que pudesse cuidar dela, mas infelizmente ela parecia não ter ninguém.

Tive a ideia de adotá-la como minha irmã mais nova, pois não poderia deixá-la sozinha. Ali era um local bastante , poderiam descobri-la e sendo filha dá tal Katherine poderiam supor que ela seria uma espécie de herdeira do mal.

Eu não sei explicar bem como esse sentimento de afeto e proteção surgiu, mas, eu estava decidido a cuidar dela a partir daquela noite .

Me abaixei para ficar do seu tamanho.

O que eu posso dizer? Que palavras devo escolher? Me pergunto, sem jeito.

- Pequena, eu sinto muito pela sua irreparável perda. - Começo, acanhado. - Quer vir morar comigo? Serei como um irmão e não deixarei ninguém lhe machucar.

Thaylane me olhou desconfiada e perguntou.

_ Promete?

_ Prometo .

Naquele mesmo instante saímos daquele terrível lugar.

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Presente
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Alguns anos se passaram, e aquela frágil e assustada menina cresceu, logo completará 18 anos data que eu decidi transformá-la em vampira.

Até algumas semanas ela estava em Milão, em uma das melhores faculdades de moda. Mas agora ela estava na minha frente linda como sempre.

- Não vai falar nada? - pergunta com uma risada cínica.

- Nossa, você... Você está muito linda minha querida irmã! - Gaguejo pra ela. - Mas o que você está fazendo aqui?

- Bom eu preciso de um motivo pra visitar com o meu irmão?

- Bom... Não!- respondeu pensando nas últimas vezes que ele falou os motivos.

- Bom eu soube o que aconteceu! - falou a garota.- E você acha que é ela? - perguntou se lembrando da arqui-inimiga.

- Eu acho que sim!

𝙃𝙚𝙖𝙧𝙩 𝙤𝙛 𝙁𝙞𝙧𝙚 - 𝔏𝔢𝔞𝔥 ℭ𝔩𝔢𝔞𝔯𝔴𝔞𝔱𝔢𝔯Onde histórias criam vida. Descubra agora