PVO – HOSEOK
Entre arrumações de malas, documentos e despedidas, um mês havia se passado. Após um longo voo de 36 horas, desembarquei no aeroporto Internacional de Incheon, passei por todos os procedimentos obrigatórios e agora com as malas em mãos, a cara e a coragem, sigo em busca do meu tio Jung Kyu.
O aeroporto era imenso, as pessoas iam e vinham por todos os lados, mas logo ali a minha frente com uma placa em mãos estava ele, um homem de seus 50 anos, corpo esguio, alto e de cabelos negros como o ébano acenando para mim. Fui ao seu encontro fazendo uma reverência respeitosa, mas para minha surpresa meu tio me puxou para seus braços e me deu um abraço de urso, daqueles bem apertados e de tirar o folego.
-Como você cresceu pequeno Jung, você está um homem feito. Nem parece aquele menininho que agarrava as minhas pernas querendo colo quando eu ia a sua casa.
-Eu não tenho muitas memórias dessa época, mas obrigado por me receber tio. É muito importante para mim essa nova fase e estou feliz que o Senhor e a tia façam parte dela.
-Eu também estou feliz por você estar aqui e podermos te ajudar, mas agora vamos por que sua tia nos aguarda com um bom almoço e um quarto arrumadinho para você descansar.
Durante todo o trajeto fomos conversando coisas aleatórias e nos conhecendo melhor. Meu tio é um homem muito bom e disse que me ajudaria a me adaptar e a me locomover sozinho até o momento de eu ir para o exército. Em meio a toda a nossa conversa, descobri que meus tios não têm filhos e que esse era um assunto delicado para a tia YangMi, pois a mesma era estéril e não pôde dar um filho para o meu tio.
Pouco mais de uma hora e meia havia se passado até chegarmos a sua casa. O bairro era bonito, um bom lugar para se morar e a casa do meu tio era bem aconchegante. Minha tia me acolheu em sua casa com muito carinho, assim como meu tio, ela me abraçou e me olhou de cima a baixo comentando como eu havia crescido. Ela me mostrou o meu quarto, pediu que me acomodasse, tomasse um banho e descesse para comermos, pois ela havia feito algo especial para mim.
Enquanto comíamos aquela comida deliciosa, falei sobre meus pais, nossas vidas no Brasil e dei mais detalhes do porquê de eu estar na Coreia. Meus tios se mostraram muito atenciosos e dispostos a me ajudar. Eles também ditaram as regras, os horários das refeições e de como as coisas funcionavam. Para mim não seria nenhum problema, pois sempre fui muito organizado e respeitoso. Pedi permissão para me retirar e descansar, mas antes que eu fosse descansar um pouco, meu tio disse que no dia seguinte sairíamos juntos para ir me familiarizando com o lugar e que também me ajudaria com a inscrição no serviço militar obrigatório, pois era algo que poderíamos fazer online. Como disse ele "quanto antes você for, melhor e mais rápido você volta e inicia sua vida no país" e com esse pensamento me retirei e fui organizar minhas coisas e descansar.
***
Já fazia 20 dias que eu estava na Coreia e meu tio até já tinha voltado a trabalhar e com isso eu precisei absorver muita informação em um curto espaço de tempo. Agora aqui estou eu, dentro de um ônibus me aventurando pela cidade. Não havia planejado ir muito longe, mas acabei dormindo e perdi o ponto onde deveria descer. Tudo para mim era estranho e tive que procurar pelas placas e aplicativos onde eu estava e como faria para voltar. Pedir informação não seria problema pois falo inglês fluentemente e meu coreano é muito bom, em casa falávamos nosso idioma nativo e por esse motivo consigo conversar, entender e me fazer entender muito bem. Minhas dificuldades com o idioma eram mínimas.
Nessa busca por me localizar e descobrir como voltar para o meu bairro, acabei me distraindo mexendo no aplicativo e olhando para as placas buscando referências de onde estava e acabei trombando com um rapaz todo arrumado, alto, de olhar penetrante, com cabelos negros e um sorriso quadrado que o deixava lindo.
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MY DEAR SOLDIER
FanfictionVocês já se pegaram em uma situação tão complicada que parecia não ter saída? Hoje, quero compartilhar com vocês a história de um jovem sul-coreano que viveu algo assim. Imagine só: ele se alista no serviço militar obrigatório, mas acaba descobrindo...