2. O primeiro dia

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E então entrei na faculdade. Mais tarde do que eu realmente gostaria, mas não tinha muito controle sobre esse assunto. Após me formar na escola, tive que passar alguns anos trabalhando pra conseguir juntar uma grana pra dar entrada na faculdade.

Você diria: ué, trabalha e estuda ao mesmo tempo. E isso é super plausível, mas eu tinha que sair de casa também e esse custo era um pouco difícil de se lidar.

Nessa faculdade que tanto queria cursar fotografia, tinha uma espécie de "moradia estudantil" que você poderia tentar vaga dependendo da sua renda ou ainda, caso fosse bolsista de qualquer modalidade (seja bolsa esportiva ou bolsa de estudos mesmo), teria uma vaga garantida.

No auge dos meus 22 anos, eu iria morar com pessoas de 17 em diante. Eu francamente posso dizer que isso não me entusiasma muito, mas não tenho muitas alternativas. Consegui uma bolsa de 20%, minha vaga já estava garantida.

Uma semana antes das aulas começarem tivemos alguma festa para a recepção dos novos bixos (termo usado para se referir a novos ingressantes da faculdade) e também a apresentação do Campus.

Meu quarto era o n° 207, por sorte peguei um onde não precisaria dividir com ninguém. O espaço era mínimo, tinha uma cama de solteiro, do lado esquerdo uma janela meio pequena, uma escrivaninha embaixo dela e, no "pé" da cama tinha uma espécie de armário que era umas 5 prateleiras e um cabideiro. Tinha mais um espaço vazio no meio do quarto, mas nada muito espaçoso. Acho que era um quarto de uns 8m2. 

Antes da recepção, fui até ele para organizar minhas poucas coisas. Como tinha acabado de sair de casa não é como se tivesse muitos patrimônios, mas eu gostava de poder organizar tudo que fosse meu.

Limpei e organizei minhas coisas e a mala deixei embaixo da cama (onde tinham algumas caixas para guardar roupas e objetos pessoais). Peguei minhas coisas para ir tomar banho, infelizmente esse era compartilhado mas aparentemente estava bem higienizado.

Tomei meu banho, me arrumei e fui para a recepção - leia-se TROTE porque eu realmente havia esquecido desses rituais de pintar os bixos e ingerir álcool até não se aguentar mais.

O departamento de fotografia era junto com o de artes, arquitetura, música e filosofia. Assim que cheguei pude ver muitas meninas empolgadas e alguns garotos também - mas eram minoria.

Logo nossos veteranos fizeram uma pequena apresentação e pediram para que nos apresentassemos. Conforme falávamos nosso nome, idade e curso, escrevemos em uma placa que logo viraria uma espécie de colar (apenas para indentificação).

Depois desse momento minha memória sofreu um branco total. Só lembro do passo seguinte: Cerveja. Muita. Cerveja.

Algo como música estava na minha memória também, mas estaria mentindo se soubesse qual era a que tocava.

Tentei esquecer por um momento que eu já não tinha mais 18 anos, que havia trabalhado duro por 4 anos pra poder estar aqui. Queria poder aproveitar esse momento, assim como todos aqueles que estavam por ali e assim o fiz.

O dia seguinte veio acompanhado com uma ressaca brava. Minha cabeça martelava, meu ouvido zumbia, meus olhos não queriam abrir e minha garganta parecia arranhada de tão seca.

Levantei devagar e percebi que tinha uma garota no meu quarto. Seu cabelo era roxo e tinha um corte todo diferente, também tinha uma mecha branca que não indentifiquei o formato, mas parecia algum desenho estranho.

Ela dormiu na cadeira que deixei em frente a escrivaninha, vestia alguma camiseta minha que eu também não lembro de ter emprestado. Me levantei confuso, não lembrava de ter trazido ela pra cá. Não sei que momento foi esse. Meus mais hábitos de bêbado continuam os mesmos?

" Tch, jura mesmo Shinsou Hitoshi? Mal entrou na faculdade e já foi se metendo com qualquer garota que aparece?"

Enquanto me perdi em tais pensamentos, a misteriosa menina acordou.

- hmmmmMMMM - se espreguiçou na cadeira - aiai, fala cara! Como você tá? Ontem você tava demais HAHAHA - gargalhava alto, enquanto continuava se esticando e por fim levantou da cadeira.

- eu estava? - Aiai... Eu me meto em cada uma.

- Não foi fácil te convencer a voltar pro dormitório. Eu e meu amigo tivemos um trabalhão!! Mas deu tudo certo, cumpri minha promessa e você tá ótimo! Tô de saída, falou? Ah, sua camiseta tó - tirou a blusa e se trocou na minha frente mesmo.

Enquanto terminava de se arrumar, continuava falando sobre nossa suposta amizade de festa.

- Mas até que você se deu bem, né? Chegou sem amigos e olha como estamos, praticamente como melhores amigos cuidando uns dos outros - terminou rapidamente, passou seu braço pelo meu ombro e com a outra mão bagunçou meus cabelos, eu realmente não entendi nada - olha hora, tô vazando de vez! Vamos te mandar mensagem mais tarde pra ir conhecer mais o Campus, não ignora a gente! ...
A PROPÓSITO, MEU NOME É JIROU CASO NAO LEMBRE HAHAHAHAH!!! - gritou do meio do corredor, como se já suspeitasse da minha amnésia alcoólica.

E em um piscar de olhos o ambiente ficou silencioso com a saída dela. Apesar de não ter entendido muito bem como as coisas ocorreram, ela parecia ser uma boa garota. Fico com peso na consciência de não lembrar se fizemos algo, mas pelo visto teremos tempo para descobrir isso.

eu, meu namorado e nossa melhor amiga. Onde histórias criam vida. Descubra agora