𝐶𝑖𝑛𝑒𝑚𝑎 𝐹𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑜

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Assim que o filme acabou, a praça foi esvaziada rapidamente, somente eu e Jason à frente daquele imenso telão.

- Então você acha que sou um garoto clichê?

- E você acha que não? Cabelo loiro e ondulado, olhos azuis claro, mora em uma praia, surfa...

- Você é quase tudo isso. - Jason sorriu e aproximou-se.

- Ah é mesmo? Eu não acho. - Sorri e aproximei o meu rosto também.

Antes mesmo dos nossos lábios se tocarem, uma luz forte bem no nosso rosto nos atingiu. Encarei aquele homem com dificuldade, ainda próxima de Jason.

- O cinema já fechou, vazam daqui! - Um velho rabugento exclamou com uma voz grossa.

- Ah... Já estamos indo, senhor.

- Eu disse agora! - Exclamou antes de vir em nossa direção.

Jason juntou os nossos pertences e puxou o meu braço com uma velocidade surreal. Saímos dali correndo indo para qualquer direção. Mal conseguia correr de tanto rir.

- Meu celular! - Gritei dando conta que havia o perdido.

- Oh Mia! Fala sério! - Ele diz rindo, mas preocupado.

Corremos até lá tentando fazer o mínimo de barulho possível. O velho rabugento caminhava em nossa direção quando finalmente encontrei o bendito celular. Nos escondemos em um lugar extremamente apertado, atrás do telão.

- Jovens estúpidos! - Resmungou tirando o sofá no qual estávamos sentados.

Jason pôs a sua mão na minha boca para que eu não gargalhasse. Encarei os seus olhos azuis, que estavam bem arregalados.

- Vocês ainda estão aqui, é? - O velho perguntava bem alto.

Crise de risos agora não!

Me segurar ficava cada vez mais difícil. Jason parecia ter tanto medo do velho que não esboçava nem um pinguinho de graça.
Não pude aguentar a risada e acabei a soltando. Jason deixou escapar um palavrão antes de puxar-me pelo pescoço com rapidez e me beijar sem demora.

Quando Jason resolveu me largar, tentei dizer algo sobre aquilo, mas fui impedida:

- Shii! Tá querendo outro beijo? - Ele perguntou tão sério que realmente me fez querer.

- Talv... - Jason não me deixou terminar: tapou a minha boca e procurou ver se a área estava limpa.

Quando finalmente saímos de lá, pude rir mais avontade.

- Meu Deus, por que você é assim? - Ele perguntou sorrindo, me vendo contorcer de tanto rir.

- Caramba, você estava mesmo com medo! - Tentei me segurar.

- Claro! Não sei se você percebeu, mas ele estava com alguma coisa na mão!

- E você usou isso como desculpa para me beijar? - Parei ao seu lado e encarei os seus olhos, esperando decifra-los, mas era impossível.

- Talvez? E você parecia que queria outro.

- Bom... - Sorri, sem saber o que dizer.

Jason, com as mãos no bolso, aproximou-se de mim, levantou o meu queixo com os seus dedos e distribuiu um selinho nos meus lábios. E por mais estranho que fosse, sorrimos um para o outro e prosseguimos o nosso caminho.

[···]

- Como foi o cinema? - Laís indagou-me curiosa.

- Foi muito... - Estava prestes a começar uma longa conversa sobre o quanto foi maravilhosa aquela noite, não fosse por uma desconhecida interrompendo-me.

- Olá, meninos!

Todos a responderam com certo desânimo. Agora posso lembrar-me dela, estava na equipe da Izzy, naquele jogo idiota de vôlei.

- Estava passando por aqui e vi vocês. Jonathan, como você está diferente! - Pôs a mão nos ombros dele.

- Ah... Obrigado?

- Toma o meu número, me liga mais tarde para a gente conversar?

- Pode deixar. - Sorriu.

- E você Jason? Não está com a Izzy hoje? - Layla direciona o seu olhar para ele.

- Acho que não, né? - Olhou em volta, como se estivesse procurando-a. Laís riu com a sua atitude.

- Antes não viviam separados... Bom, vou indo. - Disse e se retirou.

Eu, de algum modo, fico bastante desconfortável quando falam sobra a Izzy e Jason. É como se eu estivesse entre eles.

Jonathan encarou Jason com um sorriso estranho, parecia mais um tipo de comunicação.

E, de repente, todos pareciam quietos demais, cada um com um semblante diferente.

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À Procura de um ClichêOnde histórias criam vida. Descubra agora