Save Me...

Four

14/08/2012
Lim Gaeul

— Vou indo mãe! – Pego minha fita cassete e começo a ouvir Queens.

— Nada disso mocinha, vamos conversar. – Minha mãe puxou a cadeira da cozinha e olhou para mim. Tirei os fones e sentei na cadeira.

— Sim, mãe? – Revirei os olhos, eu já sabia dos sermões que viriam.

— Por favor não seja expulsa novamente! Você já sabe o quanto seu pai já passou para te mudar várias vezes, seu histórico não é nada bom e você precisa se formar para ter uma boa reputação. – E mais uma vez ela começou com seus discursos patéticos.

— Ele não é meu pai. – Enfatizo.

— Claro que é! Deixa de drama, ele faz essas coisas para o seu bem. – A normalidade que ela acha que ele me trata, me impressiona.

Me levanto e começo a sair de casa, eles nem sequer perguntaram se eu estava bem ou algo do tipo, apenas se preocupam em ter boa reputação na cidade. O que orgulharia eles? Uma filhinha lésbica que só causa problemas, assim como meu "pai" disse: "uma grande aberração do demônio."
Perdi as contas de quantas eu fui espancada pelo querido prefeitinho da cidade, amável fora mas um diabo dentro de casa, não?

— Filha, filha! Volte aqui agora!

— Não se preocupa mãe, eu não vou causar problemas porque assim como vocês, eu adoraria me formar para sair daqui logo!

Saio batendo a porta e subo na bicicleta, começo a pedalar pelas ruas. Todas as pessoas que passavam, me cumprimentavam e sorriam falsamente.
Após um tempo cheguei na nova escola "School Kkoch" Percebi que havia muitas pessoas ricas, podia se deduzir pelos carros caros.
Alguns grupos estavam reunidos na entrada, algum deles pisava em um garoto esparramado no chão e os outros gritavam frases nojentas que me fizeram revirar os olhos.
Quando pisei nos corredores, olhos curiosos e nojentos pelo meu corpo me atormentaram até a sala. O cheiro do corredor exalava a cigarro, o que me fez tossir que nem uma condenada.

— Diretora. –  Dou duas batidas na porta e ela murmura um "entre"

A diretora parecia ter uns sessenta anos e poucos, ela usava um batom escuro escarlate. Pelo visto toda a escola virou um local de fumo, todo mundo inclusive a diretora usavam cigarro, ela estava segurando ele em seus dois dedos indicadores e na outra mão segurava um jornal. Seus óculos grandes de garrafa exibiram suas grandes orbes verdes.
Ela era estilosa, com suas roupas sociais com um terno preto, usava uma bota salto alto preta.

— Finalmente recebi a ilustre presença da filha da família Lim! – Ela rapidamente jogou seu cigarro no lixo e veio até mim.

— É um prazer. – Me curvo e faço uma careta discreta.

— Minha querida, sua presença nessa escola vai ser maravilhosa! Espero que se dê muito bem por aqui. – Ela sorria como uma idiota maníaca por dinheiro.

— Eu fui expulsa duas vezes por agressão. – Dou um meio sorriso e noto que ela ficou sem graça.

— Nós não sabemos o contexto não é mesmo? Tenho certeza que você é uma pessoa maravilhosa, ainda mais que é filha do nosso grande prefeito Lim e da nossa grande vereadora Lim.

Suspiro concordando, eu realmente odiava isso. Peço os papéis de sala para ela e então sigo para o jardim da escola, eu realmente não quero ir para a sala e estar perto de vários selvagens procurando carne nova.
Olho minimamente para o jardim, notei que havia uma menina de cabelos compridos e pretos como a cor da noite. Ela parecia estar chorando, pois ela estava encolhida e enrolada em seus próprios braços.