⚠️alerta gatilho: Violência sexual⚠️
14/08/2012
A vida de Yoon MiraeAbro os olhos lentamente, tentando me acostumar com a luz que o sol nos proporcionava todas manhãs, fecho os olhos de novo tentando fingir que não amanheceu.
— Filha, eu sei que está acordada... – Minha mãe senta ao lado da cama e fica fazendo cafuné em meus cabelos— Levanta hum? Eu sei que está com preguiça mas sua escola é importante.
Estremeço ao pensar que tudo ia começar de novo... Meus dias de ansiedade, pânico, trauma, vão voltar como um avalanche em minha cabeça. Meu estômago embrulha só de imaginar o inferno que iria ser hoje.
— Se arrume – Minha mãe dá leves tapinhas em meu ombro.
.
— Bom dia mamãe – Termino de me trocar e abraço a mulher que mais amo nessa vida, a que me ajudou em todos os momentos possíveis.— Está pronta para hoje? — Ela retribui o abraço cansada.
— Trabalhou demais essa noite mamãe? — Falo com um tom de reprimenda e preocupado.
— O suficiente para conseguir o dinheiro para pagar as contas — Ela suspira com um alívio e faz carinho na minha bochecha.
— Mãe! — A repreendo — Eu já disse que vou te ajudar, não precisa se sobrecarregar! — Choramingo.
— Você precisa estudar minha neném – Aliso suas mãos desgastadas enquanto ela fala.
— Mas eu preciso de você mãe! Preciso muito mais! — Coloco meus braços em volta de sua cintura.
— Você não vai me ter para sempre! Seu conhecimento sim! Agora vá! — Abana seus braços para eu ir.
— Tchau mamãe, eu te amo, te amo muito! — me escondo em seu pescoço e sinto seu cheirinho que me acalma.
(...)
Ando pelos corredores da escola, o lugar em que tenho mais lembranças assustadoras. Essa escola é o motivo dos meus traumas, das minhas crises de pânico, dos momentos em que eu sinto que eu sou uma inútil...
Me encolhi quando cheguei no corredor principal e lá estava todos os alunos me encarando, sinto minha respiração se descontrolar quando uma garota do último ano passa seu braço envolta de meus ombros.— Olá, quanto tempo. – Ela chegava mais perto de mim, seu cheiro exalava cigarro e outras mais proibidas. Ela pegou uma bolsa cheia de remédios de diferentes efeitos, eu sabia o que aquilo significava.
— Por que está me dando isso? – Ergo o olhar brevemente para a loira que mascava um chiclete, seu hálito quente batia em meu rosto.
— Entrega para meu namorado na sala 4C. Cuidado que eles gostam de saias curtinhas. – Ela solta uma risada e passa a mão em minha saia do uniforme.
Estremeço ao pensar que eu estaria entrando naquela sala cheia de selvagens. Sinto vontade de vomitar quando piso na entrada da sala, pessoas fazendo coisas impróprias que nem merece minhas descrições.
Ao entrar sinto que sou um cordeiro em meio de vários leões selvagens e nojentos. Um garoto que tem o dobro de minha idade e altura, colocou sua mão dentro da parte de baixo da minha saia, dou um pulo e o olho com ódio.
— Eu te mandei fazer isso?! – Escondi o fato de que eu tremia, tremia demais com nervosismo.
— E precisa mandar gatinha? – Ele riu, riu como um idiota. Sua risada me causou ânsia de vômito.
Em um piscar de olhos eu estava sendo esmagada por ele na parede, entro em desespero sem saber o que fazer. Começo a chorar, chorar muito e gritar de angústia.
As pessoas falavam e riam lá na sala, quando ele colocou suas mãos em meus seios, sinto minha cabeça girar e eu ficar tonta. Tudo estava explodindo na minha cabeça, minha visão estava turva e embasada.
Quanto sinto o garoto abaixar suas calças, eu começo e vomitar em tudo, todos só me olharam com uma expressão de raiva. Então quando ele se desprendeu de mim, sai correndo pelos corredores com as lágrimas caindo desesperadamente.
Corro sem rumo, para qualquer lugar que me faça desaparecer dessa merda de lugar. Eu só queria voltar para casa e estar abraçada com minha mãe, recebendo seus carinhos.(...)
Me sento perto do jardim e me abraço sozinha. Chorando atordoada sem chão. Não ligava para se a aula já havia começado, eu não queria mais estudar nessa escola, eu não queria estudar mais.
Apenas existir aqui tem sido um fardo enorme, nada e nem ninguém pode dizer que isso é bom, isso é horrível. A vida é um inferno.— Você tá bem? – A sombra de uma pessoa empatou a luz do sol em mim.
Limpo as lágrimas e tento olhar para cima, uma garota, ruiva de cabelos curtos, suas sardas estavam a amostra. Ela era muito bonita e com certeza atrairia todas as pessoas do colégio, sua beleza é excepcional.
Ela se sentou ao meu lado e puxou um pirulito da bolsa. Ergueu para mim mas eu neguei com a cabeça, então ela o abriu e colocou em sua boca.
— Quando eu entrei nessa escola hoje, me assustei com o tanto de absurdo que se passa. Tentei vir tomar um ar e então me encontrei com você aqui.
Permaneço calada e continuo a olhar para o horizonte e a beleza natural do jardim, com pequenas flores de cores variadas, de margaridas à tulipas.
— Meu nome é Lim Ga-eul. Significa outono, que é minha estação favorita. E o seu?
— Yoon Mirae. – Agora meus olhos se direcionaram para a garota ao meu lado, ao ver de perto, era mais bonita. Seus lábios eram rosados e carnudos, suas sardas ocupavam boa parte de seu rosto rosado, ela possuía covinhas que aparecem quando ela sorrir. Ela realmente é de tirar o fôlego.
— O quê? – Ela insinua questionando porquê eu a olhava assim.
— Nada. – Volto a olhar para o jardim.
Olho de lado discretamente e vejo que ela saboreava o pirulito de framboesa e também olhava para mim. Desvio o olhar com vergonha.
Sua risada se instalou pelo local e minha expressão confusa se aparecia mais ainda. O som da risada era reconfortante, sei lá, era bom de ouvir.
— Vem. – Ela tentava se recuperar da crise de risos, então se levantou e limpou seu uniforme. Estendeu a mão para mim e deu um meio sorriso. — Quero te mostrar meu lugar de refúgio.
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Save Me...
Mystery / ThrillerEm uma pequena cidade, localizada no interior da Coréia. Existe uma escola cheia de crimes e mistérios. Ao chegar transferida, Lim Gaeul se encontra impressionada com a situação da grande escola. Uma escola baseada pela pirâmide de poder econômico...