Three

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14/08/2012Kim Saeron

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14/08/2012
Kim Saeron.


— Não vem me buscar hoje, vou dormir na casa da Jane. – Desço do carro e espero meu pai dar a partida.

Ao despistar ele, saio de perto da escola e vou em direção ao galpão que era onde meus amigos estariam.
Todo mundo estava com suas caixinhas de Beck nas mãos e riam alegres. Aceno para Jane, que estava sentada no colo de seu namorado e então vou para perto deles.

— Meu pai me deu dinheiro, ou seja, vamos à festa hoje! – Abro as mãos e pego um cigarro da Jane.

— Boa, gatinha! – Minho, o melhor amigo do namorado de Jane, solta uma piscadela para mim e eu sorrio envergonhada.

Passamos a manhã toda matando aula, nós tínhamos combinado de despistar nossas famílias, afinal, ninguém da escola iria relatar nosso desaparecimento. Tudo se resolve com nada mais nada menos que o poder.

— Você engravidou a garota? – O namorado de Jane deu uns tapinhas na costas de Minho.

— Ela agora está me atormentando para assumir responsabilidade. – Minho revirou os olhos e abriu as caixas de remédios, lá estariam as drogas de variados efeitos.

Olho um pouco desconfortável para Jane, ela logo entendeu meu olhar e soltou um risinho.

— Minho, da próxima vez escolhe outra com mais estrutura corporal, aquela lá é uma idiota pobre e gorda. – Jane estalou a língua.

— Eu só me encontrei com ela, então de repente quis fazer. Demorou muito já que ela se debatia para não fazer comigo, cá por nós ela não é nada gostosa. Prefiro mulheres com atitude. – Minho riu com seus amigos, permaneci calada e atordoada.

— Você estrupou a garota? – Olho para ele com nojo.

— O que? Você queria estar no lugar dela, gatinha? – Ele se aproximou e cochichou no meu ouvido. — Relaxa, você é a próxima.

Me levanto rapidamente e olho pasma para todo mundo. Arregalo os olhos para Jane e ela deu de ombros como se aquilo fosse normal.

— Vocês são uns idiotas! Eu tenho nojo de vocês.

— A qual é gatinha, nem é uma grande coisa assim! – Ele falou de forma desprezível.

— Não? Estragar a vida de alguém não é grande coisa? – A cada palavra e gesto que eles fazem, eu sinto apenas nojo.

— Estragar? A vida dela já é estragada, ela é pobre! – Jane assumiu o rumo da discussão e levantou para ir até mim.

— Vocês são desprezíveis.

— Cale a boca! – Sinto meu cabelo ser puxado fortemente. Era o namorado de Jane, ele me puxara para o chão e me arrastava até o fim do galpão.

Me debato em desespero e sinto minhas costas se arranharem pelo chão. Ela ardia muito e minha cabeça doía pelos puxões que recebia. Grito agudo de dor, fui arrastada a metros pelo chão.

— ME SOLTA! ME SOLTA POR FAVOR! – Entro em desespero quando eles me puxam pelo braço.

— Escuta, você acha que a gente não sabe que você também é uma pobre nojenta? – Foi a vez de Minho falar, ele distribuiu um tapa em meu rosto.

— O que? – Minhas pernas tremiam de nervoso. Eu não era rica como todo mundo ouviu de mim, meus pais têm um emprego e dinheiro suficiente para nos sustentar, mas mesmo assim nós não éramos da elite.

— Nós te seguimos naquele dia à noite, você e seu pai mora em uma merda de casa na favela. – Jane cuspiu em meu rosto, faço uma careta de nojo.

— E isso te importa? Eu não ser rica importa a vocês? – Grito.

— É claro sua idiota! Você sabe muito bem o que acontece com sua raça. – Minho tirou as cartelas de remédios e abriu todos um por um.

Tranco a boca para eles não tentarem fazer algo comigo, mas recebo socos no estômago que me fazem cuspir sangue. Minha visão logo ficou turva quando eles colocaram pilhas de remédios na minha boca e me obrigaram a tomar. Foi horrível, todo mundo distribuía chutes em todo meu corpo. As dores já não eram o maior problema, eu me sentia traída... Enquanto eles se divertiam me espancando, eu derramava lágrimas em meus olhos, eu não conseguia falar nem me mexer. A espuma saia pela boca, meu corpo todo deu um choque e eu comecei a suar e tremer. Era os efeitos dos remédios.

Eu vou morrer.

22/08/2012

Um barulho infernal atinge meus ouvidos, um grande agudo.
  Olho para os lados, não consigo me mexer! O que está acontecendo?

— Ela acordou! Ela acordou! – Escuto uma voz longe, mas eu podia reconhecer que era a minha mãe.

Ela chegou perto de mim, chorando? Minha mãe estava chorando. Por mim?

— Senhorita, consegue acompanhar meu dedo? – O médico chegou perto de mim e colocou o dedo em frente ao meu rosto, sigo a direção que o seu dedo ia. Para um lado e para o outro.

Eles sorriem aliviados, e examinam a região do meu olho, meus batimentos cardíacos e retiram os aparelhos de coma. Então eu estava em coma.
  Tento falar algo, mas som algum saí, arregalei os olhos em desespero, cadê a minha voz? Balanço a cabeça e olho para minha mãe, o que estava acontecendo comigo? O que fizeram comigo?

— Filha não precisa se esforçar a falar. Você precisa descansar ok? – Ela acariciou meus cabelos, mas eu não me acalmei, ainda estava desesperada.

— Jane! Jane! – Depois de muita dificuldade, consigo falar.

— A Jane? Ela estava preocupada com você, ficou tão desesperada a coitada. Por que tentou se matar meu amor? Todos te amam tanto! – Minha mãe começou a chorar em meu colo.

Balanço a cabeça negativamente, não não! Não foi isso mãe!
Pensei tentando falar, mas eu não conseguia.

— SAERON! – Jane entrou no meu quarto do hospital e correu "desesperada" para me abraçar. – Você não imagina o quanto eu chorei...

A olho fuminante, se não fosse minha impossibilidade de me mexer, eu iria voar na cara dela e bater até ver aquela carinha sínica desesperada.

— Não se atreva a falar algo, se não dessa vez você morre. – Ela cochichou em meu ouvido e então começou a sua atuação para minha mãe.

— Senhora Kim, não se preocupe, nossa Saeron está aqui conosco! – Ela abraçou a minha mãe e continuou a me olhar com uma expressão de que iria me matar.

Eu vou acabar com eles.

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