Leila

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Ao final do dia eu já tinha limpado todo o andar da presidência e uma grande parte do andar da diretoria. Não tinha nada muito difícil de limpar, os ricos são muito esnobes e acabei de crer que mais limpos também, principalmente os homens.
Lá em casa somos em duas que não ficavam em casa o dia todo, mais sempre parecia bagunçado, então todos os dias tinha que dar uma geral e quando eu namorava Léo então era pior, ele além de bagunceiro era porco.  As vezes me pergunto como eu consegui ficar tanto tempo com ele.

Fazia algum tempo que eu e Leo tínhamos nos separado. Namorei com ele  por 3 anos.
Eu perdi minha mãe para o câncer quando eu tinha 22 anos e Estela 12, e eu tinha acabado de conhecer o Léo, ele me ajudou muito a enfrentar o luto e eu me apeguei muito a ele.

Com o passar dos anos parecíamos muito mais amigos do que namorados, Léo já não ficava mais em casa como de costume, sujando louça e deixando respingo de xixi no vaso.
Depois de um tempo descobri que ele me  traia com uma moça que trabalhava com ele e nos separamos. Nunca mais o vi, mas eu sempre ficava sabendo de alguma coisa dele. Eu não sentia falta, eu não sentia amor, não sentia desejo, nada, eu sentia era ódio, não dele, mais das pessoas que insistiam em me contar cada passo que ele dava.

As pessoas acham que depois que o casal se separa ficar passando informação sobre o outro é uma obrigação. Ninguém te conta nada quando voce está junto, mas quando se separa as pessoas do nada tem uma crise de consciência e acham que voce quer saber de tudo que aconteceu e acontece com o outro e na verdade não, pelo menos não eu, eu só quero paz.

Paz de saber de Léo e de qualquer homem que fosse. Meu plano era me dedicar somente a mim e a Estela, como sempre foi, mais agora sem Léo.
Tá se fosse meu chefe bonitão eu ia querer saber, mais olhem pra mim sou só a empregada e provavelmente não faço o estilo dele.

Sabe aquela coisa de quem é viciada em livro e cria uma fic na cabeça de que o cara bonito sente atração por nós e que vai nos agarrar andando na rua, no ônibus, no elevador, mais que na verdade ele nem te nota? Pois é, malditos livros que nos iludem, e é desses livros que eu gosto.

Termino de organizar os produtos de limpeza, e vou me arrumando pra sair, porque estava dando o meu horário. Tudo ocorreu bem, durante o almoço pedi informação para as meninas da faxina que estavam aqui a mais tempo que eu e de acordo com elas eu estava indo bem.

Estava indo em direção ao elevador para ir embora mais aquela voz me chamou.

- Leila por gentileza, pode vir até minha sala? - mais o que será que eu fiz de errado?

Me viro e vou até a sua sala, com medo de ter feito alguma coisa errada ou deixado alguma sujeira pra traz.
Entro na sua sala e ele me pede:

- poderia me trazer um café bem forte por favor? - ué, mais eu pensei que secretarias fizessem isso, meu filho eu tenho que sair pegar o ônibus senão só daqui a 2 horas ele vai passar de novo.

Ele para o que já estava começando a fazer e me encara, por baixo dos óculos, aquele rosto maravilhoso, aquele queixo desenhado, aquela boca carnuda...

- senhorita Leila, algum problema? Porque está parada me olhando? Preciso de um café pra ontem. - pronto começou a grosseria, sabia que ele estava bonzinho demais pra ser verdade.

- desculpa senhor, já vou pegar. - me viro em direção a porta pra fazer o café e me dou conta de que não sei como ele gosta e então me viro de novo pra ele. Ele estava me olhando com a cabeça tombada pro lado como se estivesse me analisando ou ainda pior parecia que ele estava olhando minha... Leila larga de ser tonta.

- senhor não sei como gosta do seu café.

Ele continua me encarando e percebo que ele engole seco, deve estar se controlando pra não me xingar.

ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora