Capítulo 6

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Acordei totalmente descansada em uma cama macia e confortável. Nem lembrava onde eu estava direito, até me sentar no colchão tentando buscar na memória todo o ocorrido de ontem.

Eu estava no apartamento do Lee Jong-Suk, de verdade?

Peguei o celular e vi que era sete da manhã, acho que tinha umas trezentas mensagens da Bruna e umas duzentas ligações perdidas.

Sem brincadeira.

Acabei rindo e digitei:

"Você vai acabar com a memória do meu celular, sua doida. Estou apurando as informações, espera!"

Levantei com cuidado, notando que não estava de tênis. Mas continuava com a mesma roupa de quando fomos ao hospital. Olhei no espelho e quase caí para trás, meus cachos estavam desgrenhados e eu parecia um leão. Peguei minha bolsa e corri para o banheiro, com medo de ele entrar ali e me pegar naquela situação.

Então lembrei que Jong-Suk estava com o pé machucado e eu nem sabia como foi ontem na consulta. Porque apaguei total, não lembrava nem como cheguei aqui e quem me botou na cama.

Após me arrumar minimamente e ficar apresentável, sai do quarto mentalizando que ainda teria que editar e enviar as fotos da coletiva. E, claro, chamar a Serena para termos uma conversa séria e definitiva.

Fui seguindo pelo corredor, até que passei a ouvir a vozes:

— Eu não vou me afastar dela.

— Você devia, eu orientei que encontrasse o amor por si próprio e agora sua vida corre o risco de se transformar num verdadeiro caos. — Era uma voz diferente, mas tinha o mesmo timbre da Serena.

Era uma fada?

— Eu não tive culpa, foi a fada da Lavínia — Ele respondeu convicto. — Pensei que estava tudo bem, porque você me protegeu de feitiços da paixão quando comecei a atuar.

— Eu sei, eu sei — A que eu supunha ser uma outra fada concordou. — Estava tudo naturalmente ajeitado para vocês se conhecerem. Mas a Serena estragou as projeções quando lançou o feitiço da paixão imprevista baseada somente na protegida dela, sem nem checar o seu histórico de existência. Agora vocês dois correm o risco de ter a vida destruída e de se odiarem para sempre por causa disso!

— Eu não corro o risco de odiá-la — Jong-Suk retrucou de imediato, meu coração se aqueceu. — Eu esperei por ela há anos, você sabe, Isabel.

— Você diz isso agora, espere a magia do caos começar a agir com mais força na vida dos dois e me conta se não vai mudar de ideia. — respondeu áspera.

Meu coração batia forte, eu queria entrar lá e confrontá-los. Entretanto, o anseio por respostas foi maior e eu retornei para o meu quarto, fechando a porta atrás de mim.

— Serena! — Chamei o mais alto que pude. — Eu preciso de você, agora...

— Desculpe, Lavínia... — Uma explosão de rosa e branco surgiu diante dos meus olhos e no meio da fumaça Serena apareceu. — As coisas estão piores do que eu imaginava.

— O que está acontecendo exatamente me explica agora! — ordenei nervosa.

— A magia do caos age quando uma fada inexperiente lança qualquer feitiço da paixão em um casal predestinado pela magia da existência a ficarem juntos. — explicou, voando em volta da minha cabeça. — Eu não cogitei que ele estivesse propenso a falar com você sem a minha intervenção. Não chequei o histórico de existência dele e isso foi um erro grave. Por conhecer seu coração e compreender que seu sentimento por ele era puro e sincero. Decidi ajudar a ficarem juntos através da magia do amor, mas o feitiço ricocheteou porque ele é um protegido por uma das nossas e isso desencadeou o feitiço do caos. Eu estraguei tudo, era para vocês serem muito felizes juntos... — Ela começou a chorar.

— Não chora, Serena — pedi comovida. — E por favor, fale a minha língua, não estou conseguindo entender a gravidade da situação... — Eu andava de um lado para o outro no quarto. — O que eu tenho que fazer neste caso?

— Você precisa mais do que nunca conquistá-lo verdadeiramente, o amor genuíno vai agir contra o feitiço do caos e tudo se ajeitará... — Serena hesitou por um instante. — Mas se não der certo, se o sentimento não for forte o suficiente para aguentar a força do caos. Vocês vão se odiar para sempre ao final de dez dias!

— Eu nunca vou odiá-lo! — exclamei, lembrando do que ouvi há pouco no quarto dele. — Jong-Suk disse que também não vai me odiar, até parece que está começando a se interessar por mim... vai ficar tudo bem, não é? — Tentei ser otimista.

— Ontem foi só o começo, Lavínia — Serena jogou um balde de água fria no meu otimismo. — Não há muitos registros de casais que suportaram a magia do caos e ficaram juntos. Casais predestinados a se amarem que passaram a se odiar até o resto de suas vidas... Eu não queria que fosse assim, só quis ajudá-la. Eu pensava que a predestinação de casais estava extinta há séculos, o histórico de existência do Lee Jong-Suk era um segredo para as outras fadas. Inclusive para mim... — Recomeçou a chorar, enquanto vários pontinhos brilhantes começavam a cair de seus olhos minúsculos.

Ela era tão linda e delicada, eu sabia que não fez por mal.

— Está tudo bem, Serena — confortei. — Na minha simples realidade eu e ele já éramos um casal totalmente impossível e improvável mesmo. — Dei de ombros. — Jong-Suk é um ator famoso e eu sou apenas uma fotógrafa desconhecida. Em qual universo estaríamos predestinados a ficar juntos? — Quase ri do disparate.

Contudo, meu coração doendo revelava que eu gostaria muito que fosse verdade. Quer dizer, o fato de eu e ele estarmos ligados por alguma magia cósmica que eu sequer sabia existir até ontem.

— Lavínia? — A voz dele soou alta e grave. — Com quem você está falando?

Abri a porta aos prantos, nem percebi que estava chorando. Joguei-me em seus braços e o puxei para mim, se tudo fosse acabar com ele me odiando — já que eu nunca poderia odiá-lo — queria pelo menos senti-lo próximo ao meu corpo. Abraçá-lo uma vez na vida antes de tudo ter fim.

— Serena me contou tudo... — Funguei. — Você vai me odiar pra sempre!

Senti seus braços me envolverem pelos ombros, então ele tombou a cabeça sobre a minha.

— Eu nunca vou te odiar — Sussurrou com a mesma segurança de antes. — Eu esperei anos por você, como vou odiar a garota que estou predestinado a amar desde criança?

Desenterrei o rosto de seu peito por um instante, para olhar em seus olhos.

— Isso é sério? — perguntei receosa. — Sobre existir em algum lugar neste universo a certeza de que vamos ficar juntos? Que o meu amor platônico e ridículo por você não é coisa da minha cabeça? Que eu não preciso arranjar um namorado qualquer para deixar de sonhar com um homem que está além da minha realidade?

Ele riu.

— Caramba, você se declarou pra mim? — questionou incrédulo. — Só nos conhecemos a um dia e meio, talvez menos.

Acabei rindo também em meio às lágrimas.

— Tá legal, agora esse sonho ficou muito doido. — brinquei, tentando me beliscar. — É um sonho, não é? Eu vou acordar em algum momento na minha cama com a sensação de que te conheço como ninguém e vou ter que afogar as mágoas assistindo reprise de W dois mundos com um pote de sorvete, na companhia da minha almofada com o seu rosto estampado! — exclamei rindo. — Aliás, você estava o maior gato naquele dorama. Meu senhor da bicicletinha, como queria ser eu no lugar da atriz e...

Então ele me calou.

Me calou com um beijo.

Um beijo na boca.

Acho que eu vou enfartar.

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Gente eu prometo que agora vou pegar leve na atualização dos capítulos, tá? Queria adiantar a história e firmar o enredo, agora vou fechar as pontas e não sei se eu mencionei, mas essa é uma short fic. Ou seja não vai ser longa e tals.

Se estiverem gostando não deixem de me contar nos comentários e de deixar uma estrelinha, ajuda muito!

A culpa é da fada!Onde histórias criam vida. Descubra agora