04. Aprendendo a conviver

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Com o passar dos dias, o escritor e o assistente desenvolveram uma relação razoável. Eles ainda discutiam com frequência, mas nada tão sério que prejudicasse seus bons termos. É por isso que eles começaram a aproveitar o tempo juntos, embora não falassem sobre isso com clareza.

Como aquele incidente com o cachorro do vizinho.

Ohm estava com os braços ocupados com sacolas de compras e o cachorro da mulher ao lado dele no elevador parecia extremamente entusiasmado com a confraternização com sua perna. Por mais que ele lançasse olhares significativos para a mulher, sua atenção parecia focada na tela do telefone e perdia os eventos ao seu redor. Felizmente, o elevador alcançou o andar indicado e ele saiu para o corredor. Infelizmente, a mulher com seu animal de estimação também.

O menino apressou o passo para evitar mais complicações, mas se atrapalhou com a porta. Ele havia colocado as chaves no bolso antes de sair do supermercado e agora, com as mãos ocupadas, teve problemas para pegá-las. Por isso, foi com algum esforço e graças aos longos dedos que conseguiu alcançar o pequeno anel de metal que ligava as chaves e colocar a correta na porta.

Porém, nesse momento, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: Ohm ouviu seu nome sendo chamado por Fluke que também chegava ao apartamento mandando-o fechar a porta. O cachorro se livrou da mão da sua dona e entrou no apartamento do escritor. A mulher estava em choque com a boca aberta enquanto os três observavam seu animal agachar-se em sua posição conveniente e urinar no tapete de Fluke.

"Oh, Nong Fluke, sinto muito pelo Bob! Você sabe como ele é!", ela disse entrando no apartamento ainda calçada e pegando o animal. Ela rapidamente fechou a porta de seu apartamento depois disso para evitar qualquer discussão adicional.

Fluke não se incomodou o suficiente em dizer algo para a mulher, porque o péssimo hábito de Bob era familiar a todos naquele andar. O cachorro sorrateiro esperava que seus vizinhos deixassem a porta aberta apenas para entrar correndo em suas propriedades e sujar seus tapetes ou sofás. No entanto, como ainda era novo no prédio, Ohm não sabia sobre esse pequeno vilão e acabou sendo vítima de Bob. Ou o tapete de Fluke foi a vítima, mas ele ficou chocado mesmo assim.

"Puta merda!", Ohm praguejou, incapaz de manter as boas maneiras naquela situação.

"Na verdade é xixi.", Fluke comentou tentando esconder o riso.

"Se eu não soubesse que vou limpar isso, riria da piada, obrigado.", Ohm disse olhando para Fluke.

"Sem problemas! Dizem que ser fofo não leva a lugar nenhum, mas ser engraçado ajuda a ganhar um cara!", Fluke disse colocando uma mecha de cabelo imaginária atrás da orelha, um gesto que o assistente achou adorável até que ele assimilou o significado das palavras do outro.

"O que você disse?"

"Não foi nada! Só me dê as sacolas, vou colocar na cozinha enquanto você cuida do tapete!", Fluke disse pegando as compras e fugindo tão rápido quanto a dona de Bob havia feito momentos antes.

Ohm foi deixado na entrada do apartamento meio horrorizado com a tarefa e meio encantado com o efeito das palavras de Fluke. Ele estava começando a gostar de trabalhar lá.

Ou daquela vez em que assistiram a alguns filmes juntos.

Fluke saiu do quarto irritado e suspirando pela casa.

"Posso te ajudar com alguma coisa?", Ohm decidiu perguntar.

"Você não pode!", Fluke respondeu mais rápido do que deveria, assustando o outro. Quando percebeu que havia sido desnecessariamente rude, tentou corrigir o tom "Desculpa, tô com um bloqueio de escritor e não consigo desenvolver um capítulo do livro".

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