Minha vida com você

02. Fora de sintonia

Ohm voltou ao apartamento de Fluke no dia seguinte. Como seu plano era tentar fazer uma reforma radical nas plantas da varanda, ele comprou alguns materiais de jardinagem simples e mudas de espécies fáceis de cuidar. Como trabalhava na floricultura, recebeu um desconto generoso na compra.

Novamente, quando ele chegou ao apartamento de Fluke, ele o encontrou vazio. Ou assim ele pensou até perceber que o barulho do ar condicionado indicava que o escritor estava mais uma vez dentro de seu quarto, trabalhando silenciosamente. Desta vez, no entanto, Ohm estava disposto a interagir o mínimo possível com o homem e se concentrou apenas em seu próprio trabalho.

Ele ligou a cafeteira e foi até a varanda para começar a trabalhar. Era difícil lidar em um espaço tão pequeno sendo tão grande como Ohm era, então ele decidiu levar algumas das coisas para a área de serviço do apartamento. Não era muito maior, mas ele se sentia mais à vontade para lidar com as plantas lá.

Em pouco tempo, a varanda ganhou um novo ar de frescor e cor. Quase parecia um local agradável para uma leitura de fim de tarde ou para sentar-se na cadeira que ali estava e desfrutar das estrelas em meio ao perfume das flores. Ambas as alternativas eram boas de serem consideradas.

Ele não ficou nem um pouco surpreso quando confirmou que o pombo que viu no dia anterior estava realmente morto e teve que usar dois pares de luvas para poder tocar a criaturinha.

Assim que o projeto da varanda foi concluído, Ohm sentiu que não havia mais como evitar seu destino. Ele precisava entrar no quarto para limpá-lo. Ele bateu duas vezes na porta e não obteve resposta.

"Ele é tão mal educado!", Ohm sussurrou para a madeira da porta, assustando-se quando Fluke a abriu.

O escritor estava usando um pijama diferente do dia anterior, este com estampa de ursinhos. Seu cabelo não estava perfeitamente penteado, mas era visível que o homem se dedicou a pentear os fios sedosos. Provavelmente, a aparência desarrumada era um efeito colateral do hábito do escritor de passar os dedos pelos cabelos quando estava impaciente. Na verdade, aqui estavam eles novamente.

"O que você quer aqui?", o escritor perguntou, franzindo a testa.

"Desculpe incomodá-lo, senhor. Só preciso limpar o quarto...", Ohm parou de falar quando Fluke deu as costas e deixou a porta aberta, sentando-se à mesa para trabalhar. Cada momento que passavam juntos, Ohm sentia uma raiva crescente pelo homem que parecia não se importar nem um pouco com as regras sociais de boas maneiras. Mesmo assim, não cabia a ele julgar e ele decidiu se dedicar novamente ao serviço.

O quarto estava tão bagunçado quanto o resto do apartamento antes da chegada de Ohm e ele não se surpreendeu com o fato. Ele começou trocando os lençóis e as toalhas do banheiro, depois lavou o cômodo de cima a baixo e arrumou delicadamente os produtos no balcão. Quando ficou satisfeito com o resultado, voltou para o quarto. Ele teria que enfrentar a besta que estava absorvida todo esse tempo olhando para a tela do computador em uma mesa perto da janela.

Mas Ohm ainda não era tão corajoso e preferia agir discretamente e limpar o máximo possível sem perturbar a paz do outro por puro medo de sua provável reação. Então ele decidiu reorganizar os livros nas prateleiras do quarto e tinha certeza absoluta de que alguns deles eram cópias dos que encontrara na sala de estar. A diferença provavelmente era que estes pareciam mais usados ​​do que os outros.

Depois disso, o mais jovem decidiu tirar as cortinas para lavá-las. Mesmo sendo alto, ele não conseguiu alcançar o varão e pegou uma das cadeiras do balcão da cozinha para escalá-la. Quando se esticava para tirar as cortinas, assustou-se com o tom furioso do escritor.