2 - Uma Nova Proposta

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Doyoung 🐰

Depois daquele evento desastroso no Vanilla, volto para casa, estressado, sujo e me sentindo um lixo com pernas.

Durante o caminho todo, penso em como poderia ter lidado com tudo com mais calma, tentar ser mais racional e perspicaz. Ao mesmo tempo, estampo um "dane-se" bem grande para todo aquele pessoal da cafeteria por aquele tratamento. Não quero apelar para a patética frase de "o cliente tem sempre razão" porque ela é errônea na maioria das vezes, nem comprovar meu selo de Karen, mas poxa! Aquilo me irritou mesmo.


Não é algo que tenho orgulho de dizer, mas eu tenho problemas em lidar com meus sentimentos de forma geral. Quando eles são demais, manifestam-se como fagulhas incandescentes, meu pavio curto de nascença acende, e então tudo se converte em explosões — na maioria dos casos, em forma de raiva — e minhas reações tornam-se incontroláveis.

É bem patético. Fica tudo uma bagunça. Não sou lá o mais fácil de se lidar, mas encontrei amigos que me veem por trás desse perfil irritadiço e disseram que é até fofo, toda essa minha falta de jeito. Eu não acredito, mas também não discordo. Não é por mal que fico assim, faz parte de mim. Eles compreendem e não me julgam por essa faceta minha nada charmosa, oferecendo todo o seu apoio e compreensão que me faz querer ser uma pessoa melhor, menos explosiva.

Entretanto, às vezes essa carga súbita de emoções não consegue ser parada e, bem, isso acontece.

Quando chego em meu apartamento, a primeira coisa que acontece é meu celular vibrar loucamente dentro do bolso. Já sabendo do que se trata, coloco-o para carregar no quarto para olhar depois, quero antes de tentar resolver as coisas do meu jeito.

Tenho orgulho desse lugar que tenho. Quando decidi que queria cursar Audio Visual na SNU, meu primeiro problema foi com a moradia. Me lembro dos vários meses que passei trabalhando para economizar dinheiro e dar entrada nesse lugar, e trabalho até hoje nos meus estágios para pagar o "aluguel". Não é muito grande, mas é o que eu tenho e amo. Além disso, a janela de meu quarto tem uma vista bonita da cidade, se estendendo da área urbana até o centro comercial.

Trato logo de tomar um banho e me livrar das roupas sujas, rezando para que minha camisa não fique manchada. Felizmente, aquele gosto horrível que estava na minha boca e incômodo na garganta finalmente passaram. Já me ajuda um pouco.

Me troco no quarto, pondo meu conjunto de pijamas azul celeste e direciono um sorriso fraco a estrutura brilhante no canto do cômodo, me aproximando até a ponta de meus dedos tocar suavemente a borda gélida do tanque dominado por uma fraca luz azul, com um serzinho cor de rosa nadando na água.

— Oi, filhote. — Digo para minha única e fiel companheira: Stella, a axolote.

Eu a adotei alguns meses após me mudar para cá, porque me sentia muito sozinho e não podia ter um cachorro ou gato. Além disso, eu não gosto de coisas muito convencionais.

Foi um perrengue só para adotar Stella. Por ser uma espécie ameaçada de extinção que só existe graças aos viveiros médicos e criação doméstica e necessitar de cuidados especiais. Foi muita papelada, mas valeu tudo a pena para ter essa fofa.

Seu corpinho dança na água, a cauda comprida ondulando na água transparente do aquário decorado. 01 e 02 — seus colegas de aquário, duas ampulárias macho de água alcalina que mal medem o tamanho do meu polegar — estão grudados no vidro se alimentando. A salamandra me olha, com suas duas bolinhas tão pretas quanto carvão e um "sorriso".

Vanilla Day • DoJaeOnde histórias criam vida. Descubra agora