5 - A conta, por favor!

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Doyoung 🐰

Passados dois dias depois de meu encontro com Jaehyun, chegou a segunda-feira, o dia de encontrar Jungwoo no Vanilla.

Não é como se eu não quisesse ir de verdade. Não é nada contra, mas ainda tenho o sentimento de constrangimento que me faz querer ir para longe. Sabe quando você tropeça na saída de uma loja, derruba algo no chão, faz o maior barulho e você só quer ir embora e nunca mais voltar? É esse tipo de sensação, entende?

Estou nervoso também. Não tenho boas memórias naquele café e ainda não sei o que posso fazer em relação a Jungwoo ou ao projeto. Por mais que tenha tentado, não tenho nenhuma ideia suficientemente boa, mesmo já tendo feito alguns curtas e documentários durante meus anos de faculdade e até antes deles.

Taeyong não se mostra muito interessado nessa parte, ele prefere cinematografia; resumidamente, filmar. Ele dará suas opiniões, mas estará ok com o que eu oferecer de premissa. Ele confia em mim para pensar em um bom enredo e vai ser bom gastar umas horas planejando isso.

Só espero que Jungwoo também esteja com vontade. Gostaria de ouvir que tipos de ideias ele tem, descobrir seus interesses.

É só não pensar no gerente de cabelo rosa e no atendente metido. De boa. Consigo evitar eles.

Encontro Taeyong no caminho e vamos juntos para o café, seguindo a rota que tomei na noite em que ele deu um chá de sumiço. Não demoramos muito para chegar, mas ao ver a fachada do prédio, fico estagnado no outro lado da rua, antes de atravessarmos.

Taeyong nota minha falta de movimento e volta uns passos, para o meu lado.

— Vai amarelar agora, Doyoungie?

— O quê? Não, eu só... Só estou tomando um pouco de coragem. — Dou um sorriso amarelo, olhando a placa com o nome da cafeteria.

Uma tormenta de inúmeros cenários ruins passam por minha mente como um filme acelerado, sem cores, barulhento. Sou um refém pego por esse tornado de possibilidades distorcidas que me levam e me jogam e estraçalham minha mente. Meu corpo é atirado contra troncos, carros e qualquer coisa que isso consiga puxar, partindo meus membros a cada golpe. Faz minha cabeça zumbir, meu sangue gelar, e em todas as alternativas eu sempre acabo humilhado, raivoso, envergonhado ou com medo. Temo pelo que nem veio a ocorrer, e vacilante, quase dou um passo para trás.

Talvez devesse mesmo dar. 

Era como se eu estivesse na linha do trem em um dia sem sol. Ouço o som dele chegando, longínquo, e sinto a vibração dos trilhos sob meus pés. Não tenho coragem para erguer a cabeça a ver meu destino chegando — o seu fim —, apenas sinto o trem se aproximando e a aflição gradativamente aumentando.


O apito toca tão alto que 

         não ouço nada além disso 

                        só espero o momento 

                                    que  o impacto virá 

                                                  e me esmagará.

Mas não vem. 

Vanilla Day • DoJaeOnde histórias criam vida. Descubra agora