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Você gostaria de poder dizer que sabia no que estava se metendo quando conheceu Luca Changretta. Que você estava preparado para o que estava por vir, que tinha plena consciência dos riscos que corria ao se envolver com um mafioso. Mas você não conseguiu.
Você era apenas uma garota de uma cidade pequena que se mudou para Nova York em busca de fortuna, fascinada pelo mito da vida na cidade, uma vida que até alguns meses antes você apenas sonhava. Você nunca se viu perto do submundo, nunca teve problemas; você viveu uma vida tranquila na casa de sua família, passando seus dias ajudando sua mãe ou lendo alguns livros sob a sombra da velha árvore de seu jardim, bem em frente ao balanço que seu pai pendurava nos galhos quando você era criança. Mesmo sendo grato pela maneira como seus pais o criaram, você estava procurando por algo mais. Você não queria passar a vida inteira no campo monótono, então fez as malas e se mudou para Nova York, com uma mala em uma das mãos e seus sonhos na outra.
Você começou a trabalhar para um alfaiate italiano que fazia ternos em um porão na Mott Street, Fenacci. Você tinha um pouco de experiência, era bom no que fazia, não foi difícil conseguir o emprego.
A primeira vez que você conheceu Luca, não sabia o que ele fazia para viver, do que era capaz.
Você estava se afogando em seu trabalho, quando ouviu a campainha da porta tocar quando um homem alto que você nunca tinha visto antes entrou na loja como se fosse o dono do lugar. Sua colega de trabalho o cutucou levemente para chamar sua atenção, inclinando-se em sua direção com um olhar cauteloso no rosto.
"O que ele quiser, é por conta da casa", ela sussurrou, sentando-se ereta novamente para voltar ao trabalho. Você assentiu, ainda confuso com o comportamento estranho dela. Olhando ao redor, você notou que a sala ficou tão silenciosa que dava para ouvir um alfinete cair, todos estavam concentrados no trabalho e ninguém ousava olhar para o homem.
Você não entendia por que ninguém falava com ele ou perguntava o que ele precisava, nem porque ele simplesmente andava pela loja sem pedir ajuda aos vendedores. Por ser uma garota naturalmente tímida, era difícil para você falar com as pessoas, então você teve que reunir coragem antes de falar com ele. "Posso te ajudar senhor?"
Depois da sua pergunta, quase todo mundo parou o que estava fazendo, olhando para você como se você estivesse louco. Você nervosamente mexeu no lápis, imaginando o que fez de errado.
O homem, que antes olhava alguns ternos de costas para você, virou-se lentamente, visivelmente surpreso pelo fato de alguém ter tido a coragem de falar com ele. Quando seus olhos verdes pousaram em você, você podia ver um toque de diversão neles.
"Você é nova?" ele perguntou com um forte sotaque, dando alguns passos em direção à sua mesa. Você assentiu, já sentindo seu rosto ficar vermelho de vergonha.
