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Acordo depois de algumas horas. Pela fresta da cortina vejo o sol baixo, querendo se despedir. Me levanto com o corpo pesado. Com um bocejo eu estico meus ossos.

— Boa tarde, dorminhoca. — A voz irritante da fada invade meus ouvidos.

— Denki, que horas são?

— Duas horas até o pôr-do-sol. — Responde ajeitando o cabelo.

— Certo. Devo me juntar aos demais na preparação. — Me levanto da cama.

— Não se preocupe com isso. Estão te cobrindo. — Encarou as unhas brilhantes. — Izuku deixou suas armas no seu sofá. Todas estão afiadas como sua língua.

— Isso é ótimo. — Começo a me despir. Me interrompo quando noto o olhar pervertido de Denki atento sobre mim. Agarro a fada em minha mão, a atiro janela a fora. Abaixando a tábua que fecha a janela. — Sai fada pervertida.

Tiro minhas roupas ficando nua. Solto o cabelo, um pouco molhado ainda.

"Tempo até o anoitecer, não preciso usar a roupa da apresentação ainda. "

Coloco top branco de tecido leve, marcando bem meus seios — que com as ruas de caça sempre ficam mais presos —, com adornos de ouro nos limites. Uma saia com quadris mais firmes como uma cinta, também com os adornos dourados e reluzentes mesmo na pouca iluminação, o alongamento mais leve, mais transparente e sem os enfeites dourados. Completando coloco o broche de minha família na cabeça. Um mero símbolo de minha posição como "princesa". Não calço meus pés, fico descalço mesmo.

Abro a janela. Permitindo a entrada de Denki, que o tempo todo não parou de bater na madeira desesperadamente implorando para entrar.

— Eu já estava saindo quando me jogou para fora. — Parou em cima de minha cama de costas para mim com os braços cruzados.

— Caro que estava, senhorita piriplipim. — Zombo revirando os olhos. — Até mais. — Aceno já saindo.

Pego uma adaga e a prendo na perna. Apenas por costume. Fecho a porta principal ao sair de casa. Desço ao piso principal da árvore respirando o ar fresco

— Achei que não ia acordar mais priminha. — A voz irritante invade meus ouvidos.

— Neito... achei que não iria sair vivo da redenção desta vez. — Comento com falsa leveza. Não me viro para encara-lo. — Diga-me, foi bom ficar no meio das feras sanguinárias do bosque norte? Eu mesma recomendei que te enviassem para lá. — Me viro o encarando. Está sem camisa, como maioria dos homens por aqui. O mesmo joga e pega um punhal no ar. Encostado na cerca. Me encarando com seu sorriso repleto de veneno.

— Foi como eu pensei... — Da uma risada cínica. — Bom, não nada que não pudesse lidar. Se superou desta vez. Será que apresento tão grande ameaça para me mandarem para o bosque norte?

— Ah. — Dou um riso irônico. — Ameaça? Você? De forma alguma. É somente a forma mais fácil de lidar com o lixo indesejado. — Respondo com deboche. — Se me dar licença, tenho tarefas a realizar. — Não recebo uma resposta. Saio andando.

Passo pelo refeitório. Um grupo animado no portão principal me chama a atenção. Me aproximo da beira. Olhando mais atentamente. Parece ser um grupo de garotas rodeando alguém. Não consigo ver quem.

— Quer uma luneta chefinha? — Um dos arqueiros que passa me oferecesse sua luneta.

— Obrigada. — Ele a joga para mim. Pego no ar, virando na direção do grupo. Posiciono na frente do olho.

Realmente é um grupo de garotas em volta de alguém que eu nunca vi antes. Um garoto de braços fortes, talvez mais do que os que costumo ver por aqui. Seu cabelo é loiro. Ele veste uma capa vermelha rasgada, colares brilhantes e um par de brincos brilhantes. Está desmontando o grande logo branco.

— O que alguém da tribo caninos brancos fez aqui? — O outro arqueiro pergunta.

— Não ficou sabendo? — O que me emprestou a luneta começa. — O chefe convidou os herdeiros das tribos: Caninos Brancos, Terras Vulcânicas e o mais novo dos vikings. — Dar a informação.

Fecho a luneta e a devolvo ao dono.

— Obrigada.

Retorno ao meu caminho. Caminho até a casa do chefe, com o sol sob minhas costas. Uma sombra repentina cobre parte da aldeia em uma passada rápida. Assim como os demais, olho encarando a criatura forasteira um dragão de escamas rubras.

— Das Terras Vulcânicas... — Mordo meu lábio irritada.

— Pela sua cara. Está indo atrás de confusão. — Mina se aproxima. Coloca o cotovelo sobre meu ombro em um gesto relaxado. — Ouviu os boatos? Você tem três pretendentes, e dois deles já chegaram. — Diz animada. A olho com frieza. — Sem essa cara para mim. Minha animação não com o casamento. E sim em como as coisas vão ficar interessantes com você passando a perna em três machos forasteiros. Isso vai ser divertido demais. — Ela dá um pulinho colocando as asas rosadas para fora. — Antes que vá falar com pai, vim trazer isso. — Me estende a bainha da espada. A bainha essa demorou mais para afiar. Não mate seu pai ainda, viu? — Acena já saindo correndo.

Me direciono à passos largos para a casa do chefe, meu pai, ao estar em frente à construção de madeira e rochas. Bato à porta que não demora a ser aberta. Revelando a mulher de vestes claras, estatura baixa, olhos quase pálidos e fios de cabelo prateados, minha mãe.

— S/n, que bom que veio. Seu pai está lhe esperando.

— Espero que ele esteja pronto para me ouvir também. — Me dá passagem. Entro na grande casa.

A mulher me leva até meu pai. O mesmo está à mesa. Em sua frente um javali assado com melado.

— O jantar é em algumas horas. E o almoço já foi há muito tempo. — Digo ao adentrar o cômodo. — Procuro a igualdade que tanto prega, papai. — Cuspo as palavras. Vejo-o arrancar um pedaço da coxa do animal morto com os dentes. O rosto sujo de sua barganha.

— S/n, junte-se a mim. — Convida dissimulado. Faço uma careta.

Jogo com brutalidade a bainha de couro de dragão e pele de bode sobre a mesa que bambeia com a força. Um completo desrespeito aos olhos de qualquer um. Especialmente, em um momento sagrado de alimentação. Mas que também é modo de "pedir" atenção.

O chefe nota minha seriedade. Com o olhar, pede à minha mãe para tirar o prato de javali assado. Assim ela faz.

— Achei que tivéssemos um trato, Arne. — Comecei. Esguia como uma víbora. — Você deu sua palavra que diria a mim, quando escolhesse os malditos. E que eu seria a primeira informada de suas vindas às nossas terras. — Pronuncio irritado.

— Você saiu para caçar-

— Fiquei três dias fora, não é tempo suficiente! — Exclamo. As mãos contra a mesa que treme com força utilizada.

— Ela tem razão. — Mamãe volta intervindo. Sua voz baixa, delicada como um canto de pássaro na primavera. — Não é a primeira vez que falta com sua palavra. — Se coloca ao meu lado na discussão.

— Certo, certo... — Arranha a garganta colocando a mão na frente de boca, quando ele iria argumentar minha mãe se adiantou

— Acho que já está mais do que na hora de discutirem sobre o casamento. — Coloca as mãos sobre meus ombros.

Ela dá um leve aperto como se me chamasse. Olho para ela. Me surpreendo com o olhar recebido. Sei exatamente o que ela quer dizer com ele. Tenho seu apoio para realizar o que almejo. Mesmo tendo de derramar o sangue de seu marido.

Matadora De Feras - Fanfic BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora