Capítulo 3

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Draco rapidamente descobriu que ir para Hogwarts em seu último ano era provavelmente a pior decisão que podia ter feito. Não era como se as pessoas o estivessem machucando fisicamente ou algo do tipo. . . Não, era mais o facto de que todos o ignoravam que o frustrava e aborrecia tanto. Ele podia ter lidado com  zombarias, risos e piadas às suas custas. Poderia até ter lidado com alguns feitiços, socos ou algo assim. Em vez disso, não obteve completamente nada. Ninguém lhe dirigiu palavra ou mesmo o olhou. Ele estava completamente sozinho

Logo Malfoy se viu vagando pelo castelo para tirar sua mente da solidão. Ele percorria os corredores vazios à noite e encontrava todo o tipo de passagens secretas e portas que impressionantemente lhe haviam escapado nos primeiros anos. O loiro se viu incapaz de dormir também, sendo atormentado por pesadelos com o Lord das Trevas e todos os seus seguidores que vivam na Mansão Malfoy. Então, para tirar sua mente de tudo, ele caminhou tarde, de noite, esperando não ser pego por nenhum dos professores. 

Uma noite, ao passar pelo Salão Principal, ele sentiu uma rajada de ar frio que sabia que não deveria estar ali. Deu uma breve olhada ao redor e logo percebeu que as portas que davam para fora estavam ligeiramente abertas. Ele não pôde evitar deslizar por entre as portas, certificando-se de as deixar um pouco abertas para que pudesse voltar mais tarde. 

Enquanto caminhava, percebeu que estava com frio e que realmente teria sido uma boa ideia ter trazido um casaco. Apesar disso, continuou andando até chegar à árvore à beira do lago, vendo-se surpreso ao descobrir que já havia outra pessoa ali. 

- Oh. . . Desculpe, eu vou. . . - Draco matutou baixinho, já se virando para sair. 

- Não, está tudo bem, Malfoy. - Uma voz familiar retrucou, que Draco logo reconheceu como sendo de Potter. 

O jovem de cabelos negros se moveu levemente para dar espaço ao garoto de cabelos platinados para se sentar do seu lado sob a árvore gigante. Draco ficou parado por um momento, se perguntando se o outro garoto estava falando sério. Não vendo sinal de piada, apenas se sentou silenciosamente. 

Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo observando o sol que começava a nascer na frente deles, dando ao lago bonitos tons de laranja e amarelo. 

Finalmente, Potter falou algo que o pegou totalmente de surpresa. 

- Pesadelos, Malfoy? - Perguntou baixinho. 

- Eu não vejo como isso é da sua conta. - Malfoy quase cuspiu. 

Harry ficou em silêncio, um olhar pensativo cobrindo seu rosto. - Eu também tenho sabe... Não é nada para se envergonhar. 

- Sobre o que eles são? - Perguntou sem fôlego. 

O que eu estou fazendo? Ele se perguntou. Falando com Potter... Sobre pesadelos!  Eu finalmente estou ficando louco?  Você quer saber? Eu vou apenas zombar dele e vou embora, é isso que eu vou fazer. . . Mas é claro, ele não fez tal coisa, já que Potter foi a primeira pessoa a falar com ele em meses e ele não podia arriscar perder esse momento. Mesmo que seja com Potter. . .

- A guerra, é claro. . . Voldemort. . . As pessoas que eu não salvei. . . - Harry disse melancolicamente. 

- Você não poderia ter salvado todos, Potter. . . A vida não funciona assim. - Draco matutou, confuso com o Harry Potter que estava vendo. Ele estava tão habituado com o moreno confiante que arrumava brigas com ele em todas as oportunidades. Não esse Harry; que obviamente tinha crescido.  

- Mas eu gostaria que sim. 

Olha, Potter, - Disse vigorosamente. - Não há como você salvar todo o mundo, então pare de se martirizar por isso. Se não fosse por você, mais pessoas teriam partido. Você fez tudo o que podia para salvar a todos e assim, em vez de você ficar deprimido, talvez você devesse viver a vida que outros morreram para te dar. 

Ele não sabia de onde isso tinha vindo e estava com medo de ter cruzado algum limite em algum lugar e que Harry iria se levantar  e deixá-lo sozinho mais uma vez. No entanto, em vez de ficar com raiva, o outro adolescente simplesmente sorriu levemente antes de dizer: - Acho que você está certo Malfoy. Obrigado. 

Dizer que ele ficou surpreso seria o eufemismo do ano. Draco não conseguiu encontrar nenhuma palavra em resposta e sabia que devia parecer um idiota com a boca aberta em descrença.  Quando ele não respondeu de nenhuma forma, Potter olhou para ele, apenas para se entregar na gargalhada e ecoou pelo lago como música. 

- A expressão no seu rosto é inestimável! - O moreno balbuciou entre risadas. 

Com a risada do outro garoto o loiro não pôde deixar de sorrir de volta. 

- Bem, não é todo o dia que um Malfoy recebe um agradecimento vindo de um Potter. - Ele disse jovialmente. 

Os dois garotos ficaram sentados em um silêncio mútuo, cada um sorrindo para si mesmo, antes de Harry lançar um feitiço temporário e perceber que horas eram. - Malfoy, melhor a gente ir, daqui a pouco vai ser o café da manhã. 

- Oh sim... - Draco respondeu, estranhamente desapontado por esse momento ter chegado ao fim. 

Os dois se levantaram e uma brisa fria percorreu seus corpos, embora Draco estivesse em uma temperatura significativamente confortável, mesmo que anteriormente estivesse congelando. Harry, vendo a expressão confusa do azulado explicou: - Eu lancei um feitiço de aquecimento em você quando você se sentou; senti que você estava com frio. 

- Obrigado, Potter. - Disse, surpreso com a consideração do colega. 

- Um Malfoy agradecendo um Potter? O inferno está congelando? - Harry soltou em tom de brincadeira. 

O loiro não pôde deixar de sorrir de sorrir de volta enquanto caminhavam em direção das portas do castelo. Potter abriu a grande porta e ambos entraram, fechando a porta atrás de si. Draco não queria nada mais do que garantir que isso aconteceria novamente, mas não tinha ideia de como perguntar, ou pior, se Potter aceitaria. Não teve que se preocupar com isso por muito tempo, entretanto, enquanto Harry, com a sua coragem típica de um grifinório falou primeiro. 

- Ei Malfoy, se você não conseguir dormir de novo... Já sabe onde me encontrar... - Nisso, o jovem moreno se virou sem ao menos olhar para trás.  


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