CAPÍTULO 37

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Me desculpem pelos erros

Boa_Leitura

Senti minha curiosidade ser intensamente provocada por sua afirmação confiante.

–– Por favor, vá direto ao ponto. Estou extramamente confusa. –– Confessei.

Aconchegando-se à sua cadeira acolchoada, Rebeca pareceu ficar um pouco mais séria diante de minha fala. Seus olhos variam todo o meu rosto, não como se ela estivesse me analisando ou algo do tipo, mas sim como se estivesse pensando em como começar a explicar sobre o assunto do qual ela se referia.

–– Nós já esperávamos por sua chegada há vários e vários anos. Na verdade, em determinado ponto, até chegamos a perder as esperanças. Mas, quando ouvimos aquele chamado, naquele exato momento, tivemos a certeza de que era você. Finalmente você tinha chegado.

–– O quê? –– Perguntei me sentindo ainda mais confusa.

–– A história vai ser longa, então espero que você tenha um pouco mais de paciência. –– Sorriu divertida.

Entendi que com aquilo ela queria dizer que era pra eu deixar as minhas perguntas para o final da sua explicação.

–– Como você deve imaginar, os segredos que essa alcateia guarda são muito maiores do que poderíamos contar em todos os dedos dos pés e das mãos juntos. Muita coisa aconteceu desde a nossa fundação até esse dado momento. Algumas situações nos favoreceram, já outras... Digamos que dificultaram bastante a nossa sobrevivência isolada.  –– Parando subitamente de falar, ela se levantou e caminhou até uma pratileira de livros que estava ao lado de sua mesa.

Passeando os dedos pelos livros que ali estavam, ela puxou um em específico, virando-se de repente para mim. Em suas mãos bem cuidadas, podia ver que aquele livro que segurava era bem grande e repleto de folhas em sua maioria meio amareladas. Sua capa era grossa e aparentemente de couro, me fazendo pensar ligeiramente em algo como um grimório.

–– Você sabe quem foi o fundador da nossa alcateia? –– Perguntou.

–– Não faço a mínima ideia.

Sorrindo, ela se aproximou.

–– Foi uma mulher. Leona Prado. –– Abrindo o livro numa página específica, ela o colocou sobre a mesa.

Por instinto direcionei meus olhos imediatamente para a página que ela deixava exposta para mim.

Lá, com uma espada prateada em mãos, uma mulher de madeixas pretas ostentava dominância enquanto diversos lobos diferentes a rodeavam. Ela parecia estar completamente nua, sendo apenas coberta por um longo casaco branco de pele lupina. Esse casaco, que mais parecia uma capa, tinha como "capuz" a cabeça de um lobo com olhos azuis e dentes pontudos afiados. Em seu rosto delicado de pele negra, desenhos feitos com sangue imitavam manchas de guerra.

–– Ela nasceu numa época muito pior do que a que vivemos nos dias de hoje. Uma época sombria onde os homens eram feras indomáveis buscando incansavelmente por prazer carnal e poder político. Seu pai, um Alfa poderoso, era o mais temido monstro de sua geração. Ele teve mais de vinte e cinco filhotes, dos quais nenhum sequer conseguiram escapar de suas garras doentias, exceto, é claro, por Leona. –– Apontou para a mulher de cabelos pretos estampada naquela página. –– Me diga, Laylla, você sabe o que são as fadas dos lobos?

Desviando meus olhos do livro, encarei-a com uma feição interrogativa.

–– Mais ou menos, não consigo me lembrar muito bem do que se trata. –– Respondi de maneira vaga.

O Chamado Da LobaOnde histórias criam vida. Descubra agora