𝖊𝖕𝖎𝖑𝖔𝖌𝖚𝖊

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— EU NUNCA HAVIA OUVIDO FALAR SOBRE ELA

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— EU NUNCA HAVIA OUVIDO FALAR SOBRE ELA. – Harry constatou. Estava dando um passeio com o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas na ponte suspensa. Havia sido impedido de ir para Hogsmeade com seus amigos, então decidiu se juntar a Lupin para passar o tempo.

— Não me surpreende. Acho que você nunca conheceu muitas pessoas que conheceram a sua mãe. – Remus retirou uma foto do seu casaco entregando para o garoto. Nela, sua mãe e uma garota da mesma idade abraçavam-se e riam cúmplices antes de acenarem para a câmera.

— Como ela era? – o garoto perguntou analisando bem a foto em suas mãos. Gostava de saber cada detalhe sobre a vida dos pais e não seria diferente daquela vez. Já tinha ouvido as impressões de Remus sobre Lily e James, queria conhecer também os amigos dos seus pais.

— Brilhante. Era muito inteligente, uma das melhores alunas da sala junto à sua mãe. E bondosa extremamente bondosa. Mesmo com aqueles que não fizessem questão da sua gentileza. – Remus comentou saudoso, olhando para o horizonte pintado de tons alaranjados. – Ela sempre apoiou o relacionamento da sua mãe com o seu pai. Fazia-se de cúpida nas horas vagas para que eles ficassem juntos.

Harry sorriu timidamente ao pensar em todos os momentos bons que os pais haviam vivenciado.

— Ela morreu na mesma noite dos seus pais. Nunca soubemos exatamente como, embora Dumbledore tenha sempre suspeitado dos Comensais. – Lupin acrescentou. Preferia não contar sobre a parte que ele mesmo havia a encontrado morta no dia seguinte, a casa completamente destruída enquanto ela jazia deitada como se nada pudesse incomodá-la. Completamente em paz. – Ela lutou bravamente contra Voldemort. Era uma mestiça.

Lupin aparatou na frente da casa. A porta estava aberta, o que fez olhar para os lados para ver se Allie estava por perto. Ao ver os cacos de vidro no batente ele correu para dentro. Não demorou para que ele visualizasse o corpo sem vida no chão. Seu coração parecia ter sido arrancado do peito.

As pernas tremeram, seu corpo gelou e o pior dos arrepios correu pelas suas costas. Remus respirou fundo antes de seguir em frente, se ajoelhando perto da garota sem vida. Seus olhos ainda estavam abertos e pareciam perdidos. Lupin sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto, abraçando a silhueta da namorada com força como se pudesse extrair algum sinal de vida dela.

— Deve ter sido difícil para você perder tantas pessoas que conhecia em uma noite só. – Harry concluiu.

— Valeu a pena. Todos lutaram por um propósito em comum, propósito esse que você alcançou naquela noite. – ele concluiu. – Você derrotou Você-Sabe-Quem naquela noite, Harry.

Não sabia como ou porque estava contando aquilo para Harry. De certa maneira, sentia-se responsável por contar tudo que sabia sobre James e Lily, já que era perceptível que o menino não sabia quase nada sobre os pais. Não que aquilo fosse uma surpresa já que Petúnia odiava James, Allie e todo o mundo mágico. Tinha tomado um cuidado extra para não demonstrar o quão próximo era dos dois, mas inevitavelmente sua mente sempre se lembrava dela.

Nunca conversou sobre Allie com ninguém. Não tinha ninguém para contar. Seus dois melhores amigos haviam sido mortos naquela noite e pouco tempo depois, Sirius havia sido preso responsável por matar doze trouxas e Peter Pettigrew. A única pessoa que realmente sabia da morte de Allison era Dumbledore.

Dumbledore havia se encarregado de apoiar Remus, embora não deixasse aquilo explícito. O grande bruxo sabia bem que, se deixasse Lupin sozinho, ele definharia até a morte. Quando soube que Harry estava vivo, aquilo deu um pequeno impulso para que ele se mantivesse vivo, apenas para assegurar que o sacrifício de todas as pessoas ao seu redor não tinha sido em vão, mas ele continuava triste.

No início, era insuportável pensar em Allie. Anunciar a morte dela à sua família havia sido, de longe, a pior parte. Além do sentimento constante de culpa por tê-la abandonado ali naquela noite a deixando completamente sozinha. Ele se odiou por anos. Mas, a dor se tornou habitual e ele aprendeu a lidar com ela. Ao menos, aprendeu a camuflar para que ninguém precisasse ser testemunha da sua infelicidade.

Harry havia aberto uma porta que por muito tempo se fechara e Remus estava grato. Era a primeira vez que se lembrava dos momentos bons e felizes que Allison havia vivido e não do seu corpo imóvel e sem vida no chão. Lembrava-se do sorriso gentil e cheio de luz, esquecendo completamente as mãos gélidas e inanimadas, as quais ele havia segurado com força enquanto chorava ininterruptamente, manchando o rosto pálido com gotas grandes e pesadas.

Harry tinha sido o grande motivo de Remus continuar tentando. Agarrou-se ao filho dos Potter como uma última esperança que o guiasse e o estimulasse a viver. E ele estava ali, transformando a única coisa que o assombrava noite após noite, em uma memória feliz.

— Às vezes nós perdemos pessoas importantes na vida. – Remus deu continuidade, voltando a olhar a foto na mão de Harry. – O importante é aprender que a dor que passamos jamais será maior que o amor que sentimos. Eu sei que você não tem muitas memórias com os seus pais, mas eles eram pessoas incríveis.

— Eu aposto que Allison era uma pessoa incrível também. – Harry assegurou ao notar que o professor falava daquela garota com um pouco mais de carinho do que devia.

— O que quero dizer, Harry, é que entendo exatamente como você se sente. Talvez não completamente já que eu conhecia bem as pessoas que eu perdi. Mas eu conhecia as pessoas que você perdeu também, então farei o possível para que você os conheça tão bem quanto eu.

Lupin segurou o colar que ainda estava ao redor do seu pescoço apenas para certificar de que ele ainda estava ali. Sentiu o coração bater mais rápido pela primeira vez em muitos anos. Era a primeira vez que ele se sentia tão cheio de amor.

— É mais parecido com eles do que pensa, Harry. Na hora certa, você vai descobrir o quanto.

𝐓𝐀𝐋𝐊𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐎 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐎𝐍  || remus lupinOnde histórias criam vida. Descubra agora