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~ jude montoya

(...)

- Como assim, Martin? Ele teve coragem de fazer isso? - Perguntei, indignada de tantas, tantas formas.

- Infelizmente, não é incomum. - Meu amigo respondeu. Estávamos em seu escritório, já era final de tarde e eu era a última cliente de hoje. Este era o Martin de terno Tom Ford, e cabelo penteado milimetricamente.

Respirei fundo, tentando controlar toda raiva que sentia. Fechei os olhos e voltei a encarar Martin.

- Quer uma água, Jude?

- Não, não. Pode continuar. - Pedi.

Ele voltou os olhos para a tela.

- Como eu havia dito, ele alegou legítima defesa. - Fez uma pausa. - Ele prestou depoimento em um consulado americano, vai responder em liberdade. Afirmou que você é violenta, tem atitudes hostis, e naquela tarde fez uma cena de ciúmes, foi para cima dele e por instinto, para se defender, a empurrou contra a porta... - Leu o que estava escrito.

- MARTIN! QUE ORDINÁRIO! - Soltei ficando de pé, eu não podia acreditar no que ouvi.

- Ele te apertou contra a porta... O ferimento é diferente de uma batida a longa distância. Eu estou com seu corpo de delito aqui, vou contestar isso. - Ele garantiu falando devagar comigo, para me acalmar.

Se eu pudesse imaginar que Sam era assim...

- E Jude?

- O que tem de pior?

- Ele descreveu suas crises de terror noturno, problemas psicológicos que no caso, agravam, te deixam inconstante.

Me sentei de novo na cadeira, atordoada.

- Ele está mesmo usando isso contra mim?

- É um covarde.

Limpei as lágrimas.

- Eu tentei, Martin. O que eu fiz pra ele? Eu não entendo o que eu fiz de tão mal pra ele...

- Algumas pessoas, são ruins, Jude. E não precisam de motivo pra isso.

- Eu detesto isso.

- A primeira audiência foi marcada para o final do próximo mês.

- Tanto tempo?

- Na verdade, é até rápido tendo em vista que tantos processos correm por anos...

Antes que eu pudesse responder, Nia entrou pela porta.

- Ah, eu sabia que você estava aqui! Jane me deixou entrar! - Disse se referindo a secretária de Martin, enquanto balançava uma garrafa de champanhe, vindo até nós. - TROUXE CHAMPANHE, A GENTE TEM QUE ESTOURAR!

- O que...? - Martin soltou meio atordoado, ficando de pé. Nia deixou a garrafa, e se jogou nos braços dele, lhe dando vários beijos, e gritinhos.

- Eu consegui, Martin. - Sorriu, e ele sorriu de volta, eles se olharam nos olhos, e eu tive que desviar o olhar.

- Eu sempre soube que conseguiria, não duvidei nunca, Nia. - Disse para ela, e pude ouvir mais alguns beijos. - Estou tão orgulhoso.

- Eu estou tão feliz, Martin. Fiquei sabendo agora e eu precisava contar pra você. - Disse com a voz embargada enquanto ele segurava as laterais do rosto dela.

E eles se beijaram de novo. Muito apaixonados. Muito mesmo.

Era uma cena tão fofa, que eu acabei sem graça de estar ali...

Comum de DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora