CIDADE DESERTA

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Eu ando pela cidade deserta,
E o silêncio me envolve,
Nada ouço,
A não ser as batidas do meu coração,
O eco dos meus passos
E o canto de algum pássaro perdido.

É triste vagar por estas ruas,
Outrora agitadas,
E não encontrar vivalma.

Onde estão as crianças que brincavam na praça?

Onde estão as pessoas que se divertiam nos bares e lanchonetes?

Onde estão os vendedores?

Onde estão as pessoas que iam e viam seguindo sua rotina?

Onde estão os fofoqueiros que cuidavam da vida de todos?

Estão todos escondidos,
Esperando a tempestade passar e tudo voltar ao normal.

Enquanto isso, a cidade permanece muda
E eu continuo caminhando por aí,
Solitária,
Com medo daquilo que não vejo,
Mas que anda por aí,
Ocupando o vazio que as pessoas deixaram nesse lugar.

Eu não devia estar aqui,
Devia estar em casa escondida como os outros,
Mas não resisti
Quando me disseram que as ruas estavam desertas,
Eu precisava ver com meus próprios olhos.

Nunca pensei que fosse ver esse lugar
Despido de vozes, músicas, sons de veículos passando a toda velocidade.
Passando um fim de semana sem festa,
Sem futebol nas quadras ou no campo,
Sem o jardim cheio de gente,
Sei lá…
Sem vida.

Refaço meus passos,
De volta para casa,
Tentando entender o que está acontecendo,
E por que está acontecendo.

Cruzo com alguém,
Uma alma solitária
Que passa rapidamente,
Não me dá nem um bom dia,
Com certeza não queria estar fora de casa.

Dou uma última olhada na rua
E entro em casa.
O silêncio da rua me persegue,
Não nos ouvidos que escutam o rádio ligado e meus pais conversando,
Mas em meu coração que não sabe o que sentir
E em minha mente que não sabe o que pensar
Em relação a tudo isso.

E quando deito no sofá
E me ponho a imaginar
Como vai ser quando essa tempestade passar,
Uma ideia me ocorre:
Não,
Não é uma cidade deserta,
É uma cidade adormecida
E quando ela acordar
Será melhor do que algum dia já foi.

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