Rafaella
O sol nascente entrava pela fresta aberta da janela parcialmente coberta pela cortina e batia em meu rosto. Abri os olhos que tiveram contato com a luz do sol e senti minha cabeça latejar. Minha irresponsabilidade havia voltado na noite anterior. Eu não havia ficado bêbada, mas a tempos não bebia como bebi ontem e meu corpo sentiu a diferença.
Passamos a noite em uma conversa descontraída que me fez esquecer de minhas responsabilidades, o que não podia ter acontecido. Gavassi era a única que me fazia aceitar qualquer coisa. Não consigo explicar como ela consegue.
Graças a Deus, me lembro de tudo que aconteceu na noite passada, caso contrário teríamos um problema. Depois de conversarmos e bebermos muito, Gabriela foi embora cambaleando. Tinha tomado vários copos da bebida forte que Maria Júlia trazia sem parar. Esta, saiu acompanhada de Gavassi e devem ter terminado a noite na casa da pequena. Vim sozinha para casa, tarde da noite e me joguei na cama.
Caminhava para a cozinha quando ouvi o celular tocar. A tela iluminada emitia um nome:
Fernanda Saldanha
Peguei o celular em cima da mesinha ao lado de minha cama e atendi.
- Kalimann? - A mulher perguntou.
- Oi Fernanda.
- Eu analisei alguns currículos que recebi e achei minha substituta.
Eu havia esquecido. A Fernanda tem sido meu braço direito nesse primeiro ano, uma espécie de secretária para meu pequeno escritório no centro do Rio, mas ela estava a alguns dias de se casar e iria se mudar com o marido para São Paulo, me deixando sem secretária.
- Ah, claro,
- Vou ligar para ela e ver se consigo que venha aqui hoje.
- Tudo bem. Mas... Eu acordei um pouco indisposta. - Levei a mão à cabeça tentando aliviar a dor. - Vou ficar por aqui hoje e fazer a revisão do caso. Consegue fazer isso sem mim?
- Ow! Tudo bem, sem problemas. Posso conversar com ela sozinha.
- Perfeito. Agora me diga, onde eu vou achar melhor secretária que você? - Pude ouvir a risada dela ao fundo.
- Confie em mim, eu encontrei.
- Eu confio. Ah, não passe o dia inteiro ai sozinha, feche mais cedo hoje.
- Sim senhora.
- Boa viagem e bom casamento.
- Obrigada. E eu sei que você está com aquela cara.
Revirei os olhos.
- Não vamos voltar a esse assunto.
- Você vai se casar Kalimann, eu sei que vai.
- Um dia talvez. Se a mulher certa aparecer e me mostrar que vale a pena.
- Eu acho que não demora.
Neguei e revirei os olhos mais uma vez.
- Até Fernanda.
- Até Kalimann.
Desliguei o celular e o deixei na cama. Voltei a caminhar até a cozinha. Peguei um pacote de pão doce em cima da bancada e apertei o alimento que se encontrava duro. Tirando aquilo eu não teria nada para comer. Batia as unhas na pedra da bancada da cozinha, o que produzia um barulho harmonioso, para raciocinar.
Fui até meu escritório em casa, um pequeno cômodo com enormes estantes repletas de livros, um armário cheio de arquivos e uma grande mesa de uma bonita madeira acompanhada de uma grande poltrona acolchoada onde passava bastante tempo. Me dirigi ao armário de arquivos e abri uma das gavetas pegando alguns papéis. Em cima da mesa peguei minha pasta e meus olhos percorreram a estante a procura de um livro que precisava. Assim que meus olhos o encontraram estiquei os braços para pega-lo. Na cadeira, peguei meu casaco de couro claro e, com tudo em mãos, fui em direção a porta.
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THE LAW
FanfictionBianca Andrade está saindo da faculdade de direito. Uma mulher observadora dos detalhes e forte promessa na advocacia. Ao assistir a um julgamento, recomendado pela universidade, ela acaba conhecendo a renomada advogada Rafaella Kalimann, loira, bon...