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Rafaella
A água caia por meu corpo. Meus olhos fechados me permitiram aproveitar a água quente do chuveiro. Sentia ela percorrer cada centímetro do meu corpo. A fumaça deixando o box e embaçando o espelho. Mas infelizmente eu não poderia passar a vida toda aqui.
Fechei o registro e puxei a toalha do alto do box, colocando-a em meu corpo. Enxuguei minha pele delicadamente e depois a enrolei nos cabelos. Tratei de vestir um short jeans, branco e uma camiseta cinza, que estava larga em mim. Saí do banheiro com as mãos na cabeça, procurando secar os cabelos.
Caminhei até a sala, e na cozinha, avistei Bianca. A morena ainda tinha a toalha branca na cabeça, enquanto tomava, o que julgava ser uma caneca de chocolate quente.
- Eu fiz mais um para você - comentou soprando o líquido na caneca.
- Obrigada - disse me aproximando e sentando ao seu lado na bancada enquanto puxava para meu corpo uma caneca branca.
- Nada melhor do que chocolate quente depois, ou durante a chuva.
Concordei tomando um gole da bebida.
- Mas... Devo acrescentar que tomar isso logo depois de ter saído da neve, em frente uma lareira, com marshmallows, também tem suas maravilhas.
- Unh.. - ela terminava de engolir. Provavelmente a bebida quente machucava sua boca pela cara que fez - e você já fez isso?
- Uma vez. Viajei a Toronto para defender um cliente. Na época haviam previsões para a chegada de uma nevasca na cidade. E ela veio pouco depois que deixei o tribunal vitoriosa. Eu não costumo comemorar meus casos, mas fui convidada. Era uma linda cena de inverno. Gravada em minha mente.
- Imagino. O inverno me é bastante atrativo. Apesar de todo o trabalho que a neve dá, ela torna a paisagem muito mais bonita.
Bianca depositou a caneca na pedra e se levantou. Levou as mãos a cabeça e retirou a toalha. Os cabelos ainda um pouco molhados lhe caíram pelas costas.
Como era linda...
Ver Bianca assim me trazia memórias. O cabelo molhado como se eu tivesse acabado de coloca-la naquele chuveiro de novo, ela ainda bêbada. As lembranças do que havia acontecido. Ou do que teria acontecido.
Senti um aperto no coração. Acho que essas lembranças me faziam pensar no que eu estava escondendo. No fato de eu estar escondendo isso dela. Se eu falasse seria tão mais fácil... Não! Na verdade seria terrível! Eu não sei a reação dela ao perceber que escondi algo do tipo.
Mas talvez eu estivesse preocupada com reações por que não queria perde-la. Isso seria egoísmo meu. Estou completamente errada. Independente das consequências ela devia saber. E é isso que vai acontecer.
Bianca voltava do quarto com os cabelos penteados. Mesmo molhados estavam um pouco ondulados deixando-a naturalmente linda. Ela se sentou do meu lado e pegou a caneca novamente.
- Bianca...
"Hum?" Disse enquanto a boca estava cheia de chocolate.
- Precisamos conversar.
- É algo sobre o julgamento de minha mãe?
- N-não. Na verdade é algo que tem a ver com nós duas e eu tenho que te contar.
- Rafaella... - ela tentou me interromper, mas eu continuei.
- Eu preciso que me escute antes que o consciente mude de ideia.
Bianca ficou um semblante triste e colocou sua mão na minha.
- Rafaella, você não tem que dizer nada.
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THE LAW
أدب الهواةBianca Andrade está saindo da faculdade de direito. Uma mulher observadora dos detalhes e forte promessa na advocacia. Ao assistir a um julgamento, recomendado pela universidade, ela acaba conhecendo a renomada advogada Rafaella Kalimann, loira, bon...