O julgamento/1

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Rafaella

O relógio na parede marcava as três horas. Estava sentada em uma pequena sala no prédio do tribunal. Sarah Hills estava sentada na minha frente e já conversavamos a alguns minutos.

- Preciso que me conte mais sobre o primeiro casamento de sua mãe.

A menina estava sentada, de braços cruzados e cabeça baixa. Andava muito abalada em minha presença. Sentia seu desconforto ao lembrar de tudo que passou. Levantei da cadeira e me sentei na mesa ao seu lado.

- Eu sei que é difícil relembrar tudo isso, mas eu preciso saber com exatidão de tudo para poder te ajudar, está bem?

Definitivamente, bem era a única coisa que ela não estava. Meu emocional era diariamente testado com essa profissão e nunca tinha sido abalada como estava sendo com esse caso. A menina respirou fundo e começou a falar.

- Eu não me lembro muito daquela época. Eu sempre estava sob efeito dos remédios para as alucinações. Mas, meu pai saía cedo para o trabalho e voltava no fim de tarde, até que começou a voltar só tarde da noite e mudou completamente com minha mãe. Alguns meses depois ela descobriu a traição.

Balancei a cabeça em concordância. Era o que eu havia pensado.

- Ótimo, isso pode ser usado a nosso favor.

- Como? - Perguntou.

- Há uma possibilidade de sua mãe estar em um estado de negação. Uma mãe normalmente apoiaria a filha, a não ser que para ela essa união seja imensamente importante.

- Como assim?

- Se sua mãe passou por diversas desilusões fortes, ela pode não acreditar que esteja acontecendo de novo.

A menina estava paralisada. Era de se esperar, com todas essas informações.

- Você fez os exames ou conseguiu um resultado recente como pedi? - Ela balançou a cabeça em concordância. - Ótimo, me entregue os resultados. - Se abaixou para pegar a bolsa ao seu lado no chão, retirar delas alguns papéis e me entregar. - Eu consegui que seu médico viesse. Se necessário ele vai depor hoje. - Um sorriso de alívio surgiu em seu rosto. - Você disse que seu padrasto tem total ciência sobre as alucinações não é?

- Sim.

- Ele vai usar isso contra nós. Mas quando isso acontecer, estaremos prontas. - Disse erguendo os resultados. - Ele não vai mais encostar em você. - Um sorriso torto apareceu brevemente em seu rosto.

Estávamos prontas.

Bianca

Acordei tarde naquele dia. Não tinha nada para fazer já que começaria a trabalhar só amanhã. As meninas pediram no trabalho para sair mais cedo dando como justificativa a faculdade. Almoçamos as quatro juntas em casa e assistimos um filme para passar o tempo.

Agora estávamos no carro. Mari dirigia a caminho do tribunal.

- Acham que ela ganha? - Gizelly Perguntou olhando para mim e Marcela por meio do retrovisor.

- Ela não perdeu um, em um ano na área. Já tiveram casos mais complicados do que este. Vai levar fácil. - Disse inteiramente convencida.

Não demorou muito, estávamos estacionando o carro perto do tribunal. Difícil conseguir uma vaga em meio a um local tão bagunçado. Haviam vários carros da mídia por todos os lados e muitas pessoas ocupando a enorme escadaria.

Subimos a mesma com certa dificuldade e passamos pela enorme porta de vidro adentrando o prédio. Pedimos por informações para chegarmos até o local onde aconteceria o julgamento. Após abrirmos a porta de madeira, entramos no tribunal.

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