Prólogo

75 11 0
                                    

Meus pais estavam muito nervosos ao telefone. Eles estavam a caminho de casa quando meu pai começou a falar sobre a faculdade de relações internacionais, e então fazer concurso para diplomata. Era sempre a mesma conversa "Você não será bem paga seguindo uma carreira tão avulsa." "Você precisa de algo fixo, pode patinar por hobby".

Por mais que por um lado ele estivesse certo, eu não conseguia me ver fazendo outra coisa em meu futuro, além de patinação artística profissional. Minha mãe sempre me defendia, ela sempre me encorajou na patinação. Ela sempre dizia que eu voava enquanto estava no rinque. Dessa vez não foi diferente, eles começaram a discutir de novo, sobre mim, meu futuro, o que era melhor para mim e como isso afetaria eles.

Eles estavam discutindo, gritando um com o outro. Não percebi quando os gritos de argumentos e ódio se transformaram em gritos de terror. Quando tudo aconteceu, eu tinha 14 anos, e me lembro de cada detalhe. Não conseguia desligar o telefone, até que escutei sirenes e pessoas... Pessoas falando muito alto.

Os dias seguintes foram uma confusão de pessoas, choro e palavras de conforto. Mas... meus pais tinham morrido, tinham morrido por minha causa. Tinham morrido pois acredito que me amavam, e queriam o melhor para mim. Tinham morrido pois se amavam, e não concordavam em relação a mim. Por mais que minha relação com meu pai fosse horrível, eu o amava. Então, por ele...por eles, irei deixar a ambição da patinação profissional de lado. Deixarei meu sonho de lado para ser a pessoa que eles queriam que eu fosse. Terei o futuro e o trabalho que eles queriam. Por eles.

E pelo favor que senti e sinto, me afastarei de todos e apagarei o amor da minha vida.

Lâminas da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora