3; O diário Nakahara.

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Encontrei um igual a mim, da forma mais estranha possível. Talvez seja uma doidura minha, mas ele parecia solitário para aparecer no terraço. Minhas primeiras impressões fosse que ele seria só mais um paciente paliativo, mas ele era mais que isso. Ele aparentemente passa por uma pequena fase de aceitação em choque grande, mas será que resta quanto tempo? Espero que seja muito, por mais que eu não seja curioso, estou disposto a conhecer Osamu a fundo.

Essa fora as últimas coisas que Chuuya registrava em seu diário, ele realmente estava disposto a isso? Um antissocial disposto a conhecer uma futura estrela a fundo? Contrariava totalmente seu jeito, mas quem se importa? Foda-se.

O ruivo vestiu seu casaco preto e se envoltou sobre um cachecol vermelho por conta do frio, logo seguindo caminho até seu destino diário, o hospital. Quando chegou ao local cumprimentou as enfermeiras e recepcionistas, já era bem conhecido no local pelo seu histórico de saúde anterior que era péssimo. Subiu até o andar do terraço, parando para comprar dois cafés antes e logo viu o moreno se antes no mesmo lugar que ele mesmo estava a uma semana atrás e reparou que o mesmo estava desenhando algo.

- Se quiser pular acho melhor ser daquele prédio alí, ele é mais alto.- Nakahara riu fraco- E a queda é fatal.

O ruivo iria se aproximar para entregar o café, mas se surpreendeu ao ver a cena a sua frente. Dazai estava chorando.

Chuuya se culpou mentalmente por ter brincado daquela forma, quem sabe o moreno não se jogaria mesmo. Puxou o mesmo dalí em alguns segundos e não perguntou o motivo do mesmo chorar, apenas o sentou no chão e se sentou ao lado dele.

Não era bem um choro, eram apenas algumas lágrimas espontâneas, mas ainda sim é um choro. Dazai desenhava um homem alto, de óculos, com um leve ar de assustador e tinha um rabo de cavalo baixo, era seu irmão. Os dois brigaram muito feio, por um motivo besta. O loiro insistia em pelo menos iniciar o tratamento, mas Dazai não queria, ele iria desaparecer não é mesmo? Prolongar vida é coisa de dramático.

Osamu odiava brigar com seu irmão, pois quando brigavam, ele parecia uma mãe, e fazia questão de esfregar na cara que o sustentou por uma vida toda e disse a frase que deu um gatilho imenso no moreno

"Eu preferiria ter te largado naquela casa nojenta."

Se ele queria larga-lo, por que diabos o criou por uma vida inteira? Era mais fácil ter deixado Dazai apodrecer nas mãos de seus pais e pronto. Simples assim.

Nakahara não questionou, não fez absolutamente nada, apenas observou os traços embaraçosos no papel e reparou que Osamu usava umas bandagens, por quê? Não iria perguntar agora, vai que era um gatilho. Tomou a iniciativa simples de entregar um fone novo ao moreno e colocar One, Sleeping at last em algum aplicativo de música. Nakahara demorou, mas compreendeu. Dazai perdeu seus filtros alí e então o ruivo se deu conta de que o moreno era mais solitário do que parecia.

Um vento forte bateu sobre os ombros de ambos e o cabelo longo de Chuuya batia sobre todo seu rosto, o que o incomodava.

- Sai cabelo.- resmungou tirando alguns fios de seu rosto e então sentiu seus fios serem puxados para trás e quando se deu conta, Dazai estava atrás de si arrumando seus fios. O ruivo não moveu um músculo, apenas deixou-o fazer o que quisesse e no fim, estava de trança. Ele gostou, talvez aquilo ajudasse o moreno de algum jeito.

- Agradeço, fiquei bonito assim.- Sorriu gentilmente.

- Concordo, mas falta um detalhe.- Dazai colocou o chapéu no ruivo novamente dessa vez um pouco diagonal e ficou perfeito.- Agora sim. 

Chuuya sorriu e acariciou levemente os fios do moreno, eram macios e sedosos. Dazai sentiu uma leve esquentada, ele não é acostumado com contato físico assim, ainda mais de alguém desconhecido, mas não se importou, em poucos segundos estava com as costas apoiadas no peitoral do ruivo, apenas aproveitando a brisa.

Mas havia um alerta vermelho.

Quando aproveitaram toda a brisa, o nariz de Dazai começou a sangrar e ele teve uma forte dor de cabeça. Em uma questão de segundos, estava inconsciente nos braços do ruivo, sem saber de nada, a única coisa que recordava era da cena de estar praticamente em seu colo.

𝐑𝐄𝐋𝐈𝐄𝐅 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔- soukoku. Onde histórias criam vida. Descubra agora