𝐑𝐄𝐋𝐈𝐄𝐅 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔- soukoku.

O4; Talvez...

Dazai acabava de abrir seus olhos e seu corpo estava relativamente fraco pelo desmaio de pouco tempo atrás.

— O que houve?- Perguntou tentando absorver e se lembrar do que houve, sua única lembrança era o colo confortável do garoto ruivo com seu cheiro de chocolate.

— Você desmaiou no terraço, e um ruivo te trouxe.- Kunikida disse enquanto limpava seus óculos e tentava disfarçar suas lágrimas— Aliás... Quem era aquele?

Dazai conhecia bem o seu irmão, sabia que ele não mediu consequências e que pedir desculpas não passava pela sua cabeça, ou seja, ele teria que aguentar.

— Um amigo, conheci ele há uns dias.— Falou com receio, pois queria saber onde Chuuya se encontrava nesse momento, sendo que trouxe ele até aqui, ele deveria ter ficado pra vê-lo, certo?

— Você e esses "amigos", juro que se eu tiver um cunhado te arranco o cabelo.- Falou enciumado.

— Mas eu posso ter um né? Vai se fuder.- Falou se levantando com cuidado da cama. — Pareço um capeta, credo to muito feio.

— Você sempre foi.- Kunikida deu risada e Dazai deu um tapinha em seu braço, não tão forte, já que Dazai estava perdendo a força, e isso infelizmente já era perceptível.

O moreno saiu com seu casaco de sempre e as mãos no bolso enquanto ia caminhando lentamente para fora do hospital.

Por um momento o ruivo passou em sua cabeça. Por que ele não ficou lá? Bom, foda- se de qualquer maneira.

Pegou seus fones e ficou ouvindo Dance  baby, boy pablo enquanto andava pelo centro, não iria comprar nada, só iria dar uma volta e olhar as lojas por aí, pelo menos era o que ele achava.

De repente foi atraído pelo cheiro inresistível de mangas, sua fruta favorita, enquanto passava em frente a feira central. Andou até lá, furando fila, foda- se os idosos, ele só quer comer a sua manga.

Pegou umas nove e pagou sem se preocupar. Saiu andando normalmente ouvindo alguns xingamentos sendo murmurados pelas senhoras, mas quem se importa? Ele tem mangas pra comer.

Andou sem rumo por uns 40 minutos até dar de cara na rua da praia, onde ele não resistiu em entrar. Ao chegar lá, observou a maré baixa, se sentando na areia e tirando os sapatos, sentindo a sensação da areia sobre seus pés.

Ouvia Sweet Tooth, cavetown, enquanto comia sua manga tranquilamente, talvez daqui a pouco Kunikida o ligue desesperado pensando que passou mal na rua, mas isso agora vai se tornar uma rotina de qualquer jeito.

Dazai olhava a maré subir atentamente enquanto aproveitava a melodia da música, era bem relaxante, embora sua mente estivesse em outro canto.

E de novo, ele se sentia insatisfeito, se ele morresse hoje? O que teria feito na vida? Tomado banho no escuro? Tocado a campainha do vizinho e saiu correndo? Ele deveria ter aproveitado mais pelo menos.

Terminou a primeira manga, secando o melado na própia boca e então sentiu um chapéu ser colocado na sua cabeça, se assustou por um breve momento,  mas em poucos segundos se lembrou de quem era.

— Como de praxe me pegando desprevinido.- Murmurou enquanto via o ruivo se sentar do seu lado, estava bem vestido como sempre.

— Você que vive distraído.- Falou rindo fraco.- Está melhor?- Chuuya hesitou um pouco, mas colocou uma mão no ombro direito de Osamu para reconforta-lo. Não era seu forte, mas ele sabia bem o quanto era difícil passar por esse tipo de situação e deve estar sendo difícil para o moreno absorver.

Afinal ele está cada dia mais perto...

Dazai demorou um pouco para responder, estava meio perdido em meio a tantas coisas pra pensar e entender. No fim ele apenas fez um pequeno sim com a cabeça.

O ruivo não quis puxar muito assunto, tinha medo de deixar o moreno desconfortável de alguma forma, mas mesmo assim, ele ainda quer ajudar Dazai de algum jeito.

Por um breve momento, Dazai reparou nas própias mãos que estavam pálidas e sendo deformadas pouco a pouco.

O seu maior medo era que o pior começasse por elas... E isso estava acontecendo.

Nakahara reconsiderou seu papo, e então passou uma mão nas coxas de Dazai, na tentativa de reconfortá-lo.

Sua missão era deixar o moreno mais confortável, ele só espera que não seja muito tarde.