Segredos

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Sebastian passava uma noite inteira tentado decifrar novamente os rabiscos, mas não conseguiu entender nada, não restaurava palavra sequer. Não havia pista alguma do que poderia ser o conteúdo da terceira página.

O mordomo pede que seu mestre o auxilie novamente, na tentativa de protegê-lo caso algo ruim acontecesse na sua ausência. Ciel esbraveja, mas aceita passar-se por um carregador novato. Sebastian acalma seu mestre dizendo que assim cobririam uma área de pesquisa maior.

Quando o cargueiro chegou, Ciel e Sebastian estavam prontos para "recebê-lo". Os trabalhadores do navio alegaram terem sido instruídos a fazer todo o serviço sozinhos, mas o mordomo logo os convence, lhes mostrando todo o seu potencial.

Enquanto ele descarregava o navio, Sebastian dava leves tapas nas caixas – fortes o bastante para fazer um pequeníssimo ruído. Os indianos achavam estranho ele querer fazer som com as caixas, e acabavam por se distrair vigiando este. Sebastian, percebendo o que eles estavam fazendo, começava a jogar as caixas para cima – pesadas – e empilhá-las como se empilhasse livros. Todo esse exibicionismo surpreendia os seus vigilantes, que jamais imaginaram que haveria alguém com tamanha força e habilidade.

Enquanto isso, Ciel adentra o cargueiro e procurava por documentos ou mapas, qualquer coisa que pudesse conter informações sobre o conteúdo das caixas e também sobre quem as enviou. Ele invade a sala do comandante e revirava os papéis e diários de bordo.

– Ei, garoto. Aqui não é lugar de carga. O que quer com esses papéis?

O Conde se virava. Havia um indiano de porte grande (Também pode ser lido como "enorme"), com a sua musculatura bem definida e uma adaga presa à cintura. Para o azar de Ciel, ele não parecia muito feliz em ter encontrado ele por ali.

– Então, o que quer com os papéis?

Os olhos de Ciel se arregalavam, lhe corria pelo rosto uma gota de suor. Ele tentava dizer uma única palavra, mas não conseguia. O Conde não tinha argumento algum para se defender.

O homem tirava a adaga da cintura e avançava-se na direção de Ciel. Ele erguia a arma no ar, apontada para o Conde, e descia rapidamente.

– Seu chefe não gostaria de saber que você matou um jovem descarregador de navios somente por sua curiosidade, concorda? – Dizia Sebastian, segurando o pulso do homem.

– Quem você pensa que é para me dizer estas coisas?

– Tem razão – Dizia Sebastian, soltando o pulso dele – Faça o que achar certo. Eu realmente não devo me meter nas suas perturbações mentais, afinal de contas, eu não sofrerei consequência alguma.

O indiano guardou a adaga e saiu enfurecido com alguns papéis na mão. Ciel respira fundo e recupera um pouco da calma que lhe foi roubada.

– Siga-o, Sebastian. Nosso trabalho no cargueiro acabou.

– Entendido.

Sebastian sai no encalço do homem até um canto distante de Londres. Ele bate numa casa de aparência antiga e aguardava bem próximo à porta. Seu rosto demonstrava espanto, receio. O que quer que fosse a tarefa, ao pobre homem não lhe agradava fazer.

Aporta se abriu em uma mísera fresta, por onde os papéis foram passados. O homem "conversou com a porta" por alguns minutos e em seguida saiu com uma expressão mais aliviada. Aparentemente, seu medo era conversar com a pessoa que estava atrás da porta.

– Oh...- Exclamou o mordomo, com um sorriso sádico no rosto. Ele retornava para a mansão com este mesmo sorriso nos lábios.

Seu Mestre lhe aguardava, um tanto impaciente. Sebastian havia se atrasado e não lhe serviria o chá da tarde no horário.

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