Uma vida por cem almas

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May e Ronald corriam pelas ruas de Londres o mais rápido que podiam. O loiro finalmente entendeu porque ela era comparada ao lendário Undertaker. May era veloz, provavelmente tinha o quíntuplo de habilidade que Ronald. O shinigami quase o perdia de vista.

– Quer acabar logo com isso ou não? – Resmungou May, aos berros.

– "Tô" indo!

Aquelas ruas pareciam não ter fim para a pobre shinigami. Quanto mais eles se aproximavam do lugar que ela tanto queria estar, mais parecia estar longe. Que tortura!

Os olhos de May estavam lavados no puro ódio que ela carregava consigo, que aumentava a cada centímetro que deslocava. Só enxergava o que estava à sua frente, focando-se apenas no ponto de chegada. Seja o que fosse que tivesse causado essa fúria, pagaria caro por isso – bem caro.

Ronald tentava alcançá-la, mas não importava a velocidade que ele corria, ela estava em disparada. Os olhos do shinigami estavam arregalados, o ar lhe faltava e sua velocidade somente diminuía por conta da fadiga. Estava tão cansado que já não sabia nem porque seguia May, ele apenas sabia que tinha que fazer isso.

– Pensei que Agatha tinha sido clara quando pediu que você fosse forte. Essa é toda a sua força, Ronald? Quando precisa se mexer, não consegue nem concentrar suas energias no seu objetivo? - Pensava May – Que Ridículo, estou com vergonha por você.

A loira estava se aproximando de uma parte mais pobre de Londres e, por conta disso, de uma casa antiga com a porta deteriorada pelos anos. Ela respirava fundo e colocava-se em frente à porta.

Em silêncio, May ajeitou seus óculos e piscou lentamente, levou a mão direita para trás e puxou sua foice até conseguir segurá-la com as duas mãos. Concentrou-se. E então, bruscamente, a shinigami arrombou a porta e entrou correndo na velha casa.

Dando vantagem à loira, seu alvo estava bem próximo à porta e foi surpreendido pela entrada da mesma. May também se surpreendeu, mas não perdeu o foco e atacou-o sem hesitar em momento algum, desferindo golpes rápidos e precisos em uma intensidade que dificultava milhões de vezes que seu oponente conseguisse desviar.

– Verme, miserável. Conseguiu criar uma bagunça e tanto somente com a sua presença imunda!

– Mas que bagunça? Eu apenas fiz o que me foi mandado, ou você se esqueceu disso?

Ao ouvir aquilo, May atingia o pico de sua velocidade, fazendo vários cortes leves no ser com quem lutava. Irritando-se com o fato do verme maldito continuar vivo e esquivando dos seus ataques, desfere três golpes certeiros com a ponta da foice.

Foi quando Ronald finalmente alcançou sua colega de trabalho. Ele adentrou a casa e deparou-se com aquela cena. Espantado, correu até May e segurou-a, na tentativa de detê-la.

– O que você está fazendo, May?

– Acabando com a raça desse verme imundo!

– May, você enlouqueceu? O que ela te fez?

Nesse momento, o primeiro rolo de Recorde Cinematográfico desenrolou-se de dentro do oponente de May. Ela sorria satisfatoriamente e convidava seu parceiro shinigami a assistí-lo.

Ronald assistia ao Recorde atentamente, arregalando os olhos a medida que a história dele se desenrolava. Em sua cabeça, um outro Recorde Cinematográfico passava, este contendo todas as memórias que Ronald tinha com Agatha, os momentos bons, e os momentos ruins. Imaginar que o ser à sua frente era justamente quem transformou sua garota em um demônio e causou toda a confusão deixava o shinigami enlouquecido. Isso o impediu de ver parte da história do ser que ele passou a odiar.

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