Entre as luas de saturno,
o sol se perdeu em órbitas.
Teve que passar mudo,
para que não os ouvissem na rota.Depois veio Urano.
Que abriu um enorme sorriso
vendo que era tolo, quase humano.Mas as órbitas lhe engoliram
feito gigantes com quais colidiriam.
Aquelas órbitas cobertas por véu,
que circulam como carrosel.Era um circo espacial
cujos leões estavam famintos,
a tenda desabando no canal,
e o espetáculo de Dionísio banhado em absinto.E enfim foi jogado em Netuno,
com a pressão esmagadora dos mares.
Sem guias, sem ar, só aquele momento oportuno.Teve que vagar,
mas Netuno oferecia tudo -
casa, fogo, cavalos e a quem amar.
Outro dia esmagado por aquele mundo.
Sem entender se devia ir ou ficar.O peso estava em seus ombros.
Feito Atlas, teve que se esquivar dos escombros,
do caos de Netuno que o calava.
E aquela dor que queimava como sangue e lava.Teve que se despedir.
Mas agora, longe feito astronauta,
Lembrou das órbitas que tentaram lhe engolir.
"Mas e o ar que falta?"Não foi culpa da pressão de Netuno.
Mas de como não conseguia admitir que não desejava nada
além do conforto daquele mundo.