Alice, somos iguais.
Tenho um oceano de lágrimas,
tem dor, tem perda, tem luto,
E nele vou navegar,
Até o país das maravilhas encontrar.Tenho rimas presas na garganta,
sufocando com sangue e oxigênio.
O vômito saí escuro e turvo,
espalhando feito veneno.E há quem diga que viu o coelho branco!
Que faz os ponteiros levantarem voo.
O tempo é o inferno de todos,
Já que o gralhar é em coro,
E só vejo os ponteiros indo pra lá e pra cá,
Para enfim uma cabeça cortar.Veja o espelho que viaja!
Olho para minhas mãos áridas e não vejo nada.
Há uma névoa cinzenta feito Absolem.
Sem rosto, sem corpo, sem mente.Guardas não estão de prontidão.
Estão com ouvidos e seus olhos grandes,
Mas também não me sentem ali.
Estaria meu corpo alimentando insetos?
Regando à sangue a madeira do chão?Na cozinha, posso comer e ficar enorme.
Posso me engasgar e adoecer com açúcar.
Ou me banhar com gotas e desaparecer.
Assumir o vazio e inexistência.Ou posso esperar na toca do Coelho,
Até que alguém me encontre.