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- E foi assim que eu acabei com um pé quebrado jogando vôlei.

Mirella terminou de contar uma de várias histórias engraçadas que ocorreu com ela no ensino médio. Stéfani chorava de tanto rir.

- Nossa, Mi. - Stéfani foi parando de rir aos

poucos. - Eu nunca iria imaginar que você era

campeã jogando vôlei.

- Atrás desse jaleco tem uma jogadora profissional. - Mirella brincou. - Vai dizer que você não fez nada de louco no médio?

- Uma vez eu coloquei chiclete no cabelo de uma menina. - Mirella arregalou os olhos, com um sorriso no rosto. - Não me olha assim, Mirella.

- Uau, Stéfani Bays. Agora estou surpresa.

- Ela merecia. Era o tipo de pessoa que vivia humilhando os outros, sabe? Acho que ela se pergunta até hoje quem fez isso.

- Você ganha de mim em qualquer coisa que eu tenha feito. - Mi admitiu. - Uma pena que hoje eu não consiga mais jogar vôlei. Jogar foi meio hobbie por um tempo.

- Uai. Por que?

-Já tô perto dos 30, Sté. A idade chega para todos, não é?

- É. Acho que sim.

Sté e Mirella se encaravam.

Mi já disse inúmeras vezes na sua mente o quão Stéfani estava linda. Ela não estava com aquela roupa feia de hospital - e sim, um conjunto de moletom azul claro, muito bonito por sinal, os cabelos estavam amarrados num coque bagunçado.

Ao que parecia, Mirella havia feito bem para Stéfani. Não no sentido físico, mas emocionalmente. Ela está mais alegre, agora sorri pelo cantos e até faz passeio pelo hospital, as vezes apenas para ir na ala das crianças e conversar com elas.

Arrisco em dizer que físicamente também, Sté está mais corada, seus olhos brilham mais vezes. A pele continua pálida, ainda continua fraca, mas se sente tão bem espiritualmente, que isso a completa.

- E como a minha mãe tá indo na sua casa? Agora eu fico alternando entre ter você e ela aqui. De dia é ela, e de noite tenho sua ilustre presença.

- Ela tá se saindo bem. Só fazem duas semanas, ainda tá cedo. Mas Miguel gosta bastante dela, isso você pode ter certeza.

- Quem não gosta da minha mãe? - Stéfani falou brincalhona.- O carisma em pessoa.

- Devo confessar que sim. - Mirella sorriu, conferindo a hora no relógio em seu pulso. - Bom, Srt. Bays, já era pra você estar dormindo. Já passam das duas da manhã.

- Não sou uma criança, enfermeira.

Mirella se levantou da poltrona, ajudando Stéfani a se acomodar na cama.

- Claro que não. Mas vai dormir, sim.

- Sim, senhora.

Sté bateu continência, com um sorriso singelo no rosto.

- Boa noite, srt. Fernandez.

- Boa noite, enfermeira.

Deram um último sorriso uma para outra e Mi saiu do quarto, indo em direção a outros quartos, conversando com outros enfermeiros e atendendo outros pacientes.

Às quatro e meia da manhã, Mirella ainda estava na ativa. E não estava com sono, aquela era a sua rotina. Cansada, talvez. Mi deu uma pausa rápida na sala dos enfermeiros, para tomar um cafézinho. Cumprimentou um ou outro que estava por lá, e sentou-se na cadeira. Quando já estava próximo de ir, Mi escutou seu celular tocar. Lógico, seu coração até errou as batidas. Quem ligaria para ela às quatro da manhã? Ela torceu para não ver o nome "Viviane" na tela, mas pro seu alívio, tinha o nome "Tábata", e sorriu ao atender.

Da vida até a morte || sterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora