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Morgan

Hoje, é meu primeiro dia de aula, mas não uma aula qualquer, começo a estudar com a realeza. Sou uma Filha da Guarda, esse é o nome dado a todos os filhos de capitães da guarda, espiões, tenentes, soldados... Enfim, toda a segurança da família real.

-Já está tudo pronto Morgan? - perguntou meu pai, enquanto pegava minha mochila que estava pendurada num gancho, ao lado da porta.

-Sim, papai; os cadernos estão na mochila junto com o estojo, e a chave do armário está no bolsinho do lado! - eu estava tão empolgada.

-Matt, nossa menininha está crescendo... - disse mamãe, vestida em seu clássico uniforme, de quando sai em missões. Ela era uma espiã, a melhor; conhecida por ter saído em mais de cinquenta missões, e nunca ter sido baleada em nenhuma delas, todas concluídas com sucesso. Essa era Alexa Estelle Aideen.

-Pare com isso Alexa, Morgan será para sempre o meu bebê - disse papai, enquanto colocava a mochila em minhas costas. Estava um pouco pesada, mas eu jamais admitiria isso, com o tempo eu estaria acostumada.

-Papai, eu já tenho dez anos, não preciso que coloque a mochila em mim!

Meus pai soltou uma risada, ouvir o capitão da guarda rindo era inestimável, um homem respeitado por todos, temido por muitos. Ele e minha mãe formavam o casal perfeito. Ele era, naturalmente, um poço de autocobrança e estresse; já ela, a calmaria em meio a tempestade. O equilíbrio era exato, o amor entre eles era como uma bailarina que dança em meio a um tiroteio, e ainda assim não erra um fouetté. Enquanto saiamos de nosso apartamento, perguntei:

-Mamãe, a senhora vai ficar muito tempo longe?

-Não, querida. É só uma missão de rotina, para conferir como estão as outras terras dominadas pelo reino de Harmonai, daqui no máximo dez dias, já estou aqui te enchendo de carinho.

Harmonai. Esse era o nome do nosso jovem reino. Após a Rússia atacar os Estados Unidos, e massacra-los em 1990, um homem surgiu em meio às cinzas, Harnold Braken, o ser humano que conseguiu moldar o nada. Ele ergueu um império, uma nação; Harnold reconstruiu o país. Nova Yorke, Washington, tudo ficou novo em folha. Ele destruiu a república e optou pela monarquia. De onde tirou tanto dinheiro para isso? Ninguém sabe, e aparentemente ninguém se importa.

Enquanto caminhávamos até o elevador, meus pais cumprimentaram alguns colegas de trabalho. Morávamos no prédio Vigia. Dentro do território do castelo, haviam dois prédios para a guarda: Sentinela e Vigia. Eram construções de seis andares, com apartamentos de luxo para todos aqueles que garantiam a segurança do reino. Entramos no elevador e rapidamente chegamos a entrada do prédio. O edifício é rodeado por um jardim, com madressilvas, rosas, margaridas, angélicas, e dezenas de outras espécies de flores que eu jamais saberia o nome. Passamos pelo lago, e após alguns minutos de caminhada, chegamos a escola.

A construção era nova e moderna, esse recente método de ensino propunha disseminar a desigualdade entre a realeza, e nós, meros mortais. Ao meu ver, era só mais uma oportunidade de sofrer bullying nas mãos daqueles babacas reais.

-Então, aqui estamos, está nervosa? - perguntou meu pai.

-Nem um pouco, só não sei se os Filhos Reais vão nos aceitar...

-Querida, eles não tem que aceitar vocês - disse mamãe - isso não depende deles. Aqui é o seu lugar, eles que surtem com isso.

Caramba, eu amava essa mulher.

-Bom... Tenho algumas ordens para dar agora, Morgan. Você vai se sair bem, é minha filha, não tem como falhar em algo!

-Sempre tão humilde não é Matt?! - mamãe falou, bem humorada - Filha, vai dar tudo certo, mas agora a mamãe tem que ir, senão perco o jatinho.

Os dois me abraçaram e me deram vários beijinhos. Bom, lá vou eu!

Pólvora e adagaOnde histórias criam vida. Descubra agora