Capítulo 15

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Eu estava apavorada.

Eu, Melody Schreiber, estava tremendo. Muito. Tentei me lembrar do caminho que havia feito com J.J. e fui seguindo o mapa que ele havia me indicado enquanto nos falávamos pelo telefone, mas ainda me sentia perdida.

E nervosa. Principalmente nervosa.

Quero dizer, e se desse tudo errado? E se a mãe dele não gostasse de mim, ou se achasse que não sou boa o bastante pro filho dela? E se ela também me achasse uma patricinha metida e rica?

O que eu ia falar quando começássemos a conversar? Quais seriam os assuntos? Se a dona... como é mesmo o nome dela? Meu Deus, eu nem consigo lembrar o nome da mãe do meu namorado! E eu tenho uma ficha inteira sobre ela naquela pasta de informações sobre o J.J. Pasta sobre a qual ele nem sonha a existência. Graças a Deus.

Ainda estava tentando me lembrar o nome dela quando achei a rua do J.J. e procurei pelo número 314. Nem precisei me focar muito, pois a fachada da casa estava bem guardada na minha cabeça. Ótimo. Eu sabia qual era a casa, mas não fazia a menor idéia do nome da dona dela. Melody, você está mesmo uma bagunça!

Estacionei o New Beatle logo atrás do carro do J.J. e respirei fundo. Muito fundo. Peguei minha bolsa, a chave do carro e saí. Tranquei-o morrendo de vontade de voltar pra dentro e dar o fora dali. Mas eu já tinha ido muito longe pra voltar atrás, e Melody Schreiber não desiste. Não desistia. Não costumava desistir.

Que droga!

Toquei a campainha antes de me arrepender.

M. O nome dela começa com M. Qual era a droga do nome dela, porcaria?

- Oi, amor! – o J.J. disse, sorrindo de orelha a orelha, ao abrir a porta.

Vê-lo já foi um calmante arrebatador. Sorri também e o abracei. Ele sentiu meu medo e apertou minhas costelas de um jeito confortante. Então me soltou e me convidou a entrar.

Abri a boca pra perguntar o nome da mãe dele, que eu já havia esquecido, mas então ela apareceu. A versão feminina do J.J., com os mesmos ombros largos – embora não fossem fortes, malhados e sensuais – o mesmo tom do cabelo e dos olhos. Só a pele era um pouco mais escura, e os traços muito mais mexicanos. Ela era linda. A idade só era aparente pelas rugas ao lado dos olhos.

- Melody! – ela exclamou, abrindo um sorriso que não era nada parecido com o do J.J. Era o sorriso da pirralha Layla – Que prazer conhecê-la.

Ela se inclinou, me deu um beijo no rosto e um abraço, que eu retribuí. Ainda não fazia a menor idéia do nome dela, então achei que chama-la de senhora talvez fosse o melhor a ser feito, além do mais respeitoso.

- O prazer é todo meu, Sra. Tyler! – eu disse, quando ela me soltou, e abri um sorriso.

O sorriso dela se apagou um pouco, e J.J. deu uma tossida que em geral significa “você não devia ter dito isso”. O que foi que eu disse de errado?

Então ela voltou a sorrir.

- Sra. Jackson, querida. Mariana Jackson. – respondeu.

Então Jackson era mesmo um sobrenome. E Mariana. O único nome que não me ocorreu de todos os nomes com a letra M. Ótimo.

Dei um sorriso disfarçado pro J.J., que deu uma risadinha enquanto sua mãe me levava pra conhecer a casa que eu, em partes, já conhecia. Fiquei surpresa ao ver o quarto do J.J., tão arrumado e diferente do que eu imaginava. Sem pôsteres nas paredes, só a tinta branca e a cama coberta com um lençol verde-oliva. Uma escrivaninha com um computador, um rádio e alguns livros. Nada do que eu esperava.

Dez Coisas - O diário de uma patricinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora