Perdi o ar por alguns segundos e voltei a me concentrar, ou pelo menos tentar, na nossa poção. Separei os ingredientes e fui entregando para ele em ordem. No final, tínhamos uma amortentina perfeita, segundo Slughorn.
- Então a senhorita Bellini não é só bonita, ela é expert em poções também?! – O garoto diz sério me encarando. Senti minhas pernas tremerem ao ouvir seu comentário, mas tentei ignorá-las.
- Eu faço o que posso, Riddle – Respondi dando uma piscadinha convencida para ele, que retribuiu com um sorrisinho.
- Agora, quero que cada um de vocês me digam qual cheiro está sentindo em suas respectivas amortentinas. Começando por você, senhorita Granger. – Professor Slugnhorn diz apontando para a garota.
- Eu sinto cheiro de... feijões mágicos e sapos de chocolate – Hermione diz corando as bochechas. Olhei para Harry que já estava me encarando e rimos. Sabíamos muito bem quem cheirava sapos de chocolate...
- Senhorita Bellini, por favor... – O professor me pediu apontando para a minha poção
- Tem cheiro de... – Hesitei por um momento ao me dar conta do cheiro que estava sentindo.
- Senhorita? – Slughorn chamou minha atenção
- ...cigarro e perfume masculino – Termino de dizer sem nem olhar para os lados.
- Vocês sabem por que cada um sentiu um cheiro diferente? – Slughorn pergunta
- A pessoa sente o cheiro daquilo que mais a atrai – Ouço Mattheo dizendo ao meu lado.
Me arrisquei olhar para ele que, para minha surpresa, me olhava intensamente nos olhos. Sustentei seu olhar por um tempo, abaixei meu olhar para os seus lábios e logo senti minhas bochechas queimarem. Olhei para o chão abaixo dos meus pés e desejei que ele não tivesse percebido minha brecha.- Exato, senhor Riddle. A amortentina é um poção do amor que causa leves paixões e até obsessões em casos mais graves. – O mais velho completa.
A aula termina e o mais rápido possível pego meu material e vou para o meu quarto, torcendo para passar despercebida pelos meus amigos.
Finalmente enxerguei no final do corredor a porta do meu quarto e apressei meus passos para chegar mais rápido. Coloquei minha varinha no meu criado mudo e me joguei na cama. Por Merlin, depois de tanta tensão para um dia só eu precisava me deitar e relaxar um pouco. Acabei pegando no sono e não sei exatamente quanto tempo depois, sinto alguém pulando em cima de mim.
- Sem festa hoje, Pansy. Me deixe dormir. – Digo deduzindo que era ela quem estava lá.
- Você está parecendo minha avó, credo. Preciso te lembrar que você só tem 17 anos e está na flor da idade. – A menina diz ainda em cima de mim. – E eu só vim te chamar para jantar, já está quase na hora.
- Mas já?! Eu acabei de deitar.
- Já faz mais de 1 hora desde que você saiu correndo da aula de poções, então você já dormiu bastante. A propósito, Draco está todo estranho desde o que rolou na aula. – Ela comenta.
- O que aconteceu na aula? – Pergunto curiosa, me levantando um pouco para ver melhor o rosto dela.
- Ta brincando né? Todo mundo percebeu as trocas de olhares com o Riddle. Malfoy deve estar com ciúmes, só pra não perder o costume.
- O que foi que você fumou nesse tempo que eu dormi? Ta viajando, Parkinson. – Eu falo em uma tentativa falha de disfarçar tudo o que rolou, mas Pansy me conhece bem demais.
- Eu não preciso fumar para sacar os FATOS. E convenhamos, ele é um gato! – Minha amiga diz se levantando e dando risada.
Revirei os olhos e me levantei, indo para o banheiro. Tomei um banho rápido e fui me arrumar para o jantar. Usei magia para secar meus cabelos, abri meu guarda-roupa e peguei uma calça jeans rasgada, meu moletom curtinho vinho que deixava uma pequena parte da minha barriga à mostra e meus tênis vans. Passei meu perfume, coloquei meus acessórios e esperei Pansy que logo já saiu do banho.
- Pelo amor de Merlin, fique longe das minhas roupas pretas. Parece que briguei com o gato da Granger. – Pansy diz levantando sua camiseta preta que estava em cima da cama. Meus fios loiros estavam espalhados por toda a peça de roupa por conta da minha secagem. Ri da cara dela e esperei que se vestisse.
Descemos para o grande salão e me sentei ao lado de Draco, que nem sequer olhou pra mim durante todo o jantar. Notei que ele comeu rápido e levantou da mesa antes que todo mundo, nem raciocinei direito e quando vi já estava em pé correndo atrás dele.
- Ei, da pra me contar o que está acontecendo? – Falei alto no meio do corredor do castelo já fora do grande salão. Ele me ignorou e continuou andando me deixando lá, parada e sozinha. – Para de fugir dos seus problemas, Malfoy. Fala olhando na minha cara, que merda que está acontecendo?
Nesse momento o loiro para no meio do corredor e se vira para mim. Ele caminha na minha direção com uma certa velocidade e grita a centímetros do meu rosto.
- VOCÊ é o meu problema. Eu me importo demais com você e isso me consome, Lyssa.
- Do que você está falando? – Questiono o menino encarando seus olhos quase cinzas.
- Apenas fique longe do Riddle, por favor. Você não o conhece, não sabe das coisas que ele é capaz e se ele te machucar... eu não sei o que faria com ele. – Ele diz cerrando os punhos.
- Você só pode estar brincando. Você mente pra mim o tempo todo e vive falando que é só pra me proteger. Se você se importa comigo como diz, me conta agora, qual outro segredinho sujo do meu pai você está escondendo agora?
Ele fica quieto por um tempo apenas analisando meu rosto, da um beijo na minha testa, se vira e vai embora.
- Covarde. – Falo baixinho apenas para eu ouvir.
Decido ir para a torre de astronomia tentar esfriar a cabeça e organizar os pensamentos. Me debruço no parapeito da torre e fico ali sentindo a brisa fria no meu rosto. Repassei mil vezes minha discussão com o Malfoy na cabeça, eu odiava brigar com ele, mas estava cansada de todas as mentiras. Quando meu pai se aliou à Voldemort ele sabia, sabia de tudo e não me contou. Eu podia estar totalmente fragilizada e quebrada por dentro, mas sempre tinha alguém que achava um jeito de pegar a única parte inteira de mim e terminar de quebrá-la. Malfoy, nesse momento, era esse alguém. Eu estava cansada.
Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali, mas sei que foi suficiente para que o vento frio queimasse minhas bochechas, foi quando resolvi voltar para o quarto. Falei a senha da Sonserina e entrei. Passei pela comunal e fui direto para as escadas que davam para o dormitório feminino, quando fui interrompida pela voz que arrepiava minha espinha inteira.
- Seria uma honra quebrar a cara dele pra você. – O moreno diz sentado na sacada fumando um cigarro.
- Fico lisonjeada, mas pode deixar que eu mesma enfeito aquele rostinho bonito. – Eu respondo caminhando até ele, que solta uma risadinha ao me ouvir.
- Eu não queria ter ouvido, eu só estava saindo do salão e dei de cara com vocês no corredor. – Mattheo diz soltando a fumaça.
- Ta tranquilo, foi só mais um típico show do Malfoy. Não é nenhuma novidade pra ninguém aqui.
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Like I've Never Been Broken - Mattheo Riddle
RomanceExiste uma frase que diz: "A ironia da dor é querer ser consolado por quem te machucou" e, pra ser sincera, achava ridículo pensar que uma pessoa fosse quebrado por alguém e querer que esse mesmo alguém juntasse seus caquinhos. Eu estava errada Lá e...