Confiar

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Os olhos esmeraldas vagavam pelo lugar, analisando cada centímetro. Do chão até o teto.

Era um lugar bonito, um cheiro agradável de flores e até mesmo capaz de trazer um pouco de tranquilidade e conforto, entretanto, para Sakura não era assim.

Para ela, a floricultura que ficava ao lado do castelo, próximo ao jardim imperial, não era um lugar de tranquilidade, mas sim de nostalgia. Ela não conseguia esquecer-se de seus problemas quando estava no local, muito pelo contrário.

Caminhou em passos curtos até uma parte onde algumas flores estavam postas, abaixando-se um pouco e sentindo o aroma perfumado da rosa. Vermelha. Rosas vermelhas eram suas preferidas, desde criança. Ela nunca foi uma garota que apreciasse flores, tinha outras prioridades como manter-se viva, porém, depois de conhecê-lo, seus conceitos mudaram um pouco.

Quando criança, Sakura era pobre, não tinha dinheiro suficiente para comer e nem idade para trabalhar, sua mãe era doente e nunca conheceu o pai. Desde jovem ela lutava com afinco para conseguir arrumar comida e medicações para sua mãe e infelizmente isso incluía roubar. Nunca foi muito dificultoso para ela conseguir roubar comida, morava em uma parte afastada da cidade, uma parte onde não era muito rica. Como seu pai havia as abandonado, levando toda riqueza que elas tinham, Sakura tomou a decisão de fazer de tudo para ajudar sua mãe, que sempre tentou criar a filha da melhor forma possível. Contudo, para uma criança de onze anos de idade não era difícil reconhecê-la após um tempo e isso acabou deixando seus roubos bem mais difíceis. As pessoas já a conhecia e sempre se afastavam quando a via, mas ninguém estava disposto a ajudá-la. Havia sido tempos difíceis para o reino, a Rainha estava doente e o inverno chegando, levando às plantações a dificuldade. Estava faltando comida e ter uma criança roubando sua comida não era muito que as pessoas queriam.

Um dia em especial, ela acabou sendo pega por um vendedor na feira antes do inverno, lembrava-se da dor dos tapas que recebeu e dos olhares de reprovações que as pessoas ao redor lhe davam. Estava pronta para pagar pelo que havia roubado, ouvia o sermão irritado do homem em silêncio apenas chorando baixinho enquanto a dor não passava, mas não era apenas isso que lembrava.

Lembrava-se de a briga parar por causa dele, que defendendo Sakura, pagou pelo que ela havia roubado. Foi a primeira vez que ela ganhou ajuda, que sentiu seu coração bater forte e o viu. Lembrava-se exatamente de não conseguir desviar o olhar os olhos amendoados e de corar envergonhada com as palavras de ajuda dele.

Suspirou pesadamente com a lembrança, olhando para a rosa em suas mãos. Depois daquele dia havia adquirido uma estranha vontade de observá-lo, segui-lo e encontrar-se apaixonada. Podia ser apenas uma paixão de criança, mas descartava a ideia por ainda ter sentimentos por ele, mesmo depois da traição.

Sasori havia sido seu salvador, havia lhe ajudado quando ninguém o fez, virou seu primeiro amigo. Graças a ele, Sakura estava em sua posição atual, pois ela podia dizer que foi graças a Sasori que ela conheceu Naruto.

Ninguém sabia sobre sua paixão, achava bobagem uma garotinha ter chances com alguém como ele, um adolescente, quase um homem. Mas isso não havia os impedido de virarem os confidentes um do outro, sempre conversando sobre seus segredos e pedindo conselhos, Sakura era uma garota muito inteligente para sua idade, Sasori sempre estava repetindo isso. Foi para ela que ele disse que estava apaixonado por outra pessoa, que lhe disse que a pessoa em questão vivia no reino inimigo. Foi para Sakura, que Sasori deu adeus antes de partir e trair seu reino, para ficar com outra pessoa e quebrando o coração da Haruno.

Apertou um pouco os punhos com as lembranças, abrindo a palma e vendo as pétalas caindo no chão. Ela costumava vir aqui com ele, olhar as flores. O Akasuna entendia de plantas, das mais bonitas, as com o melhor perfume e até mesmo as medicinais. Ele dizia que sua falecida mãe havia o ensinado sobre flores e acabou ensinando para Sakura, alguns anos após. Contudo, ela percebeu que nenhuma flor era capaz de curar um coração partido então ela conviveu com a dor por anos, pensando em seu amado enquanto ele estava nos braços de outra pessoa.

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