Amor eterno {trecho Dois}

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Ela sorri, e me deixa passar pela porta antes dela. Entro, e logo Bob vem em minha direção, abanando o rabo.
-- Bom garoto. -- digo, fazendo cafuné em sua cabeça.
-- Esse aí faz amizade com todo mundo. -- Jude ri, e sigo-a com meu olhar.
Jude pára.
-- Fica à vontade. -- diz, e segue até a cozinha americana.
Assinto, e sento-me no sofá verde musgo de sua sala de estar. Estou nervoso como da primeira vez em que fizemos amor.
-- Café, rs... -- diz, erguendo a caneca do balcão onde está.
Vejo-a colocar a caneca em cima da mesa de centro, à minha frente, e voltar para a cozinha. Então, ela derrama chá em sua xícara. Logo ela está ao meu lado, soprando o vapor de sua bebida quente.
-- Sabe, eu sei que pode ser estranho dizer isso... mas não quero conversar com você como se não te conhecesse. -- ela diz, sem olhar para mim.
Engulo, em seco.
-- Eu entendo como é. Também não quero fingir que é a primeira vez.
Jude me fuzila com seus olhos azuis. Sinto aquele fogo de novo, e desvio o olhar.
-- O seu pai... Como vai? -- falo, neutralizando meus últimos pensamentos.
Jude toma um gole de chá, antes de me responder.
-- Papai faleceu, David. Há dois anos. Acidente de carro. -- diz, e percebo a tristeza em sua voz.
-- Oh. Eu sinto muito. -- falo, e sou sincero quando digo isso.
-- Talvez você não o entenda e até hoje, o odeie. Mas ele era um bom homem. -- sorri, e agora são seus olhos a estarem tristes.
-- Nunca o odiei, Jude. -- falo isso, e ela respira fundo.
Jude sorri, e coloca uma fina mecha de cabelo atrás da orelha.
-- Bom, mas chega de falar de coisas tristes. Fala de você, sobre o que fez da vida nesse meio tempo...
-- Certo. Formado em Matemática, pela Universidade de Northwestern. Dono da Contab D.A. -- me gabo.
Jude ri.
-- Matemática, rs... Bem a sua cara mesmo. -- desdenha, mas não me importo.
-- Qual é? Matemática é vida. -- brinco e ela quase engasga com o chá.
Rimos juntos.
-- E você? -- pergunto, e bebo um pouco mais de café.
-- Bancária. -- fala, apontando a roupa social que usa. -- Cursando Artes Cênicas na faculdade de Vermont.
Ergo uma sobrancelha, completamente encantado.
-- Com toda certeza, será a mais linda de todas as atrizes. -- deixo escapar.
Jude ruboriza, e então percebo a gafe.
-- Oh, me desculpe...
-- Não, tudo bem.
Nos olhamos intensamente por um longo tempo. Ela não pode ser casada, pode? Estamos flertando.
-- E você... tem alguém? -- pergunta, me fuzilando com aqueles olhos.
-- Não. A melhor eu deixei escapar.
Jude sorri, envergonhada. Percebo como ela não mudou nada desde a última vez em que a vi, e como sua beleza apenas foi realçada com o tempo. 
Já é uma mulher. E como eu a amo.
Penso sobre tudo isso, e então me preparo para fazer a pergunta derradeira.

Nosso Amor Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora