III

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- Você levou uma pancada bem feia.

Lyra choramingou com a dor latejante que vinha do lado direito de seu rosto, ainda sem conseguir abrir os olhos. Ela tentou levar uma das mãos à cabeça quando percebeu que elas estavam presas à cama por grilhões.

- Está tudo bem, Lyra! Não se mexa ou a dor será pior.

Lyra se afastou em um arranco das mãos que tocavam a região de sua cabeça de onde vinha a dor e forçou os olhos a se abrirem, sentindo uma tontura horrível que quase a fez vomitar.

 - Q-Quem... é você? - Lyra disse, com os olhos ainda estreitos pelo incômodo da luminosidade que vinha de uma janela minúscula e alta no quarto em que estava. Tentou outra vez tocar sua testa e sentiu as algemas, voltando os olhos para o homem que estava a sua frente segurando curativos e unguentos.

- Sou eu Lyra, Lucien! Já nos encontramos algumas vezes na Corte Diurna.

Lyra? Lucien? Corte Diurna? O que? ... Do que esse macho está falando?

Ela estava fraca e com dor, muita dor.

Lyra tentou se levantar e o homem à sua frente a conteve o que a fez se encolher, Lyra não soube dizer se foi por medo ou pela dor que sentiu em suas asas. Ela voltou a se deitar sentindo um enjoo terrível só pela tentativa de se mover.

 - Me desculpe, Senhor...Lucien, mas acredito que deve ter me confundido com outra pessoa, portanto peço que solte minhas mãos e deixe-me ir.

- Está tudo bem, prometo que não irei machucá-la. Estou apenas cuidando de seus ferimentos para que fique bem.

- A-Agradeço muito pela hospitalidade, Senhor. Mas já me sinto melhor, se puder me ajudar a levantar logo seguirei meu caminho. 

O homem à sua frente pareceu se empertigar um pouco.

 - Hospitalidade? Lyra não posso deixar que você vá.

- Meu nome não é Lyra, porque fica me chamando assim? E porque não pode me deixar ir? - O macho à sua frente a encarou com olhos alarmados, passando as mãos pelos cabelos vermelhos cortados rente a cabeça. Aqueles olhos... - Ele interrompeu seus pensamentos. 

- Esse é sim seu nome, Lyra Gilliard e não posso deixá-la ir porque a Senhorita é prisioneira da Corte Primaveril. Não se lembra?... Não se lembra do que aconteceu? 

Prisioneira? Lyra Gilliard? Não..não ela não é essa pessoa? Ela é... ela é... - Lyra começou a sentir o ar fugir dos pulmões e o todo o corpo suar frio como se ela estivesse se afogando.  

- Não! - Ela disse arfando - O Senhor está enganado. - Lyra começou a se levantar, ainda sem conseguir respirar, gemendo de dor em suas asas, sua cabeça e por cada um de seus membros. Sentiu a visão ficando cada vez mais turva e a última coisa que viu foram aqueles olhos âmbar, um diferente do outro, a encarando com terrível preocupação.  

Corte de Feixes e SifõesOnde histórias criam vida. Descubra agora